terça-feira, 8 de setembro de 2015

Meu Avental

Não é o traje preferido
Mas é de uso diário
Na cintura é amarrado
E só à noitinha é pendurado.

Comprado em Paris
Nas quebradas do Louvre
Lugar parecido com o “Shopping Oi”
Só que o preço em euro foi.

Passo com ele toda semana
Até me esqueço de tirar
Às vezes durmo com essa beca
Esse avental não vai aguentar.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Um dia sem voz

Um dia sem nada falar
Sem saber a cor da voz
Se é rouca, aguda ou grave
Se ainda está na garganta.

Um dia sem expor os pensamentos
Muito menos os sentimentos
Um dia sem nenhuma interação
Um dia vivido em vão.

Um dia sem ouvir também
Voz de nada, de ninguém
Um dia mudo e surdo
Um dia para se viver o absurdo.

Um dia vago e quente
Dia seco e silencioso
Sedento de água e som
Céu claro de uma intensa calmaria.

Esse dia vai passar como os outros
Vai escrever seu momento na história
Vai escurecer e depois amanhecer
Mas esse será outro dia.


Kátia Bicalho – 16/08/2015

Couraça

Casca grossa
Casca dura
Casca de laranja
Casco de tartaruga.

Casco de tatu
Corcova de camelo
Espinha do dinossauro
Nada de couro de coelho.

Quanto mais dura melhor
Quanto mais espinhenta também.
Para que tanta armadura?
Para espantar o que não lhe convém.

“A barata diz que tem,
Um anel de formatura
É mentira da barata.
Ela tem é casca dura
Ha, ha, ha, ha, ha, ha
Ela tem é casca dura!”.

Kátia Bicalho
08/09/2015