Como será minha cara?
Gostaria de me ver
Quando vejo os outros
E só os outros podem me ver.
Cara, bocas e caretas
Riso frouxo, sorriso, queixo caído
Cabelo assanhado ou
Laço amarrado do lado errado.
Como é minha voz
Para o ouvido alheio?
Soa como música clássica
Ou como uma britadeira básica?
Será que olho no olho ou na testa,
E quando rio, quantos pés de galinha crio?
Não sei se falo baixo, alto ou urro
Se sou microfone ou sussurro.
Queria ter um espelho ou ser um espelho
Que me mostrasse a outra face
Mas que nunca me apontasse
Que preciso fazer a dieta do alface.
Kátia Bicalho – 14/05/2019