domingo, 19 de julho de 2015

Mundo Atual

Ninguém conhece ninguém
Nem homem conhece mulher
Nem mulher homem conhece
Não estamos nas melhores eras.

Se a juventude soubesse
O que a maturidade oferece
Não teria tanta pressa
De virar gente depressa.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Fim do desejo de fumar

Graças ao copo de vinho
Passou a vontade de fumar
Acendi um cigarro de palha
Senti vontade de vomitar.

Estava tomando um vinho
Esperando a hora de deitar
Ai o gosto do fumo
Me fez o estômago virar.

Joguei fora o único exemplar
E não pretendo nenhum comprar
Em respeito a meu pulmão
Vou outra coisa inventar.

Com certeza essa decisão
Foi a melhor solução
Parar de pensar em bobagem
E procurar uma boa viagem.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Conversa de Bar

Gente, se o bar tivesse pernas
E andasse por aí a contar tudo que sabe
O que ouve daqui e dali
Nem um confessionário poderia
Com ele competir.

São tantos causos, casos de amor
Traições, desamor, valores desconsiderados
Tudo passa pelo ouvido
Do garçom pobre coitado.

Tudo passa pelo seu crivo
Vira psicólogo e amigo
No meio de tanto palavriado
Muitas vezes fica perdido.

Nada parece normal
Fala-se do ovo ao povo
E amanhã na mesma hora
Começa tudo de novo.


Kátia Bicalho - 26/06/2015


sábado, 18 de julho de 2015

Filhos

Melhor sempre tê-los
Pois são dos joelhos os artelhos
Quanto trabalho nos dão
Mas quanta alegria e gratidão.

Todos os sacrifícios feitos por eles
Jamais os mesmos imaginarão
Pois por mais que lutemos na lida
Maior sempre será a compensação.

A saudade quando estão ausentes
Não saem da nossa mente
Não tem como deixar de pensar
No presente que Deus nos deu para criar.

Apesar do amor não ser imortal
E a vida um tanto quanto imoral
Para o mundo lançamos os filhos
Que sozinhos construirão seus trilhos.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Se eu pudesse mudar

Se eu pudesse pedir a Deus
Uma mudança em minha vida
Só uma coisa mudaria
Nas minhas vindas e idas.

Pediria ao altíssimo
Que trocasse minha corda vocal
E com voz de cotovia
Cantaria mais que cantor de coral.

Soltaria minha garganta
Com muito ou pouco espaço
Na igreja, na rua , no bar, na lua
Ou numa fábrica de aço.

Com minha voz melodiosa
Encantaria mundos e fundos
E encantaria a todos viventes
Trabalhadores e também vagabundos.

Cantaria a Ave Maria
Ao cair da tardinha serena
E na procissão da Semana Santa
Seria aquela voz da Madalena.

Já tive uma voz até razoável
Cantei muito por aí
Mas agora tempos idos
Não consigo um agudo grunhir.

Kátia Bicalho - 14/06/2015



Noite e Dia

Como mudei meu modo de ser
Adorava a noite, seguia a lua
Hoje nem vejo o céu e nem sei
Se ela está vestida ou nua.

Acordo muito cedo e passo o dia feliz
Fazendo o que sempre fiz
A noite me recolho no ninho
E durmo como um passarinho.

Não me importo com a vida noturna
Nem mesmo com a vida diurna
Só quero ver o por do sol
Lindo como ele só.

Sou noveleira, “globeleza”
Canal aberto e controle na mão
Jornal local e nacional
Noticiário do mundo em geral.

Com o copo de vinho me contento
Dizem que é bom para o coração
Sonho com o galã das nove
Durmo sem ele e acordo em vão.


Kátia Bicalho – 26/06/2015

Carência do Poeta

O poeta precisa da música e do violão,
Do descanso e da fadiga, do beijo na boca e na mão.

O poeta precisa de amor mal resolvido,
De viver nova paixão, de não ser nunca entendido.

O poeta precisa morrer a cada dia,
De rir de si próprio, de ter sua história perdida.

O poeta precisa de suar todo seu corpo,
De travar a sua língua, de nunca encontrar seu porto.

O poeta precisa do brilho do sol e da lua,
De gente falando baixo mas, do povo gritando na rua.

O poeta precisa de torpor em sua mente,
De não saber definir se é dor ou amor o que sente.



Kátia Bicalho - 21/03/2015
Poema selecionado para compor a agenda CRO 2016.