sábado, 7 de março de 2020

Fumaça de Desejo


Névoa branca
Cheiro forte
Onde há fumaça
Há fogo, há fuligem.

Fuligem que atravessa o pulmão
Calor que derrete o gelo e queima o cinzeiro
Que esquenta o ambiente, haja ou não amor pendente
Mesmo que muitos não saibam distinguir entre o frio e o quente.

O choque, o atrito
O clamor dos restos carbonizados
O grito dos pássaros assustados
O sol não vê porque está embaçado.

A água, a água,
Novamente a água
Às vezes vem doce outras vezes, salgada
Pode salvar e também fazer afogar.

A garganta sente, o pulmão ressente
O coração indecente, pensa na água que é gente
O olho ardendo não vê nada e chora                                        
O desejo pipocando pela pele aflora.

Kátia Bicalho – 18/10/2019

O fim do começo


O fim do começo,
O fim sem começo,
O fim graças ao serafim,
O nada pois, não tem começo nem fim.

A utopia escorreu pela pia,
O homem amado pelo ralo da galeria,
A adrenalina pela serpentina,
O contralto pelo mato alto.

O batom do lábio rosa pelo pescoço
O gosto pelo tira gosto
O toque pelo reboque forte
O aroma do amor pelo da morte.

Tudo foi trocado, destoado, alterado
Foi destruído e não reconstruído
Foi destituído e não substituído
Foi tudo, foi nada do que poderia ter sido.

Kátia Bicalho – 16/102019


La place noisy


La place noisy
Est dans la ville
Quand elle est silence
Il y a la vie..

Ma vie, une Dulce vie
Avec ma famille, mes amis,
Mes amours, mes desamours,
Meus tombos e minhas poeiras sacudidas.

O mormaço do tempo        
Lembrando lugar quente, úmido, comoção.
Não tem folhas secas pelo chão caídas
Pois as árvores as seguram firme, cheias de vida.

Kátia Bicalho = 30/09/2019

Egos, Legos e Pregos

Egos, egos, egos
Se empilhados viram legos,
Se afinados viram pregos,
Pregos, pregos e mais pregos.

Se deixo o ego
Tomar conta de mim
Vou agir como um lego
Sem controle, enfim.

Se o ego vira lego
E não tem compaixão,
Não adianta fugir do martelo
Pois esse lego já virou prego.

Kátia Bicalho – 30/10/2019

Regressão


Ao fazer um backup
Das memórias da vida
Parei em uma etapa
Que ainda dói mais que um tapa.

Um fato triste, quase um fenômeno
Do qual meus registros,
Até então em mim centrados, mantidos guardados
Descobri que foram por outros também estocados.

Me coloquei em nova posição
Saí do chão, vi a cena, e caminhei por ela
Vieram sentimentos de tristeza, dor forte
Abafados por um estampido sem holofote.

Retornei desse transe ainda mal
Pensando em o que fazer com isso dentro de mim.
Entender, acolher, resolver, perdoar, agradecer
Reconhecer que isso me ajudou a crescer.


Kátia Bicalho – 25/07/2019