domingo, 22 de janeiro de 2017

Amigos Fiéis

Amigos de copo e de cruz
Risos soltos e fala alta
Copos que brindam sem motivo aparente
Conversa fiada que arrasta a gente.

Certezas, incertezas, achismo
Cada qual com seu convencimento
Papo animado e exaltado
Continua noite adentro.

O assunto preferido é a política
Dou graças por sermos correligionários
Mesmo assim tem muito embate
Que nunca termina em empate.

No outro dia tudo normal
Fora a cabeça que teima em doer.
Banho frio, café forte e quente
Amanhã não vai ser diferente.


Kátia Bicalho – 22/01/2017

Retorno ao Paraíso

Fui e te vi
Lindo, sereno e distante.
Me apaixonaria mil vezes por minuto
Por este rosto de barba feita e cabelo curto.

Fui e te vi
Também tua voz ouvi
Muito pouco
Fala mansa de um homem louco.

Fui e te vi
E no olhar senti  tua agonia.
Poderia te pegar no colo e te ninar
Mas o inverso faria minha pele arrepiar.

Fui e te vi
E todas as minhas células ficaram alucinadas.
E de cada uma virá uma inspiração
Para escrever poemas com declarações apaixonadas.


Kátia Bicalho – 22/01/2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Resgate

Por estar fora de cena
Por não querer acordar
Por escrever de cabeça para baixo
Tive que pensar em outra forma de viver...
Para sobreviver busquei no baú
Aquilo que me fizera bem
E, entre naftalina e mofo,
Encontrei lembranças ruins e boas também.

Vi que é preciso resgatar
As amizades, as brincadeiras, os risos
A vida na natureza, o contato com os bichos
Os amores e a falta de juízo.



Kátia Bicalho – 05/11/2016

De Cabeça para Baixo

Fiz um poema
De cabeça para baixo
Será que terá o tema invertido
Ou, para as letras, não importa o sentido?

Quando li, não entendi
Não tinha verso nem rima
Mas fui manuseando o papel
E os escritos viraram para cima.

As letras foram rodando
E em frases se transformando.
Algumas tive que segurar para não cair
E o sentido da frase não destruir.

No final  deu certo
O que foi rascunhado ficou reto no papel
E foi descrito tudo que se passou  na vida
Do menino que se portava como réu.


Kátia Bicalho – 05/11/2016

Fora de Cena

Os holofotes se acenderam
Os atores ensaiados e preparados
Subiram ao palco
E, naturalmente, encenaram a peça.

Não foi apenas um palco
Foram vários e em lugares diferentes
E, para minha admiração,
Em nenhum eu estava presente.
               
Não fiquei nos bastidores,
Nem na portaria, nem na bilheteria
Nem minha sombra apareceu
E ninguém se surpreendeu.

Os palcos coloridos da vida
Estão em todos os cantos
E independente de mim ou de ti
As histórias seguem entre risos e prantos.


Kátia Bicalho – 05/11/2016

Pé ante Pé

Ao ouvir o som da notificação do celular
Disse baixinho, calma, espere!
Pé ante pé, levantei-me do catre, silenciosamente
Olhei a mensagem insignificante.

Debrucei o corpo sobre o colchão novamente
Recostei a cabeça no travesseiro encostado à cabeceira.
Fiquei mais um tempo de olhos fechados
Até a vontade de não fazer nada passar.

Em câmera lenta fui colocando a coluna ereta.
Dobrei mansamente o cobertor cheio de corações.
Olhei o cãozinho pachorrento aos meus pés:
Psiu! Não me acorde!

Kátia Bicalho – 05/11/2016



Força e fé!
Creio Senhor mas aumentai minha fé!
Amor por Jesus,
Amor que serve,
Amor a serviço do bem.

Saúde e paz para servir,
No deserto da alma progredir,
Conclamando a todos que queiram se nutrir.

Ser bom e fazer o bem
Alcançar graça e benção também.
Imagem de sustentação:
Coragem para dar a mão ao irmão.


Kátia  Bicalho – 26/05/2016

Detalhes do Rei

O Rei Roberto Carlos
Imortalizou na música
“Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer...”

Os detalhes pegam e marcam.
Coisas que ninguém imagina:
Uma bobagem aqui,
Uma palavra doce ali.

Uma cheirada no cangote,
Uma mensagem inesperada,
Uma visita fora de hora,
Uma declaração amorosa.

Nos detalhes estão a cor, a flor
O perfume, o lugar, o olhar
Tudo fica impregnado de calor
E parece que tem forma de amor.

E seguem gravados na mente
Por tempo mais que suficiente
E deixam a gente com aquele sorriso bobo
Lavando um copo ou fazendo um bolo.

Kátia Bicalho
15/10/2016


Pega Ladrão

Organizei tudo
Ponto a ponto
Para o bandido
Nada achar.

Guardei chaves
Coisas, luzes e música
Tudo prontinho
E parti para a viagem.

A que ponto chegamos:
Deixar a casa preparada para o ladrão!
Coisas desse nosso tempo sem juízo.
Espero que um dia vire motivo de riso.


Katia Bicalho – 20/07/2016