domingo, 11 de setembro de 2016

Grito dos Emudecidos

Ouvir um grito de quem não gritou
É como ranger de portas onde óleo não passou.
Não se sabe quando inicia nem quando termina
Mas apenas se sente surdo barulho, enlouquecedor.

Não é como o motor que estourou,
Nem como o calor que o gelo eliminou,
Nem como a pressão do corpo cuja mente esgotou
Ou como o espinho da rosa que  a um dedo furou.

É como um peso morto sobre olhos que caem,
Como o lobo que a um cordeiro devorou.
O grito que do âmago não saiu
Implodiu em dor que ao mundo atingiu.


Kátia Bicalho – 18/07/2016



Do Ponto Onde Estou

Do ponto de partida
Até a porta de saída
Vê-se um pouco da linha
Que não terminou a bainha.

O olhar que nunca encara
O mundo que em outro não se encaixou.
Do buraco que fica no estômago
Do alimento que não chegou.



Kátia Bicalho – 19/06/2016

Pouco a Pouco

Pouco a pouco a alegria retorna
O sorriso se esboça no canto da boca.
Uma vontade de fazer algo diferente
E também comer coisa fria e quente.

Fazer planos, novos amigos,
Conhecer pessoas.
Mudar um pouco o mundo
Alterar a informação da rotina.

Ler, ouvir música, ver tv,
Caminhar, desenhar, colorir.
Escrever novos poemas e os publicar
Verificar os comentários em rede social.

Sair, pesquisar, nada comprar.
Olhar a crise do país com austeridade
No entanto, procurar em qualquer deserto,
Um oásis para pousar mas, que não seja miragem.

Kátia Bicalho – 19/06/2016


Cachola

Credo nessa cachola
Pensa muito sem parar
E não tem como tirar
Todo pensamento de lá.

Se fosse coisa boa
Acho que minha cara iria mudar
Mas, essa cabeça de “girico”,
Teima em um futuro desenhar.

Vou furar um buraquinho nessa caixa dura
Para de lá o pensamento voar,
Sair para tomar fôlego
E voltar sabendo que tem mais vida para olhar.


Kátia Bicalho – 20/07/2016

Ponte das Passagens

Imagina uma ponte
Onde passam muitas pessoas
Cada uma leva um fardo
Que do outro lado se transforma em sonhos.

Pode se transformar no que você quiser
Só que, em contrapartida,
Terá que pegar um fardo de alguém,
Voltar pela ponte, e transformar o fardo em problema resolvido.

Assim teríamos fardos e mais fardos do outro lado,
Sonhos e mais sonhos no lado da volta,
E na ponte da realidade, os
Problemas sendo solucionados.

Seria um corre corre
Para trocar fardo por sonhos
Mas, na casa da realidade,
Meia dúzia de gatos pingados.


Kátia Bicalho – 26/07/2016

Carga Leve

Toda carga pode ser leve
Se for vista de outro ângulo:
De cima para baixo,
De baixo para cima.

Depende de onde você se pendurar:
No galho da árvore,
No tapete da sala,
No friso da cortina.

Pense aberto e voe alto
Como o girassol a procura do sol.
Como um artista,
Viva vários personagens.

Leveza, retidão, coragem
Viço, alegria, reflexão
Defeitos todos têm.
Virtudes estarão sempre além.


Kátia Bicalho – 01/08/2016

Sonho Novo

Que sonho esquesito
Que sentimento estranho e bom.
Me vi amando alguém que não me merecia
Mas que de alguma forma me seduzia.

Sonho bom, real, envolvente
Acordei com pensamento diferente
Abri meu mundo para a possibilidade
E quem sabe sentir essa emoção de verdade.

Ainda não se realizou
Mas é nisso que meu pensamento focou.
Se a humanidade conspira sempre a favor
Não é um samba, mas, é com esse que eu vou.


Kátia Bicalho – 01/08/2016