terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Pero no Mucho


Creio, pero no mucho
Amo, pero no mucho
Odeio, pero no mucho
Confio, pero no mucho.

O copo nunca está cheio
Sempre tem dois centímetros de vazio
De oco, de fundo, de chão
De medo, de dúvida, de solidão.

Dois centímetros de nada
Mas, e o ar que aí se estoca?
Não o vejo, não posso tocar
Mas a lei da física afirma que ele ali está.

Então o copo nunca está vazio
Sempre cheio de alguma substância
O que falta, você não distingue agora,
Mas vai entender quando sair mundo afora.

Puxo o fio para dar corda,
Boto pilha para pilhar,
Boto lenha na fogueira para esquentar,
Busco a natureza como forma de acreditar.


Kátia Bicalho   14/10/2019

Estagnação


Vinte e quatro horas de paradeiro total
Silenciosamente remoendo passado
Inutilmente desenhando o futuro
Inconscientemente negando o presente.

Inércia total: corpo inerte, mente inerte
Estômago anestesiado, juízo aniquilado
Até o vento parou, o barulho estancou
O mundo, como estátua, cacrelou.

A decisão vai sendo adiada
Sempre, e a cada dia mais.
Amanhã tudo acontecerá
E nada sairá perfeito.

Só por um milagre, por força do além
Pois aqui em baixo sem decisão
Firme, embasada, diagnosticada
O outro dia será de estagnação anunciada.      

Kátia Bicalho – 20/10/2019

Minhas Crias


Escrevo, deixo descansar
Digito, deixo crescer
Reviso, deixo amadurecer
Se amadurece, ponho-me a colher.

A colheita é a exposição
Publicação de leitor único, eu mesma
Mas, registrado e historiado está
Muitas vidas que não me atrevo a contar.

Acredito que daqui a algum tempo
Não lembrarei dessas realidades retratadas
Mas, mudando o sentido das palavras,
Outras versões poderão ser imaginadas.

Kátia Bicalho – 20/10/2019

Controle Remoto


Comprei um controle remoto para controlar você
Cada aperto um flash! São muitos os comandos:
Botões de todas as cores, um tal de liga, desliga, religa,
Muda, aumenta, diminui, troca, escurece e brilha.

Aperto o botão de ligar e você vem para mim, sem teimar
Aperto outro botão, ganho beijo e abraço de amassar
Se toco no azul me tira os sapatos, no amarelo, alisa a minha blusa.
No branco me carrega em seus braços e, no vermelho, partimos pro abraço.     

Quando aperto o laranja, você canta para mim
O roxo me lambe a orelha e o pescoço,
Com o rosa, goza! Então resolvo resetar
E aperto o lilás para tudo recomeçar.

Kátia Bicalho – 21/10/2019

E Agora Joaquim?


E agora Joaquim?
Sem Josés, sem “azuis celestes”,
Sem joelho, joanetes e “janetes”
Sem o teu e o meu preciosismo
Sem foguetes e sem festas com ilusionismo.

Nem de longe a prepotência acentuada
Contrastando com um jeito meio meigo de ser.
O poder, o discernimento, o comando,
Nada mais faz parte de você.

Agora o corpo obeso, teso, duro
Tem a memória presa em algum neurônio caduco.
É como uma espada que nos golpeia e mostra que,
Nada será eterno, apesar da gravata e do terno.

Kátia Bicalho – 11/10/2019

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Abusei


Será que abusei?

Quando uma canção para você criei?
Será que vão me julgar
Me condenando a não mais cantar?

Mais uma vez a pegadinha da escolha
A escravidão do livre arbítrio
Mas, como ainda sou jovem
Muito me penitenciarei.

A começar por essa mania
De tudo querer criar e doar
Parar, deletar, rever, recorrer
Ah, deixa pra lá. Ninguém vai me fazer morrer.

Ainda bem que escrevo
Para a culpa diminuir
O pecado redimir, nesse momento,
Para em outra ocasião se repetir.       

Kátia Bicalho – 13/10/2019

Direito ao Amor


Algum estúpido cupido acha
Que tenho direito ao amor
Do jeito que eu quiser
Do jeito que sei como é.

Aí a vida, as pessoas
Me cutucam e dizem sem perceber        
Você não tem esse direito mais não
Seu tempo já passou.

Porquê sua pele enrugou
Seu cabelo raleou
Seu desejo desabou
Sua boca afinou.

Aí eu que achava que tinha
Passo a achar que não tenho mesmo
Me analiso em frente ao espelho
E me vejo com o olhar alheio.

Kátia Bicalho – 11/10/2019

Help me


Help me
I need you now
I can’t live without you
I need to see your smille
The same smille I saw
On that gateful day
When I lost the best oportunity
To have you in my arms
To throw you in my bed
And love you all the nigth.

Now, I need you now!
Where are you?
Where did you hide?
Call me!
Tallk to me!    

Now, now, now
I need your love
Give me, give me
Your samille, your love!
Give me, give me
Your smille, your love!

Kátia Bicalho – 14/10/2019

Reflexo


Espelho, espelho meu
Tem alguém mais quieta do que eu
Tem alguém mais sonolenta do que eu
Tem alguém mais bela que o antigo retrato meu
Tem alguém mais preocupada com o filho do que eu
Tem alguém mais animada do que eu
-Tirando os momentos de desânimo meu-
Tem quem escreva coisa assim, como eu
Tem quem ganhe menos do que eu
Tem quem goste de comprinhas, como eu                                        
Tem quem procure e não ache, como eu
Tem quem lacrimeje o olho direito como eu
Tem quem não admita que não é novo nem velho, como eu
Tem quem não pense em sexo, como eu
Tem quem não tolere conversa longa, como eu?
Espelho, espelho meu, não se vá, fique
Não se quebre ou embace por refletir-me
Você se vê quando me vê?
Então se pergunte: Eu, eu meu
Tem alguém que me reflete melhor do que eu?

Kátia Bicalho – 20/07/2019

Você, Marcos Fucs


Dos quatro elementos
Fogo, terra, água e ar
Um pouco de cada
Em você consigo encontrar.

Primeiro o fogo
Pois energia e juventude
Exalam do seu olhar
E por onde passa, o tempo tende a mudar.

Como a terra, firme,
Segue o seu caminhar
E o ar, esse chega a faltar
Quando o diafragma se faz exercitar,

Ah! A água!
Essa, é em você que deságua                
Pois mais que rio, corredeira, cachoeira
Você Marcos Fucs é o próprio mar.


Kátia Bicalho – 10/10/2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Cinzas de um amigo, (Para Hélio de Bié, Bié de Maria)


Cinzas de um amigo,
Colega de infância, companheiro de jornada.
Tantos papeis assumidos, tantos caminhos percorridos,
Vida feliz, completa, repleta, nada quieta.

Restam cinzas, mas elas não são cinza.
Vejo nelas todas as cores: cores da praia de Geribá,
Cores do bloco de carnaval Geriboi, cores das caranguejadas,
Cores das conversas animadas, sempre regadas com aquela cachacinha.

Vejo cores da cidade de Macaé,
Cores da plataforma, do petróleo, do escritório
Cores de todos os peixinhos do fundo do mar,
Cores de todos os sóis e de todos nós.

Cores de Bom Jesus do Amparo, sua terra de coração,
Cores da família extensa, linda e acolhedora,
Cores dos amigos, dos conterrâneos, dos contemporâneos.
São cinzas coloridas, vividas e que jamais serão esquecidas.

Kátia Bicalho – 12/10/2019
(Dindinha Num)

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Agenda Velha


Comprei uma agenda no meio do ano
Bom preço, oferta da hora
Metade das páginas já tiveram a missa dita
Metade para frente surpresa da vida.

As folhas mortas serviram de consolo
Para minha poesia de palavra torta.
Páginas aceitam de boa o rabisco
Que d’alma ressoa e do coração brota.

Caneta nova deslizando
Nas datas que já viraram história
Registrando pensamentos desordenados
Encobrindo o bem e o mal, emaranhados.

