domingo, 6 de dezembro de 2015

Poema do Lorenzo


Discernimento

Ando perdendo a capacidade de discernir
Se é bom ou ruim
Se é melhor ou pior
Se é para ir ou para ficar.

Se fico, o que acontecerá
Se vou, no que resultará?
Não consigo decidir
Nem aos outros ajudar.

Minha mãe já dizia
O que não tem remédio
Remediado está
Mas será que não podemos modificar?

Somos livres para agir
Mas, prisioneiros da ação realizada
A ponte que liga o ir e vir
É mais frágil que o bico do colibri.

Sem essa ponte
Não há possibilidade de encontro
Assim posso afirmar:
É o destino que vai mandar.


Kátia Bicalho 
27/11/2015

Sol da Lagoinha

Nos meus tempos de noitada
Pela Lagoinha eu andava
Pelas esquinas e bares
Eu perambulava.

Ficava a noite toda
E seguia pela madrugada
Com a “manguaça” na cabeça
Sempre alguma aprontava.

Um belo dia exagerei
E os “homi” me levaram
Passei a noite em claro
E vi o sol nascer quadrado.

Refrão:
Ai, ai, ai
Canto um samba chorado
Também é parte da Lagoinha
Ver o sol nascer quadrado.
(Bis)


10/11/2015
Marchinha criada para um concurso de música
Tom: Sol Maior

Ladrão de Alegria

Quem roubou minha alegria
Me deixou com alergia
E sem energia?

Para onde levou a minha juventude
E toda virtude
Que pensava ainda ter?

Foi só a mim que roubou
Ou será que a outros também furtou
E onde será que tudo jogou?

A quem devo recorrer
No boletim o que escrever
E como reaver?

Será entregue em minha residência
Será que o endereço ficou correto
Ao registrar a ocorrência?

E se eu não estiver em casa
Alguém poderá receber por mim
E me deixar triste assim?

E se eu receber
E a encomenda não reconhecer
Ou em mim não mais caber?


Kátia Bicalho – 27/11/2015

Para Marco Antônio

Ainda tenho a poesia
Criada e musicada para mim
Lendo a folha amarela do meu caderno de música
Tento não pensar no seu fim.

Me vem à mente seus lindos olhos verdes
O cabelo no corte tradicional perfeito
O sorriso franco de menino maroto
E a gargalhada solta balançando o peito.

A linda voz ainda ecoa nos meus ouvidos
Como também os límpidos acordes do violão
A saudade aperta os olhos e o coração
E a lágrima presa, há tempos, rola livre pelo chão.


Kátia Bicalho – 27/11/2015

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O Que Temos Para o Dia

Pare
Olhe a sua volta
Procure o que te emociona
O que te faz coração
O que te enche de emoção.

Veja
Com olhos de quem ainda não nasceu
Sinta a cor de cada momento
O cheiro de cada acontecimento
O calor de cada envolvimento.

Siga
O melhor caminho que achar
Sem deixar o medo dominar
Siga com coragem a dureza da vida
Para na frente encontrar a magia de cada lugar.


Kátia Bicalho – 21/11/2015

Crise

Crise de idade
Crise de identidade
Crise de mocidade
Crise de oportunidade.

Ataques de nervos
Ataques de asma
Ataques de raiva
Ataques de balas.


Kátia Bicalho – 26/11/2015

Cárcere de Ideias

Ficar preso dentro de si
E  tão fora da realidade
O mundo gira e quebra as sinapses
Que se desintegram pela metade.

Olhos e membros paralisados
O corpo meio inerte que se arrasta,
Pálpebras se dobram ao peso da visão
Que enxerga, sem ver, um pedaço da ilusão.

Nesse cárcere interno
O futuro não se desenha.
A linguagem se distancia
 E a esperança desbarranca.

O homem e o peso em suas costas,
O ombro não aguenta e se curva.
O alívio é necessário e vital,
Mas nenhum remédio cura esse mal.


Kátia Bicalho – 26/11/2015

O Artista sem Senso

O ambiente reprime
O artista vive mudo
O impulso da arte fala
Rompe a corrente da solidão.

