Ouvir um grito de quem não gritou
É como ranger de portas onde óleo não passou.
Não se sabe quando inicia nem quando termina
Mas apenas se sente surdo barulho, enlouquecedor.
Não é como o motor que estourou,
Nem como o calor que o gelo eliminou,
Nem como a pressão do corpo cuja mente esgotou
Ou como o espinho da rosa que a um dedo furou.
É como um peso morto sobre olhos que caem,
Como o lobo que a um cordeiro devorou.
O grito que do âmago não saiu
Implodiu em dor que ao mundo atingiu.
Kátia Bicalho – 18/07/2016