Muitas páginas foram preenchidas
De uma tacada só, como um rolo compressor
Se esses rabiscos vão prestar ou não, nem sei
Agenda velha não tem valor nem leitor.


Kátia Bicalho – 20/07/2019

Coco Vaidoso


O coco vaidoso
Com inveja dos garotos da praia
Abriu uma fenda no couro
E colocou uma flor para se embelezar.

O conteúdo, a água doce e macia,
Ficou em segundo lugar
Pois a imponente florzinha
Brilhou mais que o luar.

O vento sempre atento
Na flor passou a assoprar
E sem que ninguém notasse
A flor começou a murchar.

Perdendo a sua beleza
Ela se pôs a chorar
O coco, desconcertado, à flor dirigiu o olhar
E esse olhar foi o bastante para ali, uma paixão se iniciar.

Kátia Bicalho – 15/03/2019


Silêncio do Mar

Posso considerar silêncio
O barulho que ouço do mar
Ou considerar como um canto
De um cantor querendo me encantar?

Considerar também como um sussurro
De alguém que me chama para amar
Ou como um assovio gostoso
Psiu, psiu, venha me encontrar?

Ouço o silêncio,
Ouço o canto,
Ouço o sussurro,
Ouço o assovio!

E, então grito: não precisava de tanto
Pois é para você que vou caminhar
Me deliciar em suas águas
E juntos um sonho sonhar

Kátia Bicalho – 16/03/2019

Vento


Vento que balança barcos e coqueiros
Vento que refresca a água do mar
Vento que canta em meu ouvido
Doces cantigas de ninar.

Vento que traz e que leva
Conversas do mundo pra lá e pra cá,
Vento que brinca com as folhas das árvores
E essas,quietas,ficam só a observar.

Vento que me alerta,
Que me acalma,
Que  toca meu corpo
Como somente um amante sabe tocar.

Kátia Bicalho – 15/03/2019

O que fazer quando não se tem nada a fazer


Heim? Que situação
O que fazer quando não se tem nada a fazer?
Penso assim:
Fazer nada também é fazer.

Qualquer que seja a ação ou reação
Será sempre uma escolha
Mesmo que seja
Não mexer uma folha na alcova.

Ficar na cama, debaixo da cama
Em pé perto da cama
Ou sair porta afora,
Não importa, tudo é agir.

Por isso sempre digo
Não cai uma folha
Que não seja fluxo natural
Escolha feita, ação realizada.

O melhor a fazer
É olhar tudo com muita naturalidade.
Acolher os atos, transformar em dado e
Distribuir amor que é a melhor ação de fato.
                                     
Kátia Bicalho – 20/07/2019

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Vento Frio



Pela fresta vai entrando
Nem despista e entra assombrando
Vai procurando a gente
E tem preferência pelo nariz, mão e dente.

Sempre fica uma brechinha na janela
Que ninguém encontra a fresta
Aí ele entra e sopra, gelado e fino
Tocando os pés como formiga na floresta.

Talvez alguém consiga explicar
O porque desse vento frio querer entrar
Saberá ele que lá fora
Será livre como os pássaros sem gaiola?

Kátia Bicalho – 20/07/2019 

Não tem como voltar



O tempo confirma
Ele está passando.
Não tem como voltar
Nem como adiantar.

Por isso hoje, escute seu coração,
Escute seu bolero predileto
Com uma taça do seu melhor vinho,
Com sua melhor roupa.

Pense, pense, pense
Tente lembrar o que te faz feliz,
O que te remete a bons momentos.
Resgate os acontecimentos.

Mas não estacione aí
É parada proibida
Porque o dia, o watzap e a noite
Te cutucarão e te darão um açoite.

Kátia Bicalho – 20/07/2019

Amor Imortal



Comecei a ler, aliás estou quase acabando
O livro imortal: Marília de Dirceu.
Estou perplexa e aturdida
Esse amor existe mesmo ou são palavras perdidas?

