terça-feira, 7 de abril de 2020

“Eus” e Medos Seus.


Vi que não estou só
São muitas “eus”
Com medo do futuro
Medo de uma possível solidão.

“Eus” que veem o mundo se espremer
Diminuir a olhos vistos
Se apertar como duas paredes
Formando uma quina onde não passa de uma linha.

Muitas “eus” também diferentes
Como acho que posso ser:
Resistente, otimista, persistente
Cheia de alegria e graça de viver.

Querendo apoderar-se das próprias vidas,
Serem protagonistas de si mesmas.
Com saúde pra dar, vender e comprar
Vendo um novo mundo se ampliando, e com ele também se ampliar.

Nesse novo cenário recriar asas e voar
Sem precisar de muletas para apoiar.                                              
Seguir seguindo, seguir sorrindo
Com muito brilho no olhar.

Kátia Bicalho – 12/02/2020

O Desencontro


Quando vou ao seu encontro
Sei que estou indo rumo ao meu desencontro
Tento resistir, mas o cálice cheio está bem ali 
Dou um passo para trás, porém o objeto não sai da minha mira.

No fundo sei que nada, nada sei
Do enfrentamento da cruz e a espada,
Do choque anafilático causado pelo medo
Do dominador que realmente domina a cena.

O teatro já não se apresenta
Como foi escrito e ensaiado
Mas sim como o diabo dita

Resiliente insiste  a emoção
Que rapidamente se transforma em choro e decepção.
Sobra o gosto do impossível vivido
O arrependimento por não ter morrido.

Kátia Bicalho – 21/10/2019


A Pinça


A pinça divina aos poucos se aproxima.
Não faço ideia da forma de escolha.
Mas creio que seja uma difícil missão
Ser definidor de continuidade ou finitude.

Daqui, dali, uns novos, outros velhos
Famílias inteiras, gente pequena, gente grande.
O tablado vazio ficará, mas logo preenchido será.
Finda vida, restarão memórias e início de novas histórias.

Não demora muito, a pinça passa de novo
Vai desligando fio a fio.
Os pinçados se encontrarão em um outro lado,
Participarão de um novo tablado?

Kátia Bicalho – 29/02/2020

Agradecimento


Agradeço incessantemente a vida que recebi de presente, a família íntegra na qual Deus me colocou, meus antepassados que só bênçãos souberam repassar, meus pais éticos, generosos, cristãos verdadeiros que nessa estrada me ensinaram a caminhar.

O caminho percorrido entre o consciente e inconsciente, que me fizeram a escolha do bem trilhar. O meu filho, graça maior, escolha acertada, por Ele, acolhida. Minha jornada à qual dei conta de administrar.  Meus tropeços, erros e queda com os quais aprendi a levantar. Amigos, familiares, colegas que encaixaram certinho no meu andar, contribuindo para o caminho iluminar. E enfim, agradeço à mãe natureza, que tanto se põe a doar.

Kátia Bicalho – 09/02/2020

O Quadro em Branco


Uma imensa tela está branca
À minha frente estancada
E enfileiradas, na mesinha ao lado
Trezentos e sessenta cores a me olhar.

Qual desenho esta tela receberá?
Quais cores misturar para o melhor tom achar?
A pureza do branco vai aos poucos se modificando
Minhas escolhas o pincel vai movimentando.

Escolhas livres conscientes,
Lindas imagens vão concretizar.
Acolher a vontade dEle
Faz o quadro melhorar.

Ao final quando tudo for consumado
A moldura pouco importará
Ao assinar essa tela
Uma nova irei começar.

Kátia Bicalho – 29/02/2020