Solidão que se transforma em forma,
Forma que vira rosto no final
Só rosto, presente ou ausente,
A paz em meio ao caos mental.

O pedaço de giz que se acaba
Atormenta o artista sem senso
O medo de não tê-lo apavora,
O suor brilha e o olhar assusta.

A lembrança do que foi,
A certeza de tudo perdido
O que resta é uma grande incerteza,
Daquilo que antes fora construído.

O olhar turvo e barrento
Vai em busca de nova inspiração.
O passo lento para o nada,
Ao giz presa como ponte de salvação.

Kátia Bicalho – 26/11/2015


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Casamento

Vida estável
Segurança sentimental
Vínculo
Companheirismo
Solidariedade
Dividir bons e maus momentos
Princípios morais
Verdades
Viver o amor.
Mas o amor sabe de tudo isso?
Duvideodó!!!

Kátia Bicalho - 27/10/2015


A Recuperação

A superação de preconceitos
A concentração de valor
A intensidade da energia
Cheia de coisa positiva.

O novo modo de encarar a vida
A nova previsão do fim do mundo
O início de um novo movimento
Mesmo sem saber onde fica o fundo.


Kátia Bicalho - 08/10/2015


Novo Rumo

No meio da noite
Abre o olho de repente
Tudo porque aparece
Um pensamento intermitente.

A possibilidade de mudar
De encarar novo destino
Desvendar novos mistérios
Acordar o vulcão quase extinto.

A doutora neném
A senhora mocinha
A aposentada madura
Quer bater asas do ninho.

Quem sabe mudar de cidade
Ou uma cigana virar
Ou tirar outro diploma
E na parede pendurar.

Pode ir bem mais longe
Para outro continente voar
Aparar bem e conservar as asas
Caso um dia queira voltar.

Katia Bicalho - 08/10/2015


Dona Encrenca

Sai de uma
Entra em outra
Promete não entrar mais...
Não passa nem uma semana...

Volta a encrencar.
Custa mas resolve a situação.
Promete não fazer mais...
Não passa nem uma semana...

Nova encrenca.
Resolve e suspira aliviada.
Promete não entrar mais...
Não passa nem uma semana...


Kátia Bicalho- 08/10/2015

Lágrima Retida

Lágrima que escorre
No choro escondido
Pranto de comoção
Que balança o corpo compulsivo.

Lágrima que não retorna
E vai sem dizer a que veio
Gota de sal de verdade
Gosto morno de saudade.

Ainda resta uma lágrima retida
Que não escorreu pela face
Que olhou para o futuro
E se viu ali distraída no face.

Lágrima que seca com o tempo
Que calcifica enquanto pensa
Será que sobreviverá algum sentimento
Haverá alguém para dar um papel ou um lenço?

Kátia Bicalho - 14/09/2015


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Meu Avental

Não é o traje preferido
Mas é de uso diário
Na cintura é amarrado
E só à noitinha é pendurado.

Comprado em Paris
Nas quebradas do Louvre
Lugar parecido com o “Shopping Oi”
Só que o preço em euro foi.

Passo com ele toda semana
Até me esqueço de tirar
Às vezes durmo com essa beca
Esse avental não vai aguentar.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Um dia sem voz

Um dia sem nada falar
Sem saber a cor da voz
Se é rouca, aguda ou grave
Se ainda está na garganta.

Um dia sem expor os pensamentos
Muito menos os sentimentos
Um dia sem nenhuma interação
Um dia vivido em vão.

Um dia sem ouvir também
Voz de nada, de ninguém
Um dia mudo e surdo
Um dia para se viver o absurdo.

Um dia vago e quente
Dia seco e silencioso
Sedento de água e som
Céu claro de uma intensa calmaria.

Esse dia vai passar como os outros
Vai escrever seu momento na história
Vai escurecer e depois amanhecer
Mas esse será outro dia.


Kátia Bicalho – 16/08/2015

Couraça

Casca grossa
Casca dura
Casca de laranja
Casco de tartaruga.

