Quando achei que era para mim
A distância providencial para mim
O motivo da festa era eu
A saudade era de mim
Como nunca me arrumei
Roupa da moda no sudeste
Todo o corpo perfumei
Batom combinando com a veste.
Vem o balde de água fria
Gelado como açaí
Era tudo para uma outra
Quantas mais há por aí.
Que vontade de ser um verme
De rastejar para longe dali
De tirar toda roupagem
Preparada com esmero para ti.
Mesmo com o orgulho ferido
Engoli a seco e me diverti
Mesmo chorando por dentro
Por fora eu só sorri.
Senti raiva e medo sem fim
Vazio em todo meu ser
Compadecida de pena de mim
Vi o abismo aparecer.
As cortinas então se fecham
Ao som do Bolero de Ravel
Sem aplausos e sem platéia
Exponho no varal um novo cordel.
Kátia Bicalho - 21/03/2015
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