sábado, 15 de janeiro de 2022

Bafão

Eita! Quando menos se espera

Surge um clima, climão

Imprevisível, inexplicável

Perigoso, olha o bafão!

 

Não quero nem saber

Quem pôs asa na barata

Vi, olhei, notei, olho arregalei

Papel atirei, mas calada fiquei.

 

Eu heim Rosa! Tô fora!

Confusão, discussão, BO,

Nessa não entro não

Faço cara de paisagem e dou aquele sorrisão.

 

O mundo gira, a vida é cíclica

Histórias se repetem

Amores se conhecem

Desamores acontecem.

 

Minha moldura é quadrada

Tem vidro na frente

Por isso mesmo prefiro calar

Pra ninguém pedra me atirar.

 

Kátia Bicalho – 02/11/2021

Morada Eterna

Vivemos os humanos

Em torno de no máximo 110 anos

De bebês a velhinhos

Com muitos tropeços pelo caminho.

 

Difícil chegar a ser centenário

Com ou sem saúde

Vai cansando, perdendo virtude

Imagina se fôssemos eternos!

 

Quanta rabugice!

Implicâncias, manias,

Quem cuidaria de quem?

Quem herdaria o que de quem?

 

Por isso a vida é finita

E além disso é bonita e é bonita

No intervalo entre nascer e morrer

Feliz de quem aprende a se conhecer.

 

Kátia Bicalho – 02/11/2021

Dia Comprido

Oba vem aí feriado!

Que bom!

Ih, mas é dia de finados!

Fazer oração, sem canção.

 

Sem viagem, sem estrada

Sem trânsito, nem fila.

Quem podia ir foi,

Quem não foi ficou.

 

O dia em si continuou

Arrastado, vagaroso, preguiçoso

Meio semelhante a um finado

No seu último suspiro.

 

O comerciante abriu a porta.

_ “Ué, pensei que o senhor não abria no feriado!”

_ “Não aguentei doutora, o dia tá muito comprido.”

 

Netflix, pipoca, jogo de futebol

Soneca, cochilo, meditação

Passeio com o cão

Chuva, nuvem, sol rachando.

 

Tudo acima no mesmo dia

E ainda sobrou hora

Que estranho!

O que será que os finados diriam disso?

 

Kátia Bicalho – 02/11/2021

Judite

Quite,

Que ite Judite

Sempre idosa Judite

Feia idosa Judite

Bondosa sempre idosa Judite

Meio cara de bruxa a bondosa, sempre idosa Judite.

Nasceu assim?

Quite

Que ite

Relembro do sorriso da Judite!

 

 

Kátia Bicalho - 02/11/2021

Tamborilar

Tocar tambor, dançar

Voz forte ouvir, arrepiar

Tentar imitar.

Som de Congado,

Sonho de infância: participar.

 

Cadência de quatro tempos

Tão simples: um, dois, três, quatro

Força no um, dois, força no três, quatro

O corpo acompanha, é ritmo de coração.

 

O tambor responde à pergunta

E agora José? A festa acabou?

Não, só está começando serra abaixo

Ou serra acima vamos tamborilando.

 

Conversando com o instrumento

Diálogo, interlocução, conversa franca,

Amorosa e respeitosa.

No fundo somos todos tambores.

 

Kátia Bicalho – 16/11/2021