Todo o mundo de uma pessoa
Girando em torno de outra
Nada mais existe, nada mais importa
Só enxerga a vida se vê o outro entrando pela porta.

Sei não, isso eu não vivi
Não posso falar se é bom ou ruim
Realmente, só quem isso sentiu pode declamar,
Aos quatros cantos, o que é essa forma de amar.

Kátia Bicalho – 20/07/2019

Ouvindo Bolero


Ouvindo bolero ouço a frase
“Você tem o amor que merece.”
E agora José?
Nada tenho, nada mereço?

Onde errei ou será que melhor perguntar onde acertei?
Acertei na mosca, no meio do alvo
Ou o tiro saiu pela culatra
Não restou nem amor nem a lata.

Para quem gosta de bolero
Tempos idos são maiores que os que virão
Portanto, esqueça a competição
Medalha de ouro não ganha mais não.

Kátia Bicalho – 20/07/2019

Fazer o Bem



Fazer o bem sem olhar a quem.
Sem enxergar ninguém.
Mas quem é este quem?
Aquele mal amado que não te quer bem ou
Aquele que lhe quer mal e desiste de fazer o bem.

Fazer o bem onde nem o bem vem
Tornar-se bem onde só o mal intervém
Mal e bem nunca chegam a um acordo
O mal não faz o bem, pior que tem bem que não faz também.

Kátia Bicalho – 20/07/2019


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Cara a cara


Como será minha cara?

Gostaria de me ver

Quando vejo os outros

E só os outros podem me ver.



Cara, bocas e caretas

Riso frouxo, sorriso, queixo caído

Cabelo assanhado ou

Laço amarrado do lado errado.



Como é minha voz

Para o ouvido alheio?

Soa como música clássica

Ou como uma britadeira básica?



Será que olho no olho ou na testa,

E quando rio, quantos pés de galinha crio?

Não sei se falo baixo, alto ou urro

Se sou microfone ou sussurro.



Queria ter um espelho ou ser um espelho

Que me mostrasse a outra face

Mas que nunca me apontasse

Que preciso fazer a dieta do alface.



Kátia Bicalho – 14/05/2019

Gran Finale


Gente, a turma está se aposentando

Sai um, sai outro

E eu vou ficando, deixando para a última hora

Quando o tempo estiver acabando.



Levo susto, muito susto

Pois acho aquilo estranho

Pessoas que ocupam posições importantes

De um dia para outro não são mais mandantes.



Tem gente que digo: “demorô”!

Tem outros que gostaria de compartilhar conversa

Tem gente que gosto muito e não só nesse momento

E de repente, nada mais de entrosamento.



Quem vai sente muito

Quem fica, se enrola com o trabalho

Depois de alguns meses

Parece que nada foi alterado.



Kátia Bicalho – 14/05/2019


Sem Nada, Assim


Sem pressa

Sem stress

Sem perspectivas

Desejo de conectar apenas com a natureza.



Peixe na brasa

Meu rei, minha rainha.

Onde parou o príncipe

Que disse que um dia chegaria?



Olho para o rio

Vejo o sol

Olho para o céu

Vejo o mar.



O espelho d’água

Reflete o espelho d’alma.

Me jogo no sonho

De nunca parar de sonhar.



Kátia Bicalho – 16/03/2019

Mão Boa


Plantei suculenta, nasceu trevo de 4 folhas

Plantei lichia, nasceu pé de milho

Plantei alho, não vingou

Descobri porque desse último, o vampiro tem pavor.



Plantei tâmara, que sei que não vou colher

Plantei manga, pezinho cresceu

Plantei arruda, que vou guardar

Para quando de ajuda precisar.



Planta, verde, aroma doce

Folha seca, flor de cor, cor do amor

Vaso que quebra, muda que pega

Broto que nasce do galho que enverga.





Kátia Bicalho – 20/07/2019

De Volta ao Passado


Anos e anos se passaram

Trinta, quarenta, talvez, difícil contar

Lugares novos que meus olhos encontraram

Lindo planeta a desbravar.



