segunda-feira, 18 de julho de 2016

Assim Como

Asso o assado no forno,
Assim como,
Deixo o passado de molho,
Assim como,
Olho o futuro sem medo,
Assim como,
Vivo o presente inteiro,
Assim, 
Como o assado que ficou pronto,
Com molho, sem medo e inteiro.


Kátia Bicalho – 18/07/2016

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Parte de Uma Agenda


Amo estar nesta agenda
Feita pelo CROMG com todo cuidado
Me sinto num palco iluminado
Sendo aplaudida e vestindo dourado.

A poesia ali estampada,
Expondo um pouco de mim,
Revelando um lado do meu eu,
Não sei se bom ou ruim.

Nesta agenda muitos nomes serão anotados.
Quantos desmarcados, apagados,
O meu será rabiscado?
Em qual dia será agendado o meu amado?

No final tem sempre um balanço financeiro,
Entrada e saída de pouco ou muito dinheiro,
Resultado do trabalho realizado com esmero,
Proporcionando muitos sorrisos frente ao espelho.

A agenda será depois guardada
Ou talvez no lixo atirada,
Pois passados os dias daquele ano
Não dá para traçar mais planos.

Eu guardo todas as agendas
Pois um pouco de minh’alma ali se aninha.
Respiro, me inspiro para nela continuar
E, em cada recanto de Minas, me encontrar.

Kátia Bicalho - 24/10/2015

Abominável Homem das Neves


Olha o estado em que me encontro
Sem enxergar a realidade.
Posando com pose de antigamente
Como se fosse minha mocidade.

Coisa que só acontece na ausência do espelho
E quando o superego longe está.
Mas o desenrolar da fugaz história
Não vai, na memória, espaço ocupar.

Abominável homem forte das neves
Quanta insegurança dá, ao seu lado estar.
Mais uma vez o tempo rei cura
O que em coma poderia ficar.



Kátia Bicalho – 02/06/16

Amigos Irracionais


Cachorros, gatos, galos, macacos
Patos, gansos, galinhas, pintos e porcos.
Tudo existia na casa de quintal extenso e
Eram parte da paisagem e da rotina.

Até que se comportavam bem.
Cada um no seu quadrado,
À exceção de Peri
Que tinha solto o flato.

Mazurkiewicz, Brazuca, Akiko
Todos meus irracionais amigos
Bichinhos de estimação,
E também da confusão.

Proporcionavam muitas brincadeiras,
Muita energia trocada e gasta.
Convivência estapafúrdia e feliz
Mesmo que, as vezes, era preciso tampar o nariz.



Kátia Bicalho – 02/06/2016

Olgas, Marias e Outras

“Traiô Birô”, cantava Olga no labor
Ouvindo seu radinho escondido no porta-seio.
Maria, corpo farto e macio,
Aconchegava todas as crianças como um abrigo.

Fortaleza, simplicidade, amizade, cuidado, sonho
Que se misturavam com o doce das quitandas,
Com alegria, correria, confusão
Tudo dentro da rotina do casarão.

Um dia perguntei o que era solidão
Foi Olga que prontamente me respondeu:
Solidão era a parte traseira do corpo,
Mais precisamente o assento.

Por muito tempo acreditei
Que me assentava em cima da solidão.
Talvez esse pensamento seja menos trágico
Do que o significado real desta situação.


Maria e seu Bolero, que não era Ravel,
Em casamento terminou.
Ela com toda sua estrutura
E ele com seu sorriso grato.

Minaminá e muitas outras passaram por esse lugar.
Nos acompanharam por longo tempo,
Ajudaram na criação da prole,
E, digo que, sem elas, não seria mole.

Kátia Bicalho – 02/06/2016


Sombra

Minha sombra descolou e fugiu.
Foi para o mundo se encontrar.
Andou estradas, ruas, vielas
E com outras sombras pode conversar.

Não sei se contou minha história,
Nem o que ouviu nesse espaço sem fim.
Só sei que retornou calada
E, continua fiel, andando atrás de mim.

Kátia Bicalho – 05/07/2016