domingo, 27 de março de 2016

Voo da Dor

O mais triste e mais lindo momento
Seu voo livre, imponente, viril,
Colorindo de branco e amarelo
Um céu limpo e azul anil.

A beleza de vê-lo de asas abertas
Procurando liberdade e seus iguais
Numa busca insana e inocente
Desconhecendo os perigos reais.

A procura sofrida, regada a lágrimas,
A esperança verde, como a árvore onde espero que você esteja,
Me dá forças para escrever essas linhas
E aguardar o tempo rei seu destino guiar.

Sonho com a volta do pássaro companheiro,
Do pássaro ouvinte,
Do pássaro amigo,
Do meu coraçãozinho de asas.

Volte, venha para o seu cantinho!
As portas da sua casinha continuam abertas.
Quero te ouvir assoviar, gritar, cantar
E todo dia bem cedinho, me despertar.


Kátia Bicalho - 27/03/2016

Soco no Estômago

A sua ausência,
Milimetricamente articulada,
Me bateu como um soco no estômago
E doeu feito morte, e morte de cruz.

O ácido gástrico espalhou-se rapidamente
Por cada átomo meu, e, sem compaixão,
Digeriu, queimou e tudo feriu
Não resguardando nem o ar do pulmão.

Com o corpo e o coração em frangalhos,
Não sei onde encontrei forças
Para buscar um pouco de energia
E raspar da minha retina sua face tatuada.

Com a alma e a esperança em frangalhos,
Retornei pesadamente pelo mesmo caminho
Que semanas antes trilhei tão leve
Como o voo de retorno do pássaro ao seu ninho.

Tudo que parecia início, foi o fim.
As feridas sangraram  e nada conseguiu estancar.
Arderam tanto, doeram tanto, queimaram tanto
Que nem em você consegui mais pensar.

Kátia Bicalho - 27/03/2016