Loucos são poucos
Ou poucos são loucos
De todos um pouco.
De poucos quase todos
Tem quintal, fogão a lenha,
Fumaça e brasa,
Folha seca,
Árvore sem fruto,
Tem queda, tem passeio,
Tem estreia de chinelo de dedo,
Tem atropelamento no campo,
Armadura na gaveta,
Canto do sabiá,
Tem tiro de chumbinho,
Tem outro com barulho estridente,
Tipo chinelada na barata,
Tem isso, tem aquilo e aquilo outro.
Com as gavetinhas da memória,
Com a porta do tempo,
O que fazer?
Arrombar a porta
Sem medo do futuro?
Tirar uma foto que não cabe mais
No porta-retrato?
Esquecer e fazer de conta
Que não é com você?
Sei lá, não sei.
As minhas gavetas tranquei
E não mais abrirei,
Se estou certa não sei
E, se algum dia fui certa, também não sei.
Tranquei!
Mas a chave guardei
Num lugar seguro,
Que nem pra mim mesma contei.
Kátia Bicalho
14/09/2021
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