Névoa branca
Cheiro forte
Onde há fumaça
Há fogo, há fuligem.
Fuligem que atravessa o pulmão
Calor que derrete o gelo e queima o cinzeiro
Que esquenta o ambiente, haja ou não amor pendente
Mesmo que muitos não saibam distinguir entre o frio e o
quente.
O choque, o atrito
O clamor dos restos carbonizados
O grito dos pássaros assustados
O sol não vê porque está embaçado.
A água, a água,
Novamente a água
Às vezes vem doce outras vezes, salgada
Pode salvar e também fazer afogar.
A garganta sente, o pulmão ressente
O coração indecente, pensa na água que é gente
O olho ardendo não vê nada e chora
O desejo pipocando pela pele aflora.
Kátia Bicalho – 18/10/2019