domingo, 29 de maio de 2016

Tive Que Te Abandonar

Tive que te abandonar
Por causa da sua ausência longa e muda,
Que não me deu outra opção, e,
Entre aplauso e música, caí em tentação.

Senti um gosto meio seu
Na outra mistura de lábio, língua e dente
De algo muito especial
Flambado com aguardente.

Deixei-me levar pelo momento,
Pelo porte de segurança,
Pela ideia de não ser você,
Pelo prazer sentido nessa vingança.

Já não o reconheço em minha vida
Vejo agora, naquela foto, um garoto mimado,
Que escapou de um temporal e
Ainda se encontra assustado.

Kátia Bicalho – 29/05/2016


sábado, 7 de maio de 2016

Ele Voou, Ela Chorou

O passarinho bateu asas e
Voou, voou, voou
A moça ficou sozinha e
Chorou, chorou, chorou.

O coitadinho nunca mais voltou porque
Voou, voou, voou
A coitadinha nunca mais sorriu e
Chorou, chorou, chorou.

O bichinho virou gente, cresceu e
Voou, voou, voou
A mocinha virou bicho, emudeceu e
Chorou, chorou, chorou.

Ele livre por aí, desapareceu e
Voou, voou, voou,
Ela presa em fúnebres pensamentos
Chorou, chorou, chorou.

Kátia Bicalho – 19/04/2016

Eu Te Amo

Eu te amo
Mais que todos os amantes
Mais que todos que morrem e vivem por amor
Amor que não cabe em mim.

Te amo com tanta força
Que desfaleço por este amor
Um sentimento tão forte e alucinante
Que provoca uma dor aguda e lancinante.

Quero você acima de tudo
Sentir seu perfume é imprescindível
E o gosto quente da sua boca
Necessidade básica indiscutível.

Não me deixe ao leo da sorte
Dê meia volta, pense e volte
Nunca encontrará amor maior
Nem mesmo após minha morte.

Kátia Bicalho – 07/05/2016



Estou com saudade de mim

Essa frase soou alto
Bateu como um sino que chama pra missa
Tirou o sossego de quem dormia
E ecoou como grito em montanha .

Saudade da coragem
Da criatividade
Da vivacidade
Da musicalidade.

Fazer o que gostava
Gostar do que fazia
Roda de amigos e sonhos
Futuro a construir.

Hoje a pergunta: quem é essa que sou eu,
Cadê aquela outra,
Que momento foi que sumiu
E por esta se substituiu?


Kátia Bicalho – 11/04/2016

Promessa Feita

Vou te ganhar de qualquer forma
Vou ter você em minha casa,
Quero também em minha cama
Mesmo sabendo que a outra ama.

Vou ter você onde quer que seja
Na terra, no ar, no mar, onde a imaginação quiser levar,
Vou te prender ou te raptar
Nem que seja para um poema criar.

Não vou te reter
Nem te devolver como era,
Vou te libertar
Para que possa voltar.

Vou te escrever, vou te desenhar,
Vou seu futuro aplaudir
Seus sucessos comemorar
Até a tinta acabar.


Kátia Bicalho – 03/04/2016




Jogando o Manto


A impossibilidade de viver o amor,
A lembrança do passado vindo,
A trinca do esmalte surgindo,
A aparência que o espírito não acompanhou.

Neste cárcere privado de um amor arrebentado,
Peço misericórdia pelo pecado que é meu,
Pela diferença cronológica que o destino ofereceu,
Peço clemência desse sorriso que é só seu.

Deus, meu Deus por que me abandonaste?
Ecoou por toda terra o gritou do filho do criador.
Pelo abandono sentido por um simples mortal
Grito e choro e este som não passa do portal.

Kátia Bicalho – 03/04/2016

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Terremoto

O chão tremeu e abriu-se à minha frente
A visão perdeu o foco, ficando tudo embaçado,
E, no meio de uma nuvem espessa de fumaça,
Vi um rosto que não era meu ao seu lado.

O tremor se estendeu por intermináveis segundos
Tempo mais do que suficiente para me provar
Que era outro o sorriso ao lado do seu,
Que era outra mão que enlaçava o que, para mim, era meu.

Foi mais um soco violento no estômago
Que me fez vomitar todo sentimento retido.
Procurei um remédio bem amargo
E chorei um pranto incontido.

A gravura ficou presa em mim como alucinação
Mas farei dela a minha libertação.
Livre ficarei da sua insistente imagem
Que me atormenta de desejo e vontade.

Kátia Bicalho – 02/05/2016