Eis que me vejo aqui

Caraíva, Praia do Espelho, Satú, Cambaú

Como num túnel do tempo

Vejo e ouço o passado a se apresentar.



As mesmas músicas

Jovens hippies, casais “hetero”, “homo”

Fumacinha no ar

Gil, Chico e Caetano a tocar.



Sinto-me feliz em estar aqui

Como se esse lugar esperasse por mim,

Tivesse sido reservado para mim

Um pedacinho do meu paraíso, enfim.



Desta forma olho para o mar

E percebo que o ciclo vai sempre recomeçar

Como a doce onda, que vai e retorna

E não se cansa dos meus pés molhar.



Kátia Bicalho- 16/03/2019

domingo, 28 de julho de 2019

Tá Frio


O frio pegou de jeito
Aquele frio que há muito não via
Melhor dizendo, não sentia até
Frio que combina com tijolo quente no pé.

Frio nas pernas, próximo ao joelho e calcâneo
Frio que, pelo menos um dia, faz pular o banho.
Abacadabra! Revivam perfumes franceses e casacos europeus
Saiam do armário perfumem e aqueçam o corpo meu!


Kátia Bicalho, 20_07_2019

Promessa


Fiz uma promessa
De não comprar nada pela internet
Por um mês.
Ai, tomara que passe veloz!

Que nada, já me acostumei
Então deve ser coisa boa
Porque bom acostuma rápido,
E a economia fortalece o pacto.

Costume se tira com esforço
Reflexão, avaliação e vontade
Ver outra forma de fazer
Abrir a mente para nova forma de viver.

Ao enxergar uma nova maneira
O ego perde poder e sofre.
É vá se acostumando seu ego pobre,
Com gente nova no poder de pensamento nobre.

Kátia Bicalho, 20_07_2019

Boneco Sem Boca


Só você mesmo! Disse a costureira
Pagar caro por um boneco sem boca
Só me faltava isso,
Sua louca!

O negócio é o seguinte:
Se coloca a boca rindo ou chorando
O boneco será sempre o mesmo.
Sem boca, será o que tenho por dentro.

Compra feita, boneco no quarto
O danado só fica de olho espantado
Parecendo assustado, mas não é
Está só querendo café.

Kátia Bicalho, 20_07_2019

Novos Pensamentos


Todo pé torto tem seu sapato velho
Todo sapato velho tem que ter um pé torto
Hoje penso que Shakespeare trocaria o “To be or not to be”
Pelo “Sapato velho, ter ou não ter”

Como seriam as grandes reflexões
Dos grandes pensadores nos dias de hoje, fico imaginando
Acho que, não sei... vou dizer meio cabreiro...
Um deles com certeza diria “Caraca veio”.

“Toda caminhada começa pelo primeiro passo”
Viraria: toda caminhada corre risco no primeiro buraco.
“O universo conspira a favor”
Seria: O universo nada faz porque não respira.

“Quem tem dois, tem um, quem tem um, nenhum”
Quem tem dois está cheio de boleto,
Quem tem um está no aperto
Quem não tem nenhum, quer pelo menos um.

“Amor com amor se paga”
Amor com dinheiro se paga, melhor cartão ilimitado
Sem dinheiro ou cartão, não se iluda, camarada,
É tudo carcaça.

“Cão que ladra não morde”
Cão morde, ataca
São muitos, muitos cães
E com vacina atrasada.

“Enverga mas não quebra”
Enverga e quebra pois
Não enxerga, não carrega
Senta no sofá e a bunda prega.

É terráqueos, eis a promessa
Para a lua agora mandarão nova remessa
Vou esperar a de Marte
Para ver se encontro lá nova forma de arte.


Kátia Bicalho – 20_07_2019

Saudosismo


Engraçado, tem dia que bate uma saudade
Dos tempos idos e vividos
De determinadas pessoas
De certos momentos mesmo inexpressivos.

Penso que essa saudade seja, mais
Do sentimento proporcionado pelo momento,
Do que do próprio evento passageiro
Ou daquele acontecimento tão brejeiro.

