domingo, 10 de janeiro de 2021

Morrer pela Boca

Cresci ouvindo a expressão

"Peixe morre pela boca" e então

Achava normal pois o peixe, pelo anzol fisgado,

Era panela na certa com azeite e limão.

 

O tempo vai passando, o amadurecimento chegando

O anzol vai se diversificando

E a fisgada, ora mais em cima, ora mais em baixo

Vai sempre aniquilando o que antes era amado.

 

Pela boca morre-se fisgado, amordaçado

Beijado, amaldiçoado, engasgado,

Envenenado, inclusive com o próprio veneno.

 

A lição divina mostra que temos

Dois olhos, dois ouvidos

E, apenas um nariz e uma boca

Portanto é preciso cautela com esses.

 

Até a máscara da pandemia

Mostra as duas orelhas sustentando o elástico

E os solitários nariz e boca

De novo sendo adestrados.

  

Nesse caminhar de aprendizado

O óbvio do peixe e o anzol

Transformou-se em grande ameaça

Que, se bobear, deixa apenas a carcaça.

 

Kátia Bicalho - 23/08/2020

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