domingo, 12 de novembro de 2017

O Dente e o Pente

O dente tão branquinho
Comeu um chocolate marrom
Ficou todo pintado
Mas no espelho foi denunciado.

O pente vendo aquilo
De risada se contorceu
Mas quando o dente percebeu
Do espelho se escondeu.

O dente então nervoso
Disse com desdém ao pente
O que tens pendurado no corpo
Senão uma fileira afiada de dentes?

No meu só tem chocolate
Gostoso, com sabor de quero mais
No seu tem cabelo oleoso
Poeira, caspa, lêndea e piolho.


Kátia Bicalho – 18/04/2017

Meu Lar

Meu lar é o silêncio da noite
No espaço infinito e solto
Negra pintura estrelada
Tempo inexistente porém, inesgotável.

Nesse mundo não tem gravidade
Anjos flutuam como estrelas no céu
Dançam como se ouvissem serenamente,
Tocado em harpa, o Bolero de Ravel.

No meu lar me sinto em casa
Onde banho e perfumo minha alma nua
Busco luz e energia
Par enfrentar as adversidades da rua.

É meu cantinho infinito
Minha fonte de calor
Meu caderno pautado
Com meus poemas de amor.


Kátia Bicalho – 13/08/2016

Natal Invertido

O sentido do Natal
Anda meio invertido
Os presentes e festança
Pesam mais que a esperança.

Do menino nascido
Na gruta de Belém
Muita gente nem se lembra
Mas na ceia come e bebe bem.

O comércio se ilumina
Casas, ruas com milhares de luzinhas,
A lembrancinha para dar
Que nem sempre a todos vai agradar.

O sentido do renascer
Do culto ao amor e a paz
Do abraço solidário e amigo
Vai ficando para trás.


Kátia Bicalho – 23/08/2017

Flor de Lótus

Ser sempre como a flor de Lótus
Fazer diferença, ser diferente
Não se deixar enlamear pela negatividade
E em paz a energia vai virar positividade.

Combater o bom combate!
Ser mais forte que o inimigo.
Ganhar o mundo com amor e força da mente
Agradecer e louvar diariamente.


Kátia Bicalho – 04/04/2017

Enfim!

Enfim acabado,
Junto e misturado!
Tudo foi colado, recortado
Imaginado, desenhado, resgatado.
História revivida e contada.

Imagens inusitadas,
Sala bagunçada,
Folhas espalhadas,
Figuras estampadas
No papel reciclado.

Com certeza o trabalho será criticado
Mas por alguém poderá ser elogiado.
Será que foi tudo encaixado
E ressignificado?
Ou ficou pior por que tudo foi revirado?
Pois que seja,
A vida não é um quadrado!


Kátia Bicalho – 23/08/2017

Dia de Lembranças

Duras lembranças
Perdas, sustos, desorganização de ideias e comportamentos.
Medo, escuridão.

Passados 365 dias
O tempo inesgotável e eficaz remédio
Amenizou as dores das perdas
Aliviou tensões e encaixou os parafusos da cachola.

O aprendizado foi grande
Do tamanho do sofrimento.
Os queloides lembram os cortes
Mas também que tudo está cicatrizado.

Gente, que presente é realmente o presente!
É intenso, doador, forte, robusto
É finito dentro do infinito
Não retorna mas, passa e passa .


Kátia Bicalho – 17/08/2017

Basta!

Haja folha de parreira
Para tampar todas as vergonhas
Do país das palmeiras e das roubalheiras.

Seu símbolo natural
O Pau Brasil quase extinto,
Tem a cor do meu rosto
Ao ver tanta bandalheira.

Precisamos urgente redescobrir nossa pátria
Retirar as folhas de parreira
Entregar a terra aos seus filhos de vez
Estampar a original e mais pura nudez.

Acabar com essa palhaçada
Que envergonha destrói toda nação
Voltar a vestir as cores da bandeira
E dizer com orgulho: Sou brasileira!!


Kátia Bicalho – 22/08/2017