Cresci ouvindo a expressão
"Peixe morre pela boca" e então
Achava normal pois o peixe, pelo anzol fisgado,
Era panela na certa com azeite e limão.
O tempo vai passando, o amadurecimento chegando
O anzol vai se diversificando
E a fisgada, ora mais em cima, ora mais em baixo
Vai sempre aniquilando o que antes era amado.
Pela boca morre-se fisgado, amordaçado
Beijado, amaldiçoado, engasgado,
Envenenado, inclusive com o próprio veneno.
A lição divina mostra que temos
Dois olhos, dois ouvidos
E, apenas um nariz e uma boca
Portanto é preciso cautela com esses.
Até a máscara da pandemia
Mostra as duas orelhas sustentando o elástico
E os solitários nariz e boca
De novo sendo adestrados.
Nesse caminhar de aprendizado
O óbvio do peixe e o anzol
Transformou-se em grande ameaça
Que, se bobear, deixa apenas a carcaça.
Kátia Bicalho - 23/08/2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário