domingo, 29 de maio de 2022

O Meteoro

O meteoro existe

Ele não é, em si, um fenômeno.

O fenômeno é entrada dele

Na atmosfera da terrestre.

 

É chamado de estrela cadente

Fenômeno antigo, bíblico

Contém luz, beleza, espanto

Barulho, incerteza, encontro.

 

Como um meteoro

O envelhecer chegou até mim.

Trouxe luz? Sim

Beleza? Hum!!!!

Espanto? Ô se!

Barulho? Muito

Incerteza? Todas.

Encontro? Heim?

 

Não me preparei

Como no fenômeno físico

A terra nunca está preparada.

 

Orai e Vigiai!

Orei, mas não vigiei

Por isso quando não entendi

Quando senti e vi o que vi.

 

Olho para fora

Mas, não enxergo meu lugar

O caminho por onde passei

Foi tomado por mato

A trilha se fechou.

 

Me incentivaram a olhar para a luz

E esta, com todo seu poder me cega

Sem ver parece-me que também não ouço

Então, o que dizer, falar o quê?

 

Kátia Bicalho – 15/01/2022

 

 

 

Cabelo, Cerveja, Boné

 

Cabelo, Cerveja, Boné

Como rimar

Coisas tão diversas?

Essas palavras nos direcionam

Para o cérebro, mente, beleza.

 

Cabelo moldura do rosto

Tá caindo na pandemia e

Dizem alguns, pós COVID e pós vacina

E para amenizar esse feitiço...

 

Vem então o boné

Adereço que era de pobre

Que depois virou de rico

Que agora virou vício.

 

E, de boné, meio largado

Sair por aí, meio abandonado

Sem rumo sem lar

A frente escrito Bar.

 

Demorô! Sentar, se ajustar

Chamar o garçom, pedir uma cerveja

Tempo passa, pós saideira

Sair distraído sem o boné na cabeça.

 

Kátia Bicalho – 08/01/2022

Onde estou eu?

Onde me escondi

Procuro, procuro, procuro

E não me acho

A roupa que visto está vazia.

 

O coração que bate

Não zabumba direito;

O pensamento vazio me é inútil;

A fé obscura e inerte não absolve.

 

O mundo é tão pequeno

Não sei como pude me esconder tão bem.

Sempre fui boa em encontrar coisas escondidas

Mas, acho que essa virtude se perdeu.

.

Mas, serei persistente, disciplinada

Vou me procurar mesmo sendo eu uma agulha no palheiro.

Talvez eu possa estar dentro da lata de feijão, enrolada em alguma meia velha,

Num fundo falso de gavetas, atrás do armário, na caixinha de remédio.

 

Em algum lugar estarei eu, mesmo que quase sem vida

E me ressuscitarei com Lázaro

Sairei do sepulcro e com todas as forças

Me darei nova chance de voar nesse céu azul.

Azul da cor do mar!!!!

 

Kátia Bicalho – 12/04/2021

 

Entregar

Entregar

É passar para o outro

Tirar de nós

Deixar com quem é de direito

Não se apegar.

 

É desnudar-se de si

Confiar no próximo

Interagir com sutilidades.

É vendar os olhos.

 

É ir sem voltar

É seguir sem caminho

É bater campainha e correr

Soltar balão de gás e ver desaparecer.

 

É definir o sim e o não, juntos:

É mar sem onda, terra sem sal

Sol sem raio, céu sem constelação

Eu sem poesia, amor sem paixão.

 

É explosão

É decisão

É discernimento

É encruzilhada entre sair ou não da escuridão.

 

Kátia Bicalho - 17/03/2021 

Patinhos e Piolhos

 

Nasci no dia 22 do 2, o ano não falo nem morta.

Diziam que 22 eram dois patinhos na lagoa.

Criança do interior de Minas Gerais

Vivia rodeada de muitos 22 na lagoa.

 

Escola primária, pública

Cabeça infestada de ideias e piolhos,

O que me fazia dizer que

Os muquiranas conversavam

Quando eu coçava a cabeça.

 Eles falavam 22,22,22,22,22.

 

Imaginem agora essa data 22 do 2 de 22!

Noves fora igual a 1, o recomeço, o primeiro:

O primeiro abraço, o primeiro amor...

O primeiro ano sem pandemia (assim espero!).

 

Ah! Quantas esperanças estou depositando

Nesse novo ano, nessa nova lagoa, lotada,

mas, sem bate papo dos piolhos (que

espero não existam mais).

 

Cito algumas delas:

1: Ver o novo normal mais espiritualizado e afetivo;

2: Ter um poema publicado em mais uma antologia;

3:Viver 22 sonhos que pensava ser impossível...

   Que tal? ...

Kátia Bicalho - 06/01/22

domingo, 27 de março de 2022

Elas, a dor, a solidão

Marias, Bias, Rosas e Titas

Gentilmente estão sozinhas,

Gentilmente se deram durante a vida,

Gentilmente abraçaram entes da família,

Gentilmente adotaram esse estilo de vida,

Gentilmente, Marias, Bias, Rosas e Titas

Colheram abundantemente os frutos das suas escolhas

E choram arrependidas por colherem o que plantaram.

E não tem volta, tem recomeço, para as que guardaram alguma energia.

O que será daqui pra frente das Marias, Bias, Rosas e Titas?

 

Kátia Bicalho – 31/12/2021

Primeiro, primeiro, só

Acho que foi a primeira vez

Que passei o último dia de um ano 

E o primeiro dia do outro só

Só e tão somente só.

 

Repito para mim mesma

Não é nada, é apenas um dia após o outro!

Não muda nada!

Qual o quê!

 

Percebi a carga de esperança

Que esse dia carrega

A enorme esperança de tempos melhores

De tudo se ajeitar.

 

Tantos fogos, tanta música

Quanta comemoração!

Acredito que todos saibam que é somente mais um dia

Mas, comemoram.

Comemoram a renovação da esperança!

 

Também tem a alegria do encontro

O ser humano é um ser de encontro

De fala, de ouvido, de abraço

Isso sim faz a virada do ano ser algo real.

 

Kátia Bicalho – 31/12/2021