Casco de tatu
Corcova de camelo
Espinha do dinossauro
Nada de couro de coelho.

Quanto mais dura melhor
Quanto mais espinhenta também.
Para que tanta armadura?
Para espantar o que não lhe convém.

“A barata diz que tem,
Um anel de formatura
É mentira da barata.
Ela tem é casca dura
Ha, ha, ha, ha, ha, ha
Ela tem é casca dura!”.

Kátia Bicalho
08/09/2015

domingo, 16 de agosto de 2015

Fases da Vida

Fases de uma vida
Tão claramente dividida
Cada uma que chega
É também outra partida.

A energia vital
Do início do caminho
Vai rapidamente se perdendo
Quanto mais se vai construindo.

Tudo vai ficando para trás
O ouro e também a prata
Agora se anda devagar
Porque logo ali a estrada acaba.

Kátia Bicalho

12/08/2015

Lampião de Pavio

Guardo como lembrança
Daqueles tempos que sempre falo
Só que por descuido
O lampião caiu do armário.

Com tanta força despencou
Que quase nem caco sobrou
Aquele que um dia iluminou
Nem sabe no que se transformou.

Iluminou tantas prosas boas
Tantas brincadeiras em noites altas
O cheiro do querosene queimando em pavio
A conversa solta como telefone sem fio.

Com carinho juntei tudo
E enrolei num jornal em cima da pia
Vai-se embora como tantas outras coisas
Que fizeram sem saber, história um dia.

Kátia Bicalho
11/08/2015



Saudade do seu beijo

Sombra nos olhos e na lembrança
Um caminho para o olhar,
Uma decisão a tomar,
Uma emoção a se desvendar.

O sentido do beijo a quem o dá,
O gosto em toda sua essência,
Uma certa despedida no ar,
E, uma saudade a te esperar.

Um up na emoção e no coração,
Um não sei quê de alegria no ar
Deixando dentro da retina ardente
Uma nova forma de olhar.

Passa o tempo e o beijo cala,
A imagem se esfumaça na visão,
O ego chora desolado e se vinga
Jogando a esperança no chão.

Kátia Bicalho

11/08/2015

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Bolhas de Sabão

Bolhas de sabão
Tão lindas e tão frágeis
Carregam cores e formas
Que viviam em meus sonhos infantis.

Sonhos tão reais
Tão cheios de verdades
Tão possíveis de serem realizados
Tinham cheiro de papel de maçã.

Bolhas de sabão levadas pelo vento
Que iam longe, às vezes não
Sempre estouravam
Quando sentiam o sol.

Bolhas, bolas de bolhas
Coloridas e leves
Suaves e lindas
Lindas e frágeis.

Frágeis como um sopro
Que se perde sem ser visto.
Frágeis como minha esperança
De realizar sonhos em bolhas.

Kátia Bicalho

28/07/2015

Minha Casinha

Na minha casinha da árvore
A cozinha terá muitos banquinhos.
No pomar frutas doces
Que vão alimentar passarinhos.
Um pequeno lago para patos
Que desfilarão sempre juntinhos.
Na janela muitas plantinhas
Onde beija flores chegarão de mansinho.

Kátia Bicalho

12/08/2015 

Novos Heróis

Quem são nossos heróis,
Para quem bateremos palmas,
Que fantasia eles usam,
Como iremos saber?

São tão poucos benfeitores
No meio de tantos atores
Que ficamos sem acreditar
Se o que fazem é verdadeiro.

Sem ilusão o povo sofre
Com os truques que utilizam
E calados pagam o pato
Desse país cheio de larápios.

Kátia Bicalho

17/07/2015

Cordão da solidão

Cada dia que se passa só
Endurece mais o coração
Até chega a dar dó
Ver as veias dando nó.

Kátia Bicalho

12/08/2015

Tudo ao Mesmo Tempo

Parece que é comum:
O gás acaba
O bolo desanda
O chuveiro queima.

É a lei de Murphy que impera:
Bate o carro e fica sem bateria
Vai o dinheiro das férias
E um pouco da sua energia.

