segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Alento

É preciso mais que navegar
Algo tem que existir
Para no seu caminho intervir
E você com alegria agradecer.

Filho
Noção de continuidade
Aprendizado diário e amizade
Alegria a cada despertar
O amor em primeiro lugar.

Ler
Ler é um grande alento
A reflexão em cima das palavras
O encaixe das mesmas em nosso coração
E a mudança discreta na forma de ver e sentir emoção.

Vinho
“In vino veritas”
No vinho a verdade, a saúde, o calor
A confraternização, o brinde, o torpor
O aroma, o sabor e a bela cor.


Kátia Bicalho  - 24/11/2016

Ai Ai Ai

Não posso crer,
Mas não nasci ontem.
É muita estrada, muito chão
Que tive que percorrer.

O que vi
Nem às paredes confesso.
Na verdade, nada vi,
Apenas pressenti.

Mas sei que a cada passo
Tem um convite para o pecado.
Posso estar enganada de novo
Mas não boto minha mão no fogo.

Saber ou desconhecer,
Eis a questão
Ver ou não ver
Isso, não depende só da visão.


Kátia Bicalho – 08/12/2016

A Bruxafada

Tenho uma conhecida que é linda
Parece fada vestida de bruxa.
Voa de vassoura, anda a pé, de carro no asfalto
Mesmo não enxergando nem com o farol alto.

Não tem medo de nada:
Da idade, da língua dos outros, da violência na cidade,
Quer viver como na sua juventude
Apesar de ser quase um século de longitude.

A princípio a condenei,
Mas depois a absolvi.
Hoje é minha inspiração
Quando o medo bate no portão.

Desdentada, cabelo branco, bengala
A linda bruxa é energia viva que espalha.
Molha as plantas mesmo com chuva,
Manda e desmanda, impõe sua ditadura.


Kátia Bicalho – 04/12/2016

Dia a Dia

O engarrafamento de tão extenso estancou,
No passeio o pedestre tropeçou,
No barro, o salto do sapato afundou, e
A minha vaga do carro o “flanelinha” alugou.

Mesmo assim o dia seguiu em frente,
Passou um cachorro que o excremento no chão depositou,
E o dono, sem noção, não recolheu em um recipiente
E um distraído, ao telefone, pisou displicente.

O tupiniquim com o fio no ouvido
Se esbarrou em mais um outro que estava retraído.
Um caminhão passou e água de chuva nos dois jogou
E cada um seguiu seu caminho se perguntando qual será a próxima cena de pavor.


Kátia Bicalho – 24/11/2016

Mexidão

Gamôra, mato, cachoeira, silêncio,
Praia, vôlei, sol, gente,
Casa, armário, lustre,
TV, micro, leitura
Um de cada ou
Tudo junto?

Kátia Bicalho – 10/12/2016

Manter amigos

Mais difícil que manter casamento,
Mas difícil que manter emprego,
Entre outras coisas difíceis,
A maior é manter amigos por perto.

Enquanto se é jovem, fácil.
Depois se casa, se tem filhos, restringe
Segue em frente, briga, separa, afasta
Aí amigo tem que ter garra.

Até novas amizades
Acertar com elas suas verdades,
O caminho é árduo e solitário
O vínculo frágil como um aquário.

Só os fortes saem dessa
Com firmeza e determinação
Para muitos, acabou a festa,
E voltam para casa pela contramão.


Kátia Bicalho – 01/08/2016

Existimos

Eu também existo!
O mundo não gira em torno de você.
Eu, tu, ele, nós, vós e eles,
Existimos!

O tempo é o mesmo para todos
E não só para atender seus desejos.
Seu tempo, meu tempo, nosso tempo.
Suas vivências, minhas crenças, nossas andanças.

Somos todos viventes, desejantes, crescentes,
Presentes, passados, futuros,
Cada qual com seu cada qual,
Ninguém é igual!


Kátia Bicalho – 15/11/2016