O fluxo da vida se mantém inalterado
Continua firme como nos tempos passados
Vai rasgando, apesar de estar costurando
Vai derrubando, apesar de estar construindo.

Até as rugas do rosto e do pescoço
São construções criativas
Mas essas, meu camarada, vou dizer
São osso duro de roer.

Haja creme, plástica, banho disso, banho daquilo
Nada estica essa epiderme
Pois o frescor da juventude
Também nasce, cresce, amadurece e apodrece.

O importante é seguir em frente
Não deixar a peteca cair
Vai catando cavaco, mas vai
Você é você e irá conseguir.

Kátia Bicalho – 20_07_2019

sábado, 29 de junho de 2019

Arrumadinha


Frente fria
Costas quentes
Meio ardente
Boca com pasta de dente.

Frente rebocada, com alfazema perfumada
Boca de batom besuntada
Casa velha pintadinha
Fica até engraçadinha.


Kátia Bicalho
22-02-2019

Caminhada


Um dois, feijão com arroz
Que combinação acertada
Igual os meus gambitos
Quando estão em caminhada.

Um, dois, um, dois
Passo a passo, seguindo a estrada
Cada passo é um pé
Ou só conta se forem os dois?

Eita mundo engraçado
Até passo é mistério a se desvendar
Onde um pé pisa
O outro nunca vai pisar.

Cada um tem seu espaço
Se respeitam e se completam
São irmãos, são fraternos
Vão pra frente se eu quero.


Kátia Bicalho
14-02-2019

Bolo da Vida


Não tem receita nenhuma
O bolo que cresce aqui, encroa acolá
O que fica fofo cá
Nem faca elétrica corta lá.

Tem muita gente que distribui receita
Mas quando a gente vai seguir
A medida não cabe em nossa gamela
Nem na forma, que nem untada está.

Na vida, cada bolo é um bolo novo
É uma receita única que ninguém pode seguir
E o que se vê é muito bolo queimado
Assando por aí.


Kátia Bicalho
14-02-2019

Outros Carnavais


Estou muito atenta
Às mudanças do meu ser
Corpo e alma
Era assim que queria ser quando crescer?

Paladar, audição, tato
Não estão em sua nata condição
O gosto pelo carnaval
Nem imita o antigo astral.

“Tô nem, tô nem aí”
Não estou nem preocupada
Aliás, eu, essa euzinha aqui
Não tenho culpa de nada.

“Se o mundo acabasse amanhã
Sabe o que eu faria
 Passava a última noite meu bem
Em sua companhia. “

E virava um caneco na folia!!

Kátia Bicalho 29-06-2019

Maiores Mudanças


Era como coruja, noturna
Agora, mais que galo, diurna, só não faço cantar
Feriado, férias, sábados e domingos eram amados
Agora, espero impacientemente a segunda chegar.

Bebedeira noite a dentro
Cantoria nas altas madrugadas
Hoje, só uma taça de vinho canção
Porque é bom pro coração.

Muita farra, amigos, namoros
Hoje, pago pra só ficar
Em silêncio, música baixinha
Bem "Zen" a meditar.

Pegar a 381 conhecida como rodovia da morte
Era caminho da roça sem medo algum
Hoje, só com muita sorte
Pra enfrentar a senhora da morte.

Ficar em casa em dia festivo
Levava à “deprê” e ao tédio.
Hoje, lar doce lar é o que digo
Quando chego na sexta e só saio no domingo.

Kátia Bicalho  
31- 12- 2018

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Mundo Interno


Que lugar libertador
Que tesouro contido dentro da flor
Ninguém enxerga, ninguém ouve
Ninguém sabe o enredo da história.

Só um e apenas um entre todos
Somente uma pessoa, única
Pode ali se hospedar
Tudo ler, tudo ver, tudo sentir e reformular.

Essa pessoa pode saborear o conteúdo
Pode alterar o final, transformar o anormal
Pode dizer bem alto com convicção
Aqui dou dono, não aceito intromissão.

