Sintética é a roupa que veste
Simbólica a taça que de vinho reveste
Sorridente como a praça onde o povo converge
Irreverente a dama pela qual o mundo diverge.
Foge pela sala que se mostrou pela janela
De creme enche a pele que se desidrata
De sentimento nada, além de distância ingrata
De valor e alegria vide bula do remédio, que rasga.
Tira o sapato para adentrar a casa
Mas leva consigo a lama pelo caminho da sala
Suja a roupa, a cama , a rama, a prancha
Mesmo esfregando ácido não tira a mancha.
Prende e açoita o que deveria proteger
Grita no trombone o grito rouco que ecoa no mundo
Boca vermelha de gente que come
Palavras imundas da lama que consome.
Livramento, sem ter como contar, lamento
O cisne negro em pleno despojamento
Dispensa a arte que timbre profunda
E ao vento entrega o brilho e o ofuscamento.
Kátia Bicalho - 19/12/2020