quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Meu Sentimento Hoje


Meu sentimento hoje
É que vivi
Meu sentimento hoje
É que cantei
Meu sentimento hoje
É que caminhei
Meu sentimento hoje
É que fui feliz
Meu sentimento hoje
E que não estacionei lá
Meu sentimento hoje
É que tudo já vi 
Meu sentimento hoje
É que preciso renovar
Pois ainda não morri
Meu sentimento hoje
É que preciso sair daqui.

Kátia Bicalho – 31/12/2018

Não Espere


Nunca
Não tenha expectativa
Com nada e com ninguém

Não espere o ônibus
Caminhe.
Faça seu trajeto
Deixe que seus pés sigam reto.

Não espere o pedido
Dê antes, ofereça
A água, o suco o pão
Tenha compaixão.

Não espere a luz apagar
Olhe nos olhos, e diga que ama
Acenda a vela e diga
Amém!

Faça antes
Veja antes
Sinta antes
Seja antes!

Kátia Bicalho – 31/12/2018/

Fada ou Naja


Gente, gente,
Quem me deu a mão, não sei decifrar
Se foi uma fada ou uma serpente.

Quem deu a palavra final
E bateu o martelo com força sobre a mesa
Foi a Sininho ou a Naja nojenta?

A resposta a esta pergunta
Definirá toda uma história
Ou o futuro abrirá a porta do inferno ou te exaltará para a glória.

O bem e o mal
Na eterna guerra fria, na infinita disputa
Transforma homens em bichos, damas em putas.

A boca do lobo da estrada
Fica com toda sujeira agarrada
O fogo destrói e a água arrasta.

Na memória a água que não penetrou
Bateu e espirrou
O fio duro e impenetrável que a um dedo furou.

Em cima do muro
Não adianta dar murro
Melhor pular, sem pensar, no cão a ladrar.

Kátia Bicalho 30/11/2018

O que fazer?


Nada
É o melhor a fazer
Quando as emoções estão em alta.

Nada
É o melhor a fazer
Quando o corpo clama por descanso.

Nada
É o melhor a fazer
Quando o filho teima em culpar a mãe por tudo.

Nada,
É o melhor a fazer
Quando o ego inflama e a espiritualidade se acanha.

Nada,
É o melhor a fazer
Quando Deus te dá o que você precisa e não o que você quer.

Nada
É o melhor a fazer
Quando, em águas límpidas, sentir o aconchego do útero materno.

Kátia Bicalho – 31/12/2019

Outro Hoje


Programei um dia
Para ficar de molho
Roupa usada de malha fria
Chinelo, cabelo preso sem vasilha na pia.

Dia de ficar em casa
Fazer arte, tirar um cochilo
Passear? Só com o cãozinho
Ir ali rapidinho e voltar.

Nada esperava, nada queria
Suportava o calor com alegria
E não é que o meu velho celular
Resolveu com o meu sossego acabar!

Um barulhinho comum, tututuuutu
Mas fui logo olhar
E me espantei quando vi
O passado a me procurar.

Tudo que eu não queria
Era sentimento de amor ou dor acordar
Logo vieram o medo, a insegurança de não agradar
E vontade de roupa nova já comprar.

Kátia Bicalho – 30/11/2018