Kátia Bicalho – 04/02/2019

Coragem ou Covardia


O andarilho ensanguentado
Pelos espinhos e arames arranhado
Visivelmente mostrava a pele fina e clara
Contrastando com o brilho dos olhos amargurados.

A bebida em excesso
Tirou-o da convivência social
Mas apesar da aparência e dos horrores
Manteve sua ética e valores.

Na síndrome da abstinência
Sem a aguardente para deglutir
Bebeu com gosto o querosene
Que seu estômago passou a destruir.

Desse ato desmedido
Consequências a perder de vista
Hospital, internação
Muitas noites sem dormir.

Por outro lado também
Tudo que mal faz pode bem fazer também
Nenhum verme rotineiro, asqueroso
Sobreviveu ao líquido venenoso.

Seu corpo tomado
Por células indesejáveis
Tirou-lhe a vontade
De mastigar e deglutir alimentos

Diante de tal gravidade
Só rasgando-lhe o corpo com bisturi
Mas a decisão tomada
Foi deixar a doença o consumir.

Definhando lentamente
Á mercê do firmamento,
Sem água ou qualquer alimento
Foi-se com grande sofrimento.

Foi coragem ou covardia
Que tirou-o dessa agonia?

Kátia Bicalho 24/09/2018

Sapatinho de Princesa


Tenho um sapatinho de cristal
Quando o calço viro princesa e,
Quando subo num tijolinho
Me sinto num pedestal.

Calos, joanetes, esporão
São desconsiderados nesse momento
Mas depois de tirado o sapato
Volta a hora do sofrimento.

O brilho do cristal
Contrasta com o pé rachado
Mas quem se importa com isso
Se o príncipe for encontrado!

Kátia Bicalho – 30/05/2019


Oui, oui


Samba Lelê
Samba Lalá
Samba Lelê
Samba Lalá!


Kátia Bicalho – 30/05/2019

Elementos


Lixo
Ambiente
Cuidado
Preservação.

Água
Ouro
Tesouro
Gota Preciosa.

Ar
Vento
Vida
Suspiro.

Terra
Chão
Segurança
Mundo.

Fogo
Cor
Luz
Calor.

Kátia Bicalho – 30/05/2019

MIBLABLÁ


Hoje tudo gera
Blá, blá , blá , blá
Blá, blá, blá, blá
Me poupe: blá ,blá, blá , blá.

Chega também de mimimi
Mimimi, mimimi, mimimi.
Isso é demais e só acontece por aqui
Mais mimimi, mimimi, mimimi.

Blá, blá, blá
Mimimi, mimimi, mimimi
Menos, menos por favor!
Meu ouvido não é penico de cocô.

Mimimi, blá blá blá
Miblá, miblá, miblá.
Segure a onda para não entrar
Mas, mimimi, blá, blá, blá, blá.

Kátia Bicalho – 30/05/2019

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Opcional


Foi minha opção
Minha e da Gamôra também
Como levar a bichinha de carona
Fedorenta, digo, com cheiro de cachorro molhado.

A estrada, interditada, fez a escolha por mim.
Agora até que eu me sinto bem.
Vou me preparar como se fosse uma rainha
Meu ano novo vai começar e olha como será.

Com vela vermelha, branca
“Colorfull”, azul, verde e amarela.
Tem vela com pavio torto
E vela de valor improvável.

Tem espumante italiano
Queijo curtido no vinho, na pimenta
Pão de queijo e carne de panela,
Já que não pode comer carne de animal que cisca.

A felicidade é grande, me dói só o braço
Eu e eu, eu e a cachorrinha
Que não apareceu
Passou o ano sozinha.

Folgo em saber que estamos por aí,
Todas as pessoas,
Todos parentes,
Brindando o dia novo, todos contentes. 
 Kátia Bicalho – 01/01/2019

O Elo


Que elo?
Não sei.
São tantos elos.

Qual elo
Quem o criou?
Não sei
Cada um tem o elo que merece!

Qual quero?
Não sei.
Nem sei se gosto de elo ou mesmo,
Se foi criado para mim.

Pego ou não o elo?
Não sei.
Pego o elo.
E se for um chinelo?