Na época da minha vó se dizia que
Desgraça pouca é bobagem:
Os ovos estão chocos
E deu piolho no galinheiro.

O tempo caminha
Só muda a frase
O problema passa
E começa nova fase.

Kátia Bicalho

17/07/2015

domingo, 19 de julho de 2015

Mundo Atual

Ninguém conhece ninguém
Nem homem conhece mulher
Nem mulher homem conhece
Não estamos nas melhores eras.

Se a juventude soubesse
O que a maturidade oferece
Não teria tanta pressa
De virar gente depressa.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Fim do desejo de fumar

Graças ao copo de vinho
Passou a vontade de fumar
Acendi um cigarro de palha
Senti vontade de vomitar.

Estava tomando um vinho
Esperando a hora de deitar
Ai o gosto do fumo
Me fez o estômago virar.

Joguei fora o único exemplar
E não pretendo nenhum comprar
Em respeito a meu pulmão
Vou outra coisa inventar.

Com certeza essa decisão
Foi a melhor solução
Parar de pensar em bobagem
E procurar uma boa viagem.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Conversa de Bar

Gente, se o bar tivesse pernas
E andasse por aí a contar tudo que sabe
O que ouve daqui e dali
Nem um confessionário poderia
Com ele competir.

São tantos causos, casos de amor
Traições, desamor, valores desconsiderados
Tudo passa pelo ouvido
Do garçom pobre coitado.

Tudo passa pelo seu crivo
Vira psicólogo e amigo
No meio de tanto palavriado
Muitas vezes fica perdido.

Nada parece normal
Fala-se do ovo ao povo
E amanhã na mesma hora
Começa tudo de novo.


Kátia Bicalho - 26/06/2015


sábado, 18 de julho de 2015

Filhos

Melhor sempre tê-los
Pois são dos joelhos os artelhos
Quanto trabalho nos dão
Mas quanta alegria e gratidão.

Todos os sacrifícios feitos por eles
Jamais os mesmos imaginarão
Pois por mais que lutemos na lida
Maior sempre será a compensação.

A saudade quando estão ausentes
Não saem da nossa mente
Não tem como deixar de pensar
No presente que Deus nos deu para criar.

Apesar do amor não ser imortal
E a vida um tanto quanto imoral
Para o mundo lançamos os filhos
Que sozinhos construirão seus trilhos.


Kátia Bicalho - 26/06/2015

Se eu pudesse mudar

Se eu pudesse pedir a Deus
Uma mudança em minha vida
Só uma coisa mudaria
Nas minhas vindas e idas.

Pediria ao altíssimo
Que trocasse minha corda vocal
E com voz de cotovia
Cantaria mais que cantor de coral.

Soltaria minha garganta
Com muito ou pouco espaço
Na igreja, na rua , no bar, na lua
Ou numa fábrica de aço.

Com minha voz melodiosa
Encantaria mundos e fundos
E encantaria a todos viventes
Trabalhadores e também vagabundos.

Cantaria a Ave Maria
Ao cair da tardinha serena
E na procissão da Semana Santa
Seria aquela voz da Madalena.

Já tive uma voz até razoável
Cantei muito por aí
Mas agora tempos idos
Não consigo um agudo grunhir.

Kátia Bicalho - 14/06/2015



Noite e Dia

Como mudei meu modo de ser
Adorava a noite, seguia a lua
Hoje nem vejo o céu e nem sei
Se ela está vestida ou nua.

Acordo muito cedo e passo o dia feliz
Fazendo o que sempre fiz
A noite me recolho no ninho
E durmo como um passarinho.

Não me importo com a vida noturna
Nem mesmo com a vida diurna
Só quero ver o por do sol
Lindo como ele só.

Sou noveleira, “globeleza”
Canal aberto e controle na mão
Jornal local e nacional
Noticiário do mundo em geral.

Com o copo de vinho me contento
Dizem que é bom para o coração
Sonho com o galã das nove
Durmo sem ele e acordo em vão.


