Para quem viu
e viveu
E para aqueles que não viram e não viveram
Conto como foi o ano de 2020
Que de normal não teve nada.
No início muita chuva, com raios, trovoadas
Alagamentos, destruição, morte, gente descendo pela enxurrada.
Mas também boas novas, que antes eram preces em
oratórios
Todos nossos medos findaram, com o enchimento dos
reservatórios.
Veio então o carnaval
O rit "O Mundo Vai" explodiu na
parada
Milhões e milhões de pessoas
Seguindo Veveta, o trio e a batucada.
Aí chega o mês de março, que susto!
Um vírus mortal, ataca as pessoas e a
economia mundial
Todos devem ficar em casa, não sair
Fecha tudo, se escondem todos, só o vírus solto por
aí.
Ano de pandemia
Quarentena de dez, quinze, quarenta, cento e oitenta
dias
Os extremos se distanciam, vó e vô para um lado
Netinho, netinha para outro lado,.
Desemprego, medo, susto, tudo isso a um grande custo
As pessoas distanciadas
Depois de longo tempo se acostumaram
E, agora, não querem sair para nada.
Os encontros virtuais pipocaram por todo canto
Foram tantas lives,
palestras, meet
Aulas online, professores descabelados
E alunos entediados.
A família toda em casa, sem saber o que conversar
Teve que aprender com os mais próximos conviver
Conflitos muitos, divórcios, boletins de ocorrência,
Lição grande, que ninguém ainda consegue tudo
entender.
O cotidiano foi se adaptando
Novas formas de se relacionar foram se desenhando
Trabalho em casa, crianças no colo
Vida que se mostrou diferente aos olhos de muita
gente.
O tempo foi passando
O novo normal se moldando
Devagarinho o mundo abriu a porta de casa
E os seres modificados por ela se aventuraram.
Pensando que tudo estava tranquilo
Veio a primavera com o sol a pino
Terra derretendo como sorvete
Floresta ardendo em chama quente.
Calor de quarenta graus
Do Oiapoque ao Chuí
O chão ardendo, até o fogo foi se aquecendo
E nosso tesouro verde se perdendo.
Vidas e vidas se foram
Pessoas, na maioria idosos se despediram da vida, na
pandemia
Nas queimadas, nosso animais também, passaram por
agonia
E muitas criaturas se transportaram para o além.
Mundo afora isso aconteceu
Uma catástrofe generalizada
O planeta doente
Amarrado em fortes correntes.
Bem , no momento em que digito
Essas mal traçadas linhas
Fico quietinha , quietinha,
Pois sinto um momento de calmaria.
Escrevo esses versos em outubro
Esperando que o ano termine bem
Teremos Natal , reveillon
, carnaval?
Te conto ano que vem.
Kátia Bicalho - 20/12/2020