domingo, 10 de janeiro de 2021

De novo soprando o vento

Frequentemente me pego soprando o vento

Às vezes um sopro bem fraquinho

Outras vezes

Um Furacão.

 

Depende do que envio nesse sopro

Se estou enviando paz, sopro forte para o além

Se for só para dissipar uma raiva

Sopro bem fraquinho para não contaminar ninguém.

 

Sopro palavras, sons, música, poemas

Sopro arte, magia, suor, lágrimas

Meu coração sempre vai nesses sopros

E como é puro sentimento, vai no vento pura emoção.

 

O vente que açoita, também aceita

leva para longe tudo que carrega

E depois retorna e entra pelas frestas

E o que foi levado volta transformado.

 

Eu, do vento, tudo recebo

E sempre com gratidão

Abro bem as cortinas, as janelas, as resistências

E respiro o que era preciso aprender.

 

Então, olho para fora e vejo as árvores

Que também tudo acatam

E se movem e ao relento dançam

E suas folhas e flores ao vento lançam.

 

Kátia Bicalho - 06/11/2020

O Ano de 2020

Para quem  viu e  viveu

E para aqueles que não viram e não viveram

Conto como foi o ano de 2020

Que de normal não teve nada.

 

No início muita chuva, com raios, trovoadas

Alagamentos, destruição, morte, gente descendo pela enxurrada.

Mas também boas novas, que antes eram preces em oratórios

Todos nossos medos findaram, com o enchimento dos reservatórios.

 

Veio então o carnaval

O  rit "O Mundo Vai" explodiu na parada

Milhões e milhões de pessoas

Seguindo Veveta, o trio e a batucada.

 

Aí chega o mês de março, que susto!

Um vírus mortal, ataca as pessoas e a economia mundial

Todos devem ficar em casa, não sair

Fecha tudo, se escondem todos, só o vírus solto por aí.

 

Ano de pandemia

Quarentena de dez, quinze, quarenta, cento e oitenta dias

Os extremos se distanciam, vó e vô para um lado

Netinho, netinha para outro lado,.

 

Desemprego, medo, susto, tudo isso a um grande custo

As pessoas distanciadas

Depois de longo tempo se acostumaram

E, agora, não querem sair para nada.

 

Os encontros virtuais pipocaram por todo canto

Foram tantas lives, palestras, meet

Aulas online, professores descabelados

E alunos entediados.

 

A família toda em casa, sem saber o que conversar

Teve que aprender com os mais próximos conviver

Conflitos muitos, divórcios, boletins de ocorrência,

Lição grande, que ninguém ainda consegue tudo entender.

 

O cotidiano foi se adaptando

Novas formas de se relacionar foram se desenhando

Trabalho em casa, crianças no colo

Vida que se mostrou diferente aos olhos de muita gente.

 

O tempo foi passando

O novo normal se moldando

Devagarinho o mundo abriu a porta de casa

E os seres modificados por ela se aventuraram.

 

Pensando que tudo estava tranquilo

Veio a primavera com o sol a pino

Terra derretendo como sorvete

Floresta ardendo em chama quente.

 

Calor de quarenta graus

Do Oiapoque ao Chuí

O chão ardendo, até o fogo foi se aquecendo

E nosso tesouro verde se perdendo.

 

Vidas e vidas se foram

Pessoas, na maioria idosos se despediram da vida, na pandemia

Nas queimadas, nosso animais também, passaram por agonia

E muitas criaturas se transportaram para o além.

 

Mundo afora isso aconteceu

Uma catástrofe generalizada

O planeta doente

Amarrado em fortes correntes.

 

Bem , no momento em que digito

Essas mal traçadas linhas

Fico quietinha , quietinha,

Pois sinto um momento de calmaria.

 

Escrevo esses versos em outubro

Esperando que o ano termine bem

Teremos Natal , reveillon , carnaval?

Te conto ano que vem.

 

 

 Kátia Bicalho - 20/12/2020

 

 

 

 

 

 

 

Energia Divina

O Senhor é meu pastor

Nada me faltará.

Com a mente silenciosa

Posso com Deus conversar.

 

Com essa prosa divina

As baterias vou recarregar

Então a lanterna da Paz

Irá se acender e propagar.

 

A energia da pureza

Com a qual à natureza venho integrar,

É a pilha do poder espiritual

Com o qual posso me curar.

  

A verdade é luz de led

Pois fica acesa até no final

E com ela durmo em paz

Pois tranquila me deixa capaz.

 

A bateria do equilíbrio,

Que não me deixa em extremos balançar,

Junto com a energia da  felicidade irei carregar

E assim radiante, posso ao meu Deus aclamar!

 

Recarregar as energias

Com luz e o amor supremos

Para continuar sendo luz e amor

Nesse espaço terreno.

 

Agradecer a todo instante

Ser ponte, ser estrada, ser caminho que leva á luz.

Deixar a mente descansar em silencio

Para melhor se concentrar.

 

Sem se preocupar com o futuro

Seguir a vontade do Pai

Aceitá-las, pois, vem para o bem

O fluxo está correto e é implacável.

 

Deus é misericordioso, é luz e amor

Tem tudo isso de sobra para dar

Basta querer e subir na árvore divina e apanhar

Os melhores frutos para se alimentar.

 

Kátia Bicalho – 29/12/2020

 

Pautas que me ouvem

Não existe solidão

Após a invenção da caneta e do papel:

O papel me escuta através de sinais

Que a caneta desenha.

 

O pergaminho branco

Dividido simetricamente em laudas

Me ouve tranquilo e imparcial, registrando para a história

O que na memória não ficará.

 

Amigo mais fiel não há

Pois meus segredos nunca irá revelar

Vai guardar por anos a fio

E mais tarde muitos risos provocará.

 

 

Kátia Bicalho – 20/12/2018

Morrer pela Boca

Cresci ouvindo a expressão

"Peixe morre pela boca" e então

Achava normal pois o peixe, pelo anzol fisgado,

Era panela na certa com azeite e limão.

 

O tempo vai passando, o amadurecimento chegando

O anzol vai se diversificando

E a fisgada, ora mais em cima, ora mais em baixo

Vai sempre aniquilando o que antes era amado.

 

Pela boca morre-se fisgado, amordaçado

Beijado, amaldiçoado, engasgado,

Envenenado, inclusive com o próprio veneno.

 

A lição divina mostra que temos

Dois olhos, dois ouvidos

E, apenas um nariz e uma boca

Portanto é preciso cautela com esses.

 

Até a máscara da pandemia

Mostra as duas orelhas sustentando o elástico

E os solitários nariz e boca

De novo sendo adestrados.

  

Nesse caminhar de aprendizado

O óbvio do peixe e o anzol

Transformou-se em grande ameaça

Que, se bobear, deixa apenas a carcaça.

 

Kátia Bicalho - 23/08/2020