Kátia Bicalho – 26/06/2015

Carência do Poeta

O poeta precisa da música e do violão,
Do descanso e da fadiga, do beijo na boca e na mão.

O poeta precisa de amor mal resolvido,
De viver nova paixão, de não ser nunca entendido.

O poeta precisa morrer a cada dia,
De rir de si próprio, de ter sua história perdida.

O poeta precisa de suar todo seu corpo,
De travar a sua língua, de nunca encontrar seu porto.

O poeta precisa do brilho do sol e da lua,
De gente falando baixo mas, do povo gritando na rua.

O poeta precisa de torpor em sua mente,
De não saber definir se é dor ou amor o que sente.



Kátia Bicalho - 21/03/2015
Poema selecionado para compor a agenda CRO 2016.

sábado, 27 de junho de 2015

Sextilha

Em junho tem quadrilha animada
Tem pipoca, estalinho e balão
Tem gente bonita e enfeitada
Tem bandeira de São João
E nas casas das moças solteiras
Santo Antônio fica de ponta cabeça no feijão.


Kátia Bicalho - 16/06/2015

Efeito Curativo

Viagem e mais viagem
Vislumbrar bela paisagem
Aquecer-se no estranho calor
Em dia frio e com estiagem.

Um prato diferente para apreciar
Um bebida nova, fria ou quente
Uma caminhada por caminhos desconhecidos
Uma parada para ver o por do sol.

Uma oração com boa intenção
Um sorriso franco inesperado
Um carinho de um abraço apertado
Um amor sereno ao seu lado.

Uma criança dormindo tranquila
E acordando um pouco assustada
Um céu escuro mas, muito estrelado
Um dia que passa sem pressa.

Kátia Bicalho - 25/05/2015



Festança

Se tem festa boa
Ela acontece em junho, no dia de São João
Com pipoca, canjica e sanfona
Churrasquinho e quentão.

O tempo friozinho ajuda
Na fogueira esquentar
Com a cachaça subindo à cabeça
O povão já pensa em dançar.

O sanfoneiro que não perde tempo
Até começa a suar
E de camisa sempre xadrez
Chama a galera para participar.

O cheiro do churrasquinho é muito tentador
Mas precisa fila enfrentar
O milho verde ali ao lado
Nada deixa a desejar.

Fim de noite volta pra casa
Com pipoca e o balão
O estalinho já acabou
De tanto no chão estourar.


Kátia Bicalho- 14/06/2015

Mal comportamento

Analfabetos para mim
Não são os que não sabem ler
Mas sim aquelas toupeiras
Que se desrespeitam pra valer.

Ignorantes são aqueles
Que brigam por futebol
Também tem os que matam
Por causa de um amor só.

Os que dirigem com pressa
Causando graves acidentes
Botando em risco a vida
De pessoas boas e inocentes.

Os que abusam de todos
Os que só reclamam do mundo
Que não tem “desconfiômetro”
E se intrometem em tudo.

Os ricos que se acham
Os pobres que se acham também
Os que estão sempre na boa
E os que nunca estão de bem.

A lista é muito grande
É muito desrespeito que vejo
Mas como acabar com esse mal
Se Judas traiu com um beijo.


Kátia Bicalho- 14/06/2015

Vaidade

Um dos sete pecados capitais
Tem seu lado santo
Mas tem uma face que assusta
Que pode acabar em pranto.
                                           
O que as pessoas tem feito
Para ter o corpo e rosto perfeito
Só quem vê acredita
No que fazem para atingir o desejo.

Esta satânica deusa
Tem enlouquecido muita gente
Que não tem senso crítico
E nenhuma alegria sente.


Kátia Bicalho - 25/05 2015

sábado, 20 de junho de 2015

Atitude

Sei que o mote é a atitude:
Vá, faça, pense, converse,
Resolva, viva, brinque,
Passeie, diga, siga, seja,
Perdoe, viaje, volte,
Dance, cante, ore, veja.
Estou careca disso saber, no entanto:
Não saio, não vou, não calo,
Não digo, não perdoo, não ligo,
Não chamo, não aceito, não fico,
Não sonho, não corro, não danço,
Não amo, não morro, não vivo.


