sábado, 25 de dezembro de 2021

Subidas e Descidas

Círculos, quadrados,

Estradas, caminhos, pontes

Subidas, descidas

Por baixo ou por cima

Tudo é passar!

 

Vales, montanhas, lagos

Chuva, moscas, neve

Gente, gente, gente!

 

Por onde olhamos,

Por onde passamos,

Sempre haverá curvas, retas

Tropeços, caídas e levantadas.

 

Flexibilidade, força, técnica

Visão global, desapego

Entendimento, aceitação

São valores que ajudarão.

 

Caminhar e cantar

Cada um no seu chão

Com seu violão

E sua visão.

 

Kátia Bicalho – 22/10/2021

Fusão

Quilômetros e quilômetros

De lama, mal cheiro, constipação

Água suja, gases nobres, putrefação

Labirinto, caminho tenebroso

Antenas para locomoção.

Como em uma colmeia

Cada qual com sua função.

Em algum momento

Acontece alguma confusão

Gritos, roncos, contração

Liberação de excremento

Sem filtro, sem desinfecção

Só medo de ruir a construção

E viver raios e trovoadas

Sem mais sonho nem memórias do normal.


Chuva que lava mas,

Que carrega consigo um chão

Carregado de emoção.


Kátia Bicalho

14/09/2021

Porta-Retrato

 Loucos são poucos

Ou poucos são loucos

De todos um pouco.

De poucos quase todos

Tem quintal, fogão a lenha,

Fumaça e brasa,

Folha seca,

Árvore sem fruto,

Tem queda, tem passeio,

Tem estreia de chinelo de dedo,

Tem atropelamento no campo,

Armadura na gaveta,

Canto do sabiá,

Tem tiro de chumbinho,

Tem outro com barulho estridente,

Tipo chinelada na barata,

Tem isso, tem aquilo e aquilo outro.

Com as gavetinhas da memória,

Com a porta do tempo,

O que fazer?

Arrombar a porta

Sem medo do futuro?

Tirar uma foto que não cabe mais

No porta-retrato?

Esquecer e fazer de conta

Que não é com você?

Sei lá, não sei.

As minhas gavetas tranquei

E não mais abrirei,

Se estou certa não sei

E, se algum dia fui certa, também não sei.

Tranquei!

 Mas a chave guardei

Num lugar seguro,

Que nem pra mim mesma contei.

 

Kátia Bicalho

14/09/2021

Ponto Pontuado

Naquele ponto eu parei

Daquele ponto alguém partiu

Alguns perderam o ponto

Outros o desconheciam.

 

O ponto continuou estático e estável

Pontuado, pregado no seu próprio espaço,

Pequeno espaço,

Mas que sempre foi seu.

 

À noite o ponto também é pardo

Como todos os gatos

E, sonha com outros pontos.

Acorda assustado:

Será que saí do ponto

Ou sonhei com o ponto errado?

 

Kátia Bicalho - 22/10/2021