segunda-feira, 29 de abril de 2019

Opcional


Foi minha opção
Minha e da Gamôra também
Como levar a bichinha de carona
Fedorenta, digo, com cheiro de cachorro molhado.

A estrada, interditada, fez a escolha por mim.
Agora até que eu me sinto bem.
Vou me preparar como se fosse uma rainha
Meu ano novo vai começar e olha como será.

Com vela vermelha, branca
“Colorfull”, azul, verde e amarela.
Tem vela com pavio torto
E vela de valor improvável.

Tem espumante italiano
Queijo curtido no vinho, na pimenta
Pão de queijo e carne de panela,
Já que não pode comer carne de animal que cisca.

A felicidade é grande, me dói só o braço
Eu e eu, eu e a cachorrinha
Que não apareceu
Passou o ano sozinha.

Folgo em saber que estamos por aí,
Todas as pessoas,
Todos parentes,
Brindando o dia novo, todos contentes. 
 Kátia Bicalho – 01/01/2019

O Elo


Que elo?
Não sei.
São tantos elos.

Qual elo
Quem o criou?
Não sei
Cada um tem o elo que merece!

Qual quero?
Não sei.
Nem sei se gosto de elo ou mesmo,
Se foi criado para mim.

Pego ou não o elo?
Não sei.
Pego o elo.
E se for um chinelo?

Kátia Bicalho – 31/12/2018

Irmandade


Irmão sol
Irmão mar
Irmã onda
Que vem me abraçar.

Parece uma criança
Pois vai e vem sem parar
Abraça novamente
E corre ligeirinho para o mar.

Irmã areia
Que limpa meus pés
Deixa-os fininhos,
Para sobre ela pisar.

Rocha irmã
Deitada eternamente
Como casco de tartaruga
Suporta o peso de muita gente.

Vento irmão ou
Brisa irmã
Que a todos refresca
Traz e leva doses grandes de alegria.

Chuva irmã
Que vem de nuvens pesadas
Cai leve e mansa
Deixa o mar em abundância.

Seres humanos
Seres irmãos?
São os que menos se reconhecem
Em meio à multidão.

Kátia Bicalho – 18/10/2018

Descoberta


Veja o que descobri
Que ninguém poderá viver a vida que vivi.

Ninguém pode ser quem sou,
Quem fui e quem serei.
Ninguém pode ter os meus sonhos que sonhei
E nem os que ainda não realizei.

Tudo é meu
O que cada momento representou
Cada pensamento e por onde voou
Cada ilusão que em realidade se configurou.

Todo sentimento, toda cicatriz
Só pertence a mim
Ninguém pode tomar o vinho que bebi
Nos eternos momentos que inventei.

Kátia Bicalho – 31/12/2018

De Dentro Para Fora


De dentro para fora
Temos vísceras, membranas
Músculos, ossos
Veias e artérias de onde o sangue se esparrama.

De dentro para fora
Liberamos gases para cima e para baixo
Também excrementos, líquidos
Por orifícios, poros e outros buracos.

De dentro para fora saem palavras,
Canções, orações, citações
Saem sentimentos, confusões e entendimento.
Sai gás carbono e entra oxigênio.

De fora para dentro
Veem os estímulos, captados pelos órgãos dos sentidos
Que agem, reagem, interagem
E ninguém sabe o que vai sair, de dentro para fora.

Do que vem de fora
Pouco podemos controlar
Já o que vem de dentro
Sua vida controlará.

Kátia Bicalho – 01/01/2019