Não quero ser velha
Ficar velha
Nem ter esse bigode chinês
E esse desenho de buldogue.
Tirem de perto de mim todas as novinhas
Não quero comparar minhas ruguinhas.
Que eu seja única e sempre
A mais nova da turminha.
Quero beijar e sentir
O gosto que ficou na memória
Quero me molhar
Só de em você pensar.
Quero gozar, sentir seu sabor
Quero ver você amanhã me procurar
De manhã ou qualquer hora
Só com leve piscar.
Quem escreve isso é uma
É quem eu nunca fui ou não mais me lembro se fui
Quem escreve é uma cinderela
Que além de luz precisa de vela.
Quem conta essa história morreu
Viveu, ressuscitou e reencarnou
Foi e voltou muitas vezes
E quase que um dia ficou.
Mas, voltou
Voltou e não se contentou
Quer mais, procurar mais
Mas sem os óculos desiste!
Querendo ou não
O dia transcorre com rigorosa cronometria
O ônibus passa, a giripoca pia
O desejo não engraça e tem muita vasilha na pia.
Kátia Bicalho – 04/11/2018