sexta-feira, 12 de junho de 2020

Olho da cara do ...


Olho da cara do...
Preconceito
Que acaba ficando roxo;
Da raça pura
Que mata milhares de puros;
Da cor da jabuticaba
Esperto, negro, aberto;
Da cor da catarata
Que sem energia deságua;
Da cor do azul tosco
Cuja visão não encanta o rosto;
Da cor daquele que não vê
Olha no olho, mas, não vê.
Quem me quer, me vê
Com o verde, com o azul
Com aquilo que crê
Ou como queria ter e ser.

Kátia Bicalho – 04/03/2020

Gente como a gente


Nada mais certo
Cada cabeça uma sentença
Tem gente de todo jeito
E todos diferentes da gente.

Aí, todos têm defeitos
Porque não são como a gente
Mas, cá pra nós,
A gente parece melhor que outra gente.

Será isso verdade ou pegadinha do ego?
Claro que verdade não é
Porque, verdades são muitas e,
Esse ego, sempre apronta!

Mas hoje em dia, o que fazer?
Procurar gente que parece mais com a gente
Pensa parecido, age parecido
Senso crítico comum, ficar na zona de conforto?

Gente é gente e é diferente
Mas tem gente mais igual a gente
Então o jeito é procurar estar mais feliz
Ao lado de gente que entende a gente.

Kátia Bicalho – 18/01/2020

Goteira


Gota d’água pingando do teto
Às vezes mais que gotas, pois
Mostram a fragilidade da matéria.

Balde na captura
Móveis arredados
Desordem na casinha.

Olho no tempo
Visão da infância
Recolho as gotas com rodo,
Que irão do teto para o esgoto.

Kátia Bicalho – 24/01/2020

O Lote



O Lote, ah! O Lote!
Vamos ver o lote? Hum! Não tem jeito de ver
Virou estacionamento de “busão”
Ninguém sabe o que tem do lado de lá.

Para minha grata surpresa
Consegui no lote entrar
Foi tanta sintonia
Que quase me pus a chorar.

As árvores que plantei e não reguei
Grandes estão, com frutos a produzir
Algumas imensas, copas altas
Com troncos grossos e retorcidos.

Colheita de mamão, mandioca
Fotografia da manga, da lichia
As verdinhas cresceram
E eu não estava ali.

Agora, a expectativa do retorno
Para podar galhos, cuidar das raízes
Colher frutos, interagir com a natureza
Tão soberana, generosa e cheia de beleza.

Novos projetos vão se desenhando
Da casinha de boneca a construir
Uma rede a pendurar, depois balançar
Novo amor adentrar com mãos para afagar.


Kátia Bicalho – 22/01/2020