Kátia Bicalho – 31/12/2018

Irmandade


Irmão sol
Irmão mar
Irmã onda
Que vem me abraçar.

Parece uma criança
Pois vai e vem sem parar
Abraça novamente
E corre ligeirinho para o mar.

Irmã areia
Que limpa meus pés
Deixa-os fininhos,
Para sobre ela pisar.

Rocha irmã
Deitada eternamente
Como casco de tartaruga
Suporta o peso de muita gente.

Vento irmão ou
Brisa irmã
Que a todos refresca
Traz e leva doses grandes de alegria.

Chuva irmã
Que vem de nuvens pesadas
Cai leve e mansa
Deixa o mar em abundância.

Seres humanos
Seres irmãos?
São os que menos se reconhecem
Em meio à multidão.

Kátia Bicalho – 18/10/2018

Descoberta


Veja o que descobri
Que ninguém poderá viver a vida que vivi.

Ninguém pode ser quem sou,
Quem fui e quem serei.
Ninguém pode ter os meus sonhos que sonhei
E nem os que ainda não realizei.

Tudo é meu
O que cada momento representou
Cada pensamento e por onde voou
Cada ilusão que em realidade se configurou.

Todo sentimento, toda cicatriz
Só pertence a mim
Ninguém pode tomar o vinho que bebi
Nos eternos momentos que inventei.

Kátia Bicalho – 31/12/2018

De Dentro Para Fora


De dentro para fora
Temos vísceras, membranas
Músculos, ossos
Veias e artérias de onde o sangue se esparrama.

De dentro para fora
Liberamos gases para cima e para baixo
Também excrementos, líquidos
Por orifícios, poros e outros buracos.

De dentro para fora saem palavras,
Canções, orações, citações
Saem sentimentos, confusões e entendimento.
Sai gás carbono e entra oxigênio.

De fora para dentro
Veem os estímulos, captados pelos órgãos dos sentidos
Que agem, reagem, interagem
E ninguém sabe o que vai sair, de dentro para fora.

Do que vem de fora
Pouco podemos controlar
Já o que vem de dentro
Sua vida controlará.

Kátia Bicalho – 01/01/2019

quinta-feira, 28 de março de 2019

O Piado



Que piado é esse?
Será o meu pássaro
Ou o de alguém?
O meu era meu
Mas agora é de alguém.
O de alguém era meu
Mas agora é de outro alguém.

Algum algo parece acontecer
O piado dele eu sei reconhecer
Apesar da semelhança de todos
O que chega ao meu ouvido tem sensação.

Um dois três
Ninguém para contar a história.
Ficaram no ar
Os voos rasantes, penas, asas a arfar.



Kátia Bicalho - 31/12/2018

O Braço


O braço saiu do lugar
Por que o braço saiu do lugar?
O que o braço queria pegar?
O que o braço fez fora do seu habitat?
Queria me falar?
O que ele iria fazer, onde iria se agarrar?
Coloquei-o de volta à concha antes de saber
O que tinha para me contar.
Só pode ser alguma fofoca
Dos ossos que moram lá.
Não quero saber de diz que me diz.
Volte e não tente me enganar!
Preciso que me ajude os trabalhos terminar.


Kátia Bicalho – 31/12/2018

Depois de Amanhã


Depois de amanhã
É o último dia do ano de 2018.
Preparar para depois de amanhã:
Roupa nova, sapato novo,
Cores diversas e seus significados.

No depois de amanhã
Vou colocar todas as minhas esperanças
Escrever planos
Mas, só depois de amanhã.

Depois de amanhã vou tomar o Champanhe
Que espera ansiosa para explodir em desejos
Para virar o ano
Mas, é depois de amanhã.
Hum! Tenho que dormir hoje e acordar amanhã
Aí, o depois de amanhã já será amanhã.

Quando chegar o depois de amanhã,
Que amanhã já será amanhã
Então virá o depois de amanhã, que já tinha virado amanhã.
E agora? E depois?
Deixa para amanhã!

Kátia Bicalho – 31/12/2018