sábado, 6 de março de 2021

Sintética nada estética

 Sintética é a roupa que veste

Simbólica a taça que de vinho reveste

Sorridente como a praça onde o povo converge

Irreverente a dama pela qual o mundo diverge.

 

Foge pela sala que se mostrou pela janela

De creme enche a pele que se desidrata

De sentimento nada, além de distância ingrata

De valor e alegria vide bula do remédio, que rasga.

 

Tira o sapato para adentrar a casa

Mas leva consigo a lama pelo caminho da sala

Suja a roupa, a cama , a rama, a prancha

Mesmo esfregando ácido não tira a mancha.

 

Prende e açoita o que deveria proteger

Grita no trombone o grito rouco que ecoa no mundo

Boca vermelha de gente que come

Palavras imundas da lama que consome.

 

Livramento, sem ter como contar, lamento

O cisne negro em pleno despojamento

Dispensa a arte que timbre profunda

E ao vento entrega o brilho e o ofuscamento.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário