domingo, 12 de novembro de 2017

O Dente e o Pente

O dente tão branquinho
Comeu um chocolate marrom
Ficou todo pintado
Mas no espelho foi denunciado.

O pente vendo aquilo
De risada se contorceu
Mas quando o dente percebeu
Do espelho se escondeu.

O dente então nervoso
Disse com desdém ao pente
O que tens pendurado no corpo
Senão uma fileira afiada de dentes?

No meu só tem chocolate
Gostoso, com sabor de quero mais
No seu tem cabelo oleoso
Poeira, caspa, lêndea e piolho.


Kátia Bicalho – 18/04/2017

Meu Lar

Meu lar é o silêncio da noite
No espaço infinito e solto
Negra pintura estrelada
Tempo inexistente porém, inesgotável.

Nesse mundo não tem gravidade
Anjos flutuam como estrelas no céu
Dançam como se ouvissem serenamente,
Tocado em harpa, o Bolero de Ravel.

No meu lar me sinto em casa
Onde banho e perfumo minha alma nua
Busco luz e energia
Par enfrentar as adversidades da rua.

É meu cantinho infinito
Minha fonte de calor
Meu caderno pautado
Com meus poemas de amor.


Kátia Bicalho – 13/08/2016

Natal Invertido

O sentido do Natal
Anda meio invertido
Os presentes e festança
Pesam mais que a esperança.

Do menino nascido
Na gruta de Belém
Muita gente nem se lembra
Mas na ceia come e bebe bem.

O comércio se ilumina
Casas, ruas com milhares de luzinhas,
A lembrancinha para dar
Que nem sempre a todos vai agradar.

O sentido do renascer
Do culto ao amor e a paz
Do abraço solidário e amigo
Vai ficando para trás.


Kátia Bicalho – 23/08/2017

Flor de Lótus

Ser sempre como a flor de Lótus
Fazer diferença, ser diferente
Não se deixar enlamear pela negatividade
E em paz a energia vai virar positividade.

Combater o bom combate!
Ser mais forte que o inimigo.
Ganhar o mundo com amor e força da mente
Agradecer e louvar diariamente.


Kátia Bicalho – 04/04/2017

Enfim!

Enfim acabado,
Junto e misturado!
Tudo foi colado, recortado
Imaginado, desenhado, resgatado.
História revivida e contada.

Imagens inusitadas,
Sala bagunçada,
Folhas espalhadas,
Figuras estampadas
No papel reciclado.

Com certeza o trabalho será criticado
Mas por alguém poderá ser elogiado.
Será que foi tudo encaixado
E ressignificado?
Ou ficou pior por que tudo foi revirado?
Pois que seja,
A vida não é um quadrado!


Kátia Bicalho – 23/08/2017

Dia de Lembranças

Duras lembranças
Perdas, sustos, desorganização de ideias e comportamentos.
Medo, escuridão.

Passados 365 dias
O tempo inesgotável e eficaz remédio
Amenizou as dores das perdas
Aliviou tensões e encaixou os parafusos da cachola.

O aprendizado foi grande
Do tamanho do sofrimento.
Os queloides lembram os cortes
Mas também que tudo está cicatrizado.

Gente, que presente é realmente o presente!
É intenso, doador, forte, robusto
É finito dentro do infinito
Não retorna mas, passa e passa .


Kátia Bicalho – 17/08/2017

Basta!

Haja folha de parreira
Para tampar todas as vergonhas
Do país das palmeiras e das roubalheiras.

Seu símbolo natural
O Pau Brasil quase extinto,
Tem a cor do meu rosto
Ao ver tanta bandalheira.

Precisamos urgente redescobrir nossa pátria
Retirar as folhas de parreira
Entregar a terra aos seus filhos de vez
Estampar a original e mais pura nudez.

Acabar com essa palhaçada
Que envergonha destrói toda nação
Voltar a vestir as cores da bandeira
E dizer com orgulho: Sou brasileira!!


Kátia Bicalho – 22/08/2017

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Caça e Presa

Quem é a caça?
Quem é a presa?
E o caçador?

A caça é presa em seu medo
Está sempre em fuga
Com o metabolismo acelerado
Muitas vezes corre para o lado errado.

A presa já não tem medo
Reflete no espelho somente desespero
O suor molha toda sua pele
Ao sentir a força daquilo que a fere.

O caçador em insistente perseguição
Só se esconde quando a luz o ofusca
É valente, parece contente, onipotente
Mas busca fora o que está dentro mas não sente.



Kátia Bicalho – 13/08/2017

Ascendência

Crescer nas atitudes
Nos pensamentos
Nas palavras
Nas ações.

Descobrir o que é puro
O que é que te faz supremo.
Onde encontrar a origem da dor e
Onde resgatar sua essência de amor.

Pensar em mundo diferente,
Ir no centro do fogo incandescente,
No âmago do ego inflado, inflamado e idealizado
Para achar o que é seu e que a ninguém será subjugado.

Kátia Bicalho – 13/02/2017


A Cor do Amor

Que cor tem o amor
O seu, o meu, o nosso?
Será que é branco, da cor da paz
Quando não brigamos?

E quando esquenta
Que cor fica?
Será amarelo
Nos dias ensolarados?

Quando fica azul,
Qual o clima reinante?
E se ficar verde floresta,
Estaremos em festa?

Para cada cor uma lista
Cada lista, uma história
Cada história, um emblema
E este arco íris se desenha em poema.


Kátia Bicalho – 30/08/2017

Decadente


Ascendente, vertente, congruente,

Contundente, pertinente, crescente,

Descendente, reticente, indecente,

Efervescente, decadente, aderente,

Quente, mormente, dificilmente.

Requerente, pendente, facilmente,

Subserviente, indiferente, pungente,

Profusamente, aguardente, inutilmente.



Kátia Bicalho – 13/08/2017

Aposto Oposto

Aposto que é verdade
Pura verdade
Talvez mentira
Extremo, lados opostos:
O bem e o mal
O bom e o ruim
O céu e o inferno
A crença e a descrença
O belo e o velho
O lápis e o caderno
A comida e a balança
O sorriso e a desesperança
O adulto e a criança
O careca e a peruca
A cuca e a nuca
A água e o fogo
A música e o silêncio
A flor e a dor
Quem nasceu primeiro
O ovo ou o avô
Sendo que o vovô viu a uva?

Kátia Bicalho – 08/05/2017


Andarilha de Mim

Virei uma andarilha iniciante
E parti para uma caminhada sem rumo.
Nela não precisarei de sola de sapato
Pois o caminho começou dentro de mim.

Deixei-me levar pelo estar,
Por ser como sou,
Por ficar só e comigo
E entender que não é castigo.

Estou vagando por todos os meus órgãos
Deixando o tempo me comandar como à um potro.
Ser responsável e responder por minhas escolhas
E não me culpar pela escolha do outro.

Doce devaneio,
Descompromisso saudável,
Tapete na sala, música doce,
Corpo leve e mente sã.

Devagar bem devagarinho,
Inércia no andar.
Muita paz na estrada
E um longo caminho para trilhar.

Kátia Bicalho – 01/01/2017


Âncora - Lançar ou Içar?

Família, valores, ética, lembranças
Lugares, amigos, registros antigos
Âncora lançada e por muito tempo deixada
Tempo vivido, sentido, corrido.

Âncora fincada, estancada, estagnada,
Conservadora com olhos de viseira.
Criou raízes profundas, acomodação
Gerou medo e abismos entre o desejo e a ação.

Hora de içar a âncora.
Desprender, respirar, chegar na superfície,
Render-se à liberdade atemporal.
Na âncora, se fixará, apenas o limo natural.


Kátia Bicalho – 04/04/2017

A Cigana

A cigana leu a minha mão
Nas linhas traçadas e marcadas
Disse que minha vida será longa
Muito feliz e abençoada.

A linha da vida se divide
Mas será continuada.
O que fez a divisão,
Você deverá perguntar ao coração.

Na área profissional um corte radical
E a profissão realmente foi interrompida.
Mas, não fiquei parada
E iniciei uma nova vida.

Kátia Bicalho – 30/08/2017

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Aviões, Pintores e Palitos de Fósforo

A impulsão que leva um avião com turistas felizes em férias, é semelhante à do míssil que o explode em pleno voo.
Um artista cria quadros que ficam como herança para a família mundial, para todos nós, outro cria uma obra que põe em cheque os valores éticos. Mas ambos se dizem artistas.
Um palito de fósforo que acende a velinha para comemorar o aniversário de uma criança de 1 ano é semelhante ao que ateia fogo em uma creche matando 9 crianças, uma professora e ferindo dezenas.
Quem faz o produto tem que exigir qualidade, pois é seu ganha pão, a manutenção de sua família, de sua dignidade. O avião não pode cair em pleno voo do nada, o artista não vive sem sua arte e o palito de fósforo não pode falhar ao acender a vela ou ao acender a chama de uma trempe para aquecer a comida.
Agora, quem os usa, tem o livre arbítrio, mas receberá de volta a ação realizada. A lei do Karma (Lei do Retorno), é lei natural, é como a lei da gravidade. Existe e pronto! O que você faz volta!!!
Que cada um possa pensar, nesse dia tão especial, como tem agido, que retorno tem recebido, está satisfeito?
Se eu mudo o mundo muda! Se crio Karma positivo, todos serão beneficiados, mas o inverso também é verdadeiro. Portanto, cabe a cada um de nós, um pouquinho da responsabilidade de vivermos em uma cidade, um país e um mundo mais harmoniosos, se esse for o desejo da maioria.
Que assim seja!


Kátia Bicalho – 12/10/2017

sábado, 2 de setembro de 2017

Menino Ash

Ash é um garoto
Esperto e bem legal
É figura de desenho
E tem também seu lado mau.

É valente, salva companheiros
Mas não é sempre considerado herói.
Tem constante ao seu lado um melhor amigo
E a injustiça é o que mais lhe dói.

Anda de carrinho de rolimã, joga queimada
Pula corda, teca com bolinha de gude.
É visto como um menino esquisito
Porque joga futebol de kichute.

Ash será eternamente um garoto
Pois é fruto do imaginário.
Resiste a mitos e verdades
E joga no lixo um mundo de vaidades.


Kátia   Bicalho – 23/08/2017


Saco de Pó (Bicho do Cesto)

Oh meu Deus!
O que foi que aconteceu
Com os contos e estórias
Da minha preciosa infância?

Sexualizaram e encheram de preconceitos
Todas as delícias que vivi.
Não posso cantar mais: “comi uma cenoura com a casca e tudo,
Tão grande ela era, fiquei barrigudo”!

A ciranda: “Atirei o pau no gato”
Até o trocadilho já foi alterado.
Passar o anel, nem se fala!
Pera, uva ou maçã, assédio!

O lobo mau, virou pedófilo e também comeu a vovozinha;
O menino de madeira não pode mentir que o lenho cresce;
O Saco de Pó (bicho do cesto)
Pode ser hoje, chave de cadeia.

Ainda bem que a gente envelhece,
Porque se tivesse que voltar a ser criança
Acho que seria uma menina triste
Pois tudo que fizesse apontaria para mim um dedo em riste.


Kátia Bicalho – 07/08/2017

Rolé de Ray Ban

Tem certo dia
Que parece ser diferente
E, com uns óculos Ray-Ban,
Não tem concorrente pela frente.

O mundo parece girar em seu redor
Todos os olhares se fixam em um ser só
E este, como um rei, nu com a mão no bolso
Caminha com a coluna ereta e o nariz para o sol.

A auto estima em nível máximo
A confiança em si, ré, mi, fá, sol, lá e si dane.
É um dia diferente na rotina desse ente
Aí a lua chega, o ser deita e se entrega ao inconsciente.


Kátia Bicalho – 07/08/2017

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Gasto do Tempo

Meu corpo não mente,
Delação premiada sobre minha própria vida.
Tempo gasto em grande parte
Com sono, comida e ócio.

Quero uma fonte nova de energia e sonho
Onde gaste mais do que recebo em dádiva.
A cabeça está no pescoço
Mas o pescoço sofre com a pressão da tensão.

Pele que fala, cabelo que se espalha,
Voz que some e não se percebe,
Poltrona que afunda com peso das horas,
Pé que doí mas não se sente.

Levanta, vai, faz o que tem que fazer.
O carma não espera e a noite não descansa.
O sol aparece e se oferece sem discórdia,
O dia amanhece sem criança pulando corda.


Kátia Bicalho- 28/07/2017


Bagagem

Dor de cabeça,
Enjoo, náusea,
Não quero, não me pertence,
Não é minha praia.
Não quero, não vou.
Vou sustentar minha saúde
O tempo necessário
Para cumprir minha missão,
Mesma que ainda não saiba qual.

Vou ser eternamente jovem e saudável até chegar lá.
Minha energia é sustentável,
Minha reserva inesgotável.
Sou aluna, sou mestre,
Sou criança, sou mãe,
Sou perna, sou pé,
Sou braço, sou abraço.

Sou tempo perdido, tempo aproveitado,
Sou lugar comum e camarote de rei.
Sou lua, sou sol, sou estrela, asteroide.
Sou bicho domesticado, e fera selvagem.
Sou dona do meu pensamento,
Sou consciente e dona de mim.
Sou dúvida, sou ninguém, sou quem procuro.

Sou vinho, sou uva, sou semente e casca,
Sou água, sou taça, sou borbulha e gás.
Sou cardápio francês, cogumelo e elegância,
Sou prato de feijoada, caipirinha, pia cheia.
Sou sofá, sou tapete, sou almofada, sou pantufa,
Sou óculos embaçado pendurado no nariz.

Sou alegria, sou calma, sou luz na solidão.
Sou raiva, impaciência, melancolia no encontro com o irmão.
Sou lâmpada, sou poste e lampião,
Sou vela apagada, pavio queimado,
Conexão feita e desfeita.

Sou e não sou, fui e fiquei,
Trouxe, levei, guardei, depois rasguei.
Ouvi e esqueci, assisti mas não escrevi,
Libertei-me e me perdi,
Gastei o tempo e ganhei futuro,
Gastei o futuro e perdi o presente.
Pus na bolsa a carteira, o lenço e o pente.
Voltei logo depois só com a bagagem da mente.


Kátia Bicalho – 28/07/2017


O Repórter Calou

A vida continua.
O culto é frágil e efêmero.
 O tempo urge.
O sentimento sublima.
O olhar enruga mas, brilha. 
O gosto pelo que faz transcende a dor.
A falta se esvai, o lugar é ocupado. 
A vida não para. 
O rolo compressor amassa e enquadra.
O quadro fica pendurado esperando o verniz.
 O olho pende e o cílio cutuca.
A voz continua calada e o paladar já se exauriu.
O ouvido seletivo ajuda a letra.
O Bê a bá e  o bê i bi, ninguém ouve, portanto, ninguém responde.
O horário passou, a semana correu, o ano se foi.
O ritmo é esse, não muda.
Nova adaptação, novo rumo.
Tudo se acomoda, mas por pouco tempo.



Kátia Bicalho – 28/07/2017

sábado, 1 de julho de 2017

Adaptação

O mundo parece extenso,
Antes pensava que era infinito.
Hoje parece uma bolinha de gude
Pintada de verde e de um azul que ilude.

Dentro dessa bolinha tudo pode acontecer
No dia a dia e à noite também.
Pessoas boas ou ruins
Encontram parcerias afins.

Sabedoria é manter a calma
E adaptar-se aos acontecimentos.
Ser criativo, sereno e se conhecer
Para encontrar novos formas de fazer.

Ainda há muito o que aprender
Transformar palpitação e dor
Em ação útil como doação
E, assim, serenamente, aguardar o acontecer.

Kátia Bicalho – 07/11/2016


Energia Que Flui

Estou pronta.
Está na hora de ir?
O mundo acabou?
Não? Então vou ficando por aqui.

“Preparem tudo, encham os tonéis!”
Aí o primeiro milagre aconteceu
E acontece todo dia
Não enxergamos os sinais.

Os pensamentos são poderosos
Transformam água em vinho.
Deixe-os livres e soltos
Que sem vinho não ficará.

Saber que emana da mente
Que enxerga ao longe o perdão.
Do terceiro olho escorre o óleo da salvação
E vai desenhando devagar a forma de um coração.



Kátia Bicalho – 26/02/2017

Medo e Salvação

O medo salva
O medo faz correr
O medo paralisa
O medo aterroriza.

Deus salva
Deus faz viver
Deus faz caminhar
Deus dá a paz para revigorar.

A terra gira
O mundo agita
Nada fica estagnado
Para ver é só ficar acordado.


Kátia Bicalho – 15/03/2017

O Ponto

Enviei um ponto
De interrogação, de exclamação?
Não, apenas um ponto
Final? Não sei.

Tudo num ponto:
Saudade, raiva, desprezo
Beleza, ansiedade, busca.
No ponto toda complexidade do amor.

Que ponto é esse?
Distração, erro, punhalada?
Quem enviaria um ponto?
Eu enviei.


Kátia Bicalho – 21/02/2017

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Velho Aprendiz

Consigo dizer não
Tarde demais para o meu gosto.
Mas é bom, é um não sem culpa,
Pois aprendi a separar o que é meu do seu.

Aprendi também que a vida
É mais forte que o mais forte dos postes
Não é tão livre como pensamos
Mas, é dona, sem dono.

Por maior que seja a perda
A dor, a carência
O impulso é seguir em frente
E acatar o que o dia nos dá de presente.


Kátia Bicalho – 03/12/2016

Olhos nos Olhos

Olhos nos olhos
Olho nos olhos
Quantos são nossos olhos?
Quantos são olhos da alma?

Terceiro olho
Berço da alma
Consciência de luz
Supremo poder.

Alma clara e purificada
Energia sublimada e caminhante
Corpo de energia concentrada
Ruma com a cura pela estrada.



Kátia Bicalho – 19/01/2017

Posição Correta

Encontrar seu rosto
Sua identidade
Seu papel que não é o de mãe
Nem de pai
Não é do irmão mais querido
É o papel de muralha
Porto seguro
Mas não é o que pensa ser
Precisa se colocar no lugar certo.
Eu vou ficar com o que é meu
E você vai ficar com o que é seu
Agora está tudo certo.


Kátia Bicalho – 04/02/2017

Manter a Calma

Manter a calma
Passo número um
Daí para frente
Seguir com atenção, tudo sem “zoom”.

Preste atenção nos acontecimentos
Nada vem ao acaso,
Ligue os fatos, as pessoas
E não deixe a oportunidade escoar pelo ralo.

Veja se tem tempo ainda.
Se aconteceu, é porque tem jeito,
Se tem jeito, então corra atrás,
Não estamos aqui para desistir.


Kátia Bicalho – 11/11/2016

Nova Pessoa

Botar em prática todo aprendizado
Cuidar dos pontos fracos
Monitorar os pontos fortes
Aí, estar pronta para a luta.

O sol nasce para todos mas,
Só os fortes sobrevivem.
Os direitos são iguais mas,
Só quem os conhece, os reinvindica.

Não haverá mais por quês e sim porquês.
Não haverá mais distância e sim
Caminhos a percorrer.
Não haverá mais solidão mas sim
Companheiros de caminhada.

Haverá sombra para todo sol escaldante,
Haverá luz para toda escuridão,
Haverá pão para toda fome,
Haverá vinho para brindar a evolução.


Kátia Bicalho – 15/11/2016

terça-feira, 4 de abril de 2017

Constelação Familiar

Pediram-me para pensar
Em um local onde gostaria de estar.
De olhos fechados passei a imaginar
Quem poderia comigo andar ou o que poderia encontrar.

Me vi num caminho de estrada de terra
Bem arborizado, com sombra, muito agradável
Caminhava com meu filho, ainda pequeno, radiante
E à frente uma casinha com uma luz brilhante.

Não consegui imaginar com quem iria encontrar
Via uma forte claridade mas ninguém para olhar
Percebi então que estruturei minha vida
Em torno de uma só pessoa.

Percebi que o passado não me quer mais
Que o melhor é viver mais próxima dos entes amados
Para quando caminhar, mesmo na imaginação,
Ter sempre alguém para te esperar e te dar a mão.


Kátia Bicalho – 03/12/2016

Coração Partido

Por um momento
Te senti em meus braços
Te carreguei, chorei como criança,
Te amei e não sabia o quanto te amava.

Não foi um perdão que pedi
Mas um sinto muito, repeti.
Foi o que pude fazer, do lado de cá do meu eu.
Neste coração partido, sempre baterá o seu.

Você me deu alma nova
Vontade de continuar e aceitar,
De aprofundar no autoconhecimento
E fazer disso uma experiência de crescimento.

Eu sinto muito, está tudo bem, eu te amo!
Por muito tempo fiquei indiferente, mas,
Vamos daqui para frente, com muito amor,
Ocupar, cada qual, um lugar diferente.


Kátia Bicalho – 26/12/2016

terça-feira, 14 de março de 2017

Estranha no ninho

Sempre que vou ao médico ou hospital
Penso que ali não é meu lugar.
Me sinto estranha no ninho
O patinho bonito no lago feio.

As horas de espera me levam a viajar
Pelos pensamentos que giram a ermo.
A caneta e o papel nunca podem faltar
São o meu alento neste lugar enfermo.

Na página em branco transformo
O mundo em um carrossel .
Fantasio nova forma de encarar a vida
Até minha senha aparecer no painel.


Kátia Bicalho – 15/11/2016

Deixar Voar

Deixar pensar, resolver por si
Assustar-se com as ideias e posicionamentos
Ter receio do caminho que irá seguir.
Mas ao mesmo tempo confiar nos ensinamentos dados.

Coração de mãe! Quanta submissão!
Quanto sofrimento oculto!
Quanta alegria! Quanto amor!
Cabe tudo de tudo e o dobro desse tudo!

Voa passarinho, voa!
Vai ao encontro da sua felicidade!
Por onde suas asas baterem
Lá estarão seu algozes e prazeres!



Kátia Bicalho – 07/11/2016

Ser de Luz

Ser de luz que ilumina
Que irradia
Que aquece
Que incendeia.

Ser que se desfaz
Refaz, disfarça
E traça metas
Para um caminho de paz.

Ser que é mortal
Em sua insignificância
E que é imortal
Em luz e aliança.

Ser que sofre dor
A angústia, a impotência,
Que quer se tiranizar
Negando a morte sem sapiência.

Ser que se procura
Em cada esquina da alma
Que vagueia por trilhas tortuosas
Procurando silêncio e calma.

Kátia Bicalho – 29/01/2017


Nova Identidade

O nascimento natural
O aprendizado no berço
Na escola, na família,
A formação de memória e sentimento.

O envelhecer e o sofrimento
Destroem a identidade e o contentamento
Vale resgatar seja de que jeito for
Esses traços perdidos mas, que estão a seu dispor.

A pureza do nascimento
O amor fraterno imortal
A verdade nas palavras
E a felicidade na cara estampada.

Reencontrar-se consigo mesma
Reconhecer quem está ali
Transformar esse encontro em mudança
Refazer a identidade sem perder a herança.


Kátia Bicalho – 22/01/2017

Ser de Paz

Encontrar a identidade
A verdade e a luz.
Sou um ser de luz
Uma alma com atributos positivos.

Minha verdade é essa
Ser de amor, de paz
Minha verdade absoluta
O que não minimiza minha luta.

Felicidade, serenidade
Mente aberta para decisões sensatas
O brilho interno do fio de luz
Irrompe o planeta e a novo caminho conduz.



Kátia Bicalho – 19/01/2017

Quem é quem?

Quem sou eu?
Qual a minha identidade?
Quais são minhas escolhas?
Quais as minhas expectativas em relação ao outro?
Quem é o outro?
Quais suas expectativas?
Quais são suas escolhas?
Quais suas expectativas em relação a outro outro?
Quem é o outro outro?


Kátia Bicalho – 04/02/2017

Aconteceu

Aconteceu que nasceu.
Aconteceu que fez diferença.
Aconteceu que cresceu
E não podia crescer.

Aconteceu a transição
E foi aí que mais sofreu.
Aconteceu muita trava,
Muito choro e muita dor.

Aconteceu que virou gente.
Aconteceu o que acontece com gente inteligente.
Na vida, nas andanças, nos amores
Aconteceu o que escolheu.

Aconteceu o que foi seu alento:
A chegada do rebento e este rebento cresceu.
Agora será o que acontecerá
Porque o que aconteceu não mais importará.


Kátia Bicalho 21/11/2016

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Alento

É preciso mais que navegar
Algo tem que existir
Para no seu caminho intervir
E você com alegria agradecer.

Filho
Noção de continuidade
Aprendizado diário e amizade
Alegria a cada despertar
O amor em primeiro lugar.

Ler
Ler é um grande alento
A reflexão em cima das palavras
O encaixe das mesmas em nosso coração
E a mudança discreta na forma de ver e sentir emoção.

Vinho
“In vino veritas”
No vinho a verdade, a saúde, o calor
A confraternização, o brinde, o torpor
O aroma, o sabor e a bela cor.


Kátia Bicalho  - 24/11/2016

Ai Ai Ai

Não posso crer,
Mas não nasci ontem.
É muita estrada, muito chão
Que tive que percorrer.

O que vi
Nem às paredes confesso.
Na verdade, nada vi,
Apenas pressenti.

Mas sei que a cada passo
Tem um convite para o pecado.
Posso estar enganada de novo
Mas não boto minha mão no fogo.

Saber ou desconhecer,
Eis a questão
Ver ou não ver
Isso, não depende só da visão.


Kátia Bicalho – 08/12/2016

A Bruxafada

Tenho uma conhecida que é linda
Parece fada vestida de bruxa.
Voa de vassoura, anda a pé, de carro no asfalto
Mesmo não enxergando nem com o farol alto.

Não tem medo de nada:
Da idade, da língua dos outros, da violência na cidade,
Quer viver como na sua juventude
Apesar de ser quase um século de longitude.

A princípio a condenei,
Mas depois a absolvi.
Hoje é minha inspiração
Quando o medo bate no portão.

Desdentada, cabelo branco, bengala
A linda bruxa é energia viva que espalha.
Molha as plantas mesmo com chuva,
Manda e desmanda, impõe sua ditadura.


Kátia Bicalho – 04/12/2016

Dia a Dia

O engarrafamento de tão extenso estancou,
No passeio o pedestre tropeçou,
No barro, o salto do sapato afundou, e
A minha vaga do carro o “flanelinha” alugou.

Mesmo assim o dia seguiu em frente,
Passou um cachorro que o excremento no chão depositou,
E o dono, sem noção, não recolheu em um recipiente
E um distraído, ao telefone, pisou displicente.

