Sou alguém que não vê ninguém
Sou ninguém sem outro alguém.
Sou silêncio em profusão
Sou barulho na escuridão.
Sou a menina, a mulher, a mãe
Sou todas e também raíz.
Sou o toque do badalo no sino
Sou o pingo d’água no chafariz.
A pomba branca que leva o recado
A tartaruga que nunca chega ao destino
O coelho que tão rápido passa do ponto
O gato que de tão arisco pinta um rabisco.
Nada sou, nada sei
Quando estou só comigo
Minha sombra pede licença
E me deixa sem um abrigo.
Kátia Bicalho – 26/05/2016