quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A Força do Feminino

A terra é mãe

Elas são mães

As constelações, filhas

De uma grande mãe.

 

Generosidade e cuidado

Qualidades delas, da terra, da mãe

Se doam em energia, força, amor

Esbanjam beleza sem par, ímpar, sem esforço.

Generosidade, cuidado, beleza, amor

Coração puro a pulsar

Corrente de luz, mundo de almas

Constante cantiga de ninar.

 

Elas , a terra, as constelações

O infinito a nos mostrar

O ilimitado a nos ensinar

O amor e a vida para nos alimentar.

 

Kátia Bicalho 11/04/2021 

Entregar

Passar para o outro, tirar das suas mãos

Deixar com quem é de direito,

Não se apegar.

 

Entregar é desnudar-se de si

É confiar, interagir com sutilidades.

É vendar os olhos.

 

Entregar é ir sem voltar

É bater campainha e correr

Soltar balão de gás e ver desaparecer.

 

Entregar é definir o sim e o não, juntos:

Céu sem constelação, terra sem sal

Sol sem raio, lua sem estrela.

 

Entregar, é distribuir gratuitamente

É olhar vasto mar azul sem ter vertigem

É pular corda sem tirar pé do chão.

 

Entregar é  não olhar-se no espelho

É seguir à risca a direção dada por Ele:

Render-se.

 

É discernimento

É explosão, é decisão

É sair da dúvida: luz ou escuridão?

 

Kátia Bicalho - 17/03/2021

Verso e Reverso

Olho esse chão, ás vezes limpo, outras não

Me vejo de baixo para cima

Começando pelo dedo do pé

Passando por toda minha intimidade.

 

Se o sol brilha, mais nitidamente me enxergo:

Minhas entranhas, como aranhas, com teias de aranhas

Que se prendem a cheiros

Medos e vertigens.

 

O retorno está ligado ao que se desligou

Se ligou nem notou,

Pois sem volta o caminho ficou,

Se ligou mal ligado o caminho foi descontinuado.

 

Sujo o chão, não tem trilha limpa

Por isso, varre, cospe, despe, derrete e chora.

Desmama, sexo quente, inventa

Faz do fim sumidouro de emoção,

Da porta aberta, saída, ou outra opção.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020

O cão e o galo

Um ao lado do outro;

Um protegendo o outro;

Um desconfiado do outro;

Um bicando a pata do outro, que, revida.

 

O galo com seu olho vivo,

Postura ereta,

Como estátua, fincado,

Ostentando suas penas arrojadas.

.

O cão brilhante,

Colorindo, com sua graça,

Mesmo em sonolenta vigília,

Todo ambiente se sentindo protetor.

 

Bica o galo, late o cão.

Late o cão, cacareja o galo.

Rosna o cão, esporeia o galo.

Que conversa sem pé nem cabeça!

 

Kátia Bicalho- 07/11/2020

Cor da Voz

Toda voz tem som e cor

O som se destaca

Pelo timbre, sonoridade

A cor só alguns conseguem ver.

 

Precisa de sutilidade

Amorosidade e cristalidade.

Minha voz parece marrom

É forte e fraca, falante e calada.

 

Ouço muito pouco a minha voz

A pressinto mais no pensamento,

Onde,na verdade, não  fala com ninguém,

Pois, falar pensando quem com quem?

 

Cantarolar, sussurrar, monologar, berrar

Cada som tem uma tonalidade

Voz de povo, voz de mães, de pais,

Voz de avós que queremos ser.


Kátia Bicalho - 08/08/21