O tupiniquim com o fio no ouvido
Se esbarrou em mais um outro que estava retraído.
Um caminhão passou e água de chuva nos dois jogou
E cada um seguiu seu caminho se perguntando qual será a próxima cena de pavor.


Kátia Bicalho – 24/11/2016

Mexidão

Gamôra, mato, cachoeira, silêncio,
Praia, vôlei, sol, gente,
Casa, armário, lustre,
TV, micro, leitura
Um de cada ou
Tudo junto?

Kátia Bicalho – 10/12/2016

Manter amigos

Mais difícil que manter casamento,
Mas difícil que manter emprego,
Entre outras coisas difíceis,
A maior é manter amigos por perto.

Enquanto se é jovem, fácil.
Depois se casa, se tem filhos, restringe
Segue em frente, briga, separa, afasta
Aí amigo tem que ter garra.

Até novas amizades
Acertar com elas suas verdades,
O caminho é árduo e solitário
O vínculo frágil como um aquário.

Só os fortes saem dessa
Com firmeza e determinação
Para muitos, acabou a festa,
E voltam para casa pela contramão.


Kátia Bicalho – 01/08/2016

Existimos

Eu também existo!
O mundo não gira em torno de você.
Eu, tu, ele, nós, vós e eles,
Existimos!

O tempo é o mesmo para todos
E não só para atender seus desejos.
Seu tempo, meu tempo, nosso tempo.
Suas vivências, minhas crenças, nossas andanças.

Somos todos viventes, desejantes, crescentes,
Presentes, passados, futuros,
Cada qual com seu cada qual,
Ninguém é igual!


Kátia Bicalho – 15/11/2016

domingo, 22 de janeiro de 2017

Amigos Fiéis

Amigos de copo e de cruz
Risos soltos e fala alta
Copos que brindam sem motivo aparente
Conversa fiada que arrasta a gente.

Certezas, incertezas, achismo
Cada qual com seu convencimento
Papo animado e exaltado
Continua noite adentro.

O assunto preferido é a política
Dou graças por sermos correligionários
Mesmo assim tem muito embate
Que nunca termina em empate.

No outro dia tudo normal
Fora a cabeça que teima em doer.
Banho frio, café forte e quente
Amanhã não vai ser diferente.


Kátia Bicalho – 22/01/2017

Retorno ao Paraíso

Fui e te vi
Lindo, sereno e distante.
Me apaixonaria mil vezes por minuto
Por este rosto de barba feita e cabelo curto.

Fui e te vi
Também tua voz ouvi
Muito pouco
Fala mansa de um homem louco.

Fui e te vi
E no olhar senti  tua agonia.
Poderia te pegar no colo e te ninar
Mas o inverso faria minha pele arrepiar.

Fui e te vi
E todas as minhas células ficaram alucinadas.
E de cada uma virá uma inspiração
Para escrever poemas com declarações apaixonadas.


Kátia Bicalho – 22/01/2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Resgate

Por estar fora de cena
Por não querer acordar
Por escrever de cabeça para baixo
Tive que pensar em outra forma de viver...
Para sobreviver busquei no baú
Aquilo que me fizera bem
E, entre naftalina e mofo,
Encontrei lembranças ruins e boas também.

Vi que é preciso resgatar
As amizades, as brincadeiras, os risos
A vida na natureza, o contato com os bichos
Os amores e a falta de juízo.



Kátia Bicalho – 05/11/2016

De Cabeça para Baixo

Fiz um poema
De cabeça para baixo
Será que terá o tema invertido
Ou, para as letras, não importa o sentido?

Quando li, não entendi
Não tinha verso nem rima
Mas fui manuseando o papel
E os escritos viraram para cima.

As letras foram rodando
E em frases se transformando.
Algumas tive que segurar para não cair
E o sentido da frase não destruir.

No final  deu certo
O que foi rascunhado ficou reto no papel
E foi descrito tudo que se passou  na vida
Do menino que se portava como réu.


Kátia Bicalho – 05/11/2016