Kátia Bicalho - 19/06/2015

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Rica Vida

Queria passar um tempo
Como se fosse milionária
Gastar sem ter que fazer conta
E rir de coisa hilária.

Provar da alta gastronomia
Roupas de marca sem miséria
Nos dias de monotonia
Pegar o avião na primeira ponte aérea.

Ver todas as peças de teatro
Show dos famosos no camarim
Ter motorista particular
Usar batom na cor carmim.

Dormir em colchão de mola
Em lençóis de fio egípcio
Acordar pra lá do meio dia
Sem achar que está no hospício.

Tomar banho com sais aromáticos
Ter mordomo, governanta e secretária
Toda noite ir a um coquetel
Com um bando de gente otária.

Depois desse tempo então
Voltar pra minha casinha
Começar por comer bem
E dormir na minha caminha.


Kátia Bicalho- 12/06/2015

Tudo Passa

Está no pescoço do craque,
Está na música do famoso,
Está no fluxo da vida,
Está na vida que se adia.

Tudo passa nesse mundo
A alegria, a dor, a ressaca, o parto,
O trem, o ônibus, a novela,
A lua cheia que míngua a cada quarto.

O amor que juramos eterno,
A paixão que enlouquece os mais ternos,
A tristeza pelo fim do amor,
A dor pelo fim da ilusão de inverno.

Passa a crise do povo endividado,
Passa a roupa que secou no varal,
Passa a vontade de morrer,
Passa a vontade de ligar para você.

Tudo passa nas vinte e quatro horas,
Melhor ainda quando amanhece o dia,
Quando, ao acordar, com o calor do sol,
Nada do que foi ficou.


Kátia Bicalho-14/06/2015

Alta Voltagem

Vigor e força interna
Tudo fazer a mil por hora
Iluminar, clarear e alegrar
Deixar a energia solta no ar.

A alegria sempre uma constante
Do ir e vir, o sair e o chegar
Pula daqui, pula dali
Sempre algo para arrumar.

A maior energia portanto
É a mais difícil de mostrar
A autenticidade de se ser o que se é
E aos outros fazer-se espelhar.

Viver peculiaridades tão caras
Tão raras de simplicidade sem igual
É assim como mostrar a cara
Sem máscara fora do carnaval.


Kátia Bicalho - 15/01/2015

domingo, 7 de junho de 2015

Atchin

Thean, Thean
É o espirro do Lorenzo
Aaaaatchin, aaatchin
Faz o outro ao lado.

Tchée, tchéee
Faz o colega de trabalho
Tchin, tchin, tchin, tchin
Esse parece um bichinho.

Tens uns que arrebentam o tímpano
Tem outros que se parecem com tosse
Outros são venenos para minha misofonia
E alguns de todo espaço tomam posse.

Uns prendem e tem até dor no ventre
Outros estouram as veias do olho e nariz
Tem gente que depois do espirro
O nariz vira um chafariz.

Kátia Bicalho - 26/05/2015


Vida Comum

Não vou mais sair sozinha
E se ficar sozinha em casa não vou desesperar
Vou aceitar a vida como ela é
Aceitar o que para mim é inaceitável.

Viver por viver
Será essa solução
Será esse meu destino
E onde parou minha missão?

Aquela nobre missão de todos viventes
Dos que nunca vão antes da hora
Que vão ser lembrados sempre
Por sua obstinação e dedicação.

Os que nasceram para a glória
Escolheram essa função
Ou tiveram que queimar muito cartucho?
E a sorte? Dizem que escolhe o cidadão.

Vou continuar pensando
Se vou a luta ou vou ficar aguardando
Se procuro o endereço da sorte
Ou se sigo a bússola em direção ao norte.


Kátia Bicalho - 30/05/2015

Ser Correta

Sempre fui correta
Primei pela honestidade
Mas cobrava muito de mim
E com os outros mais tolerante.

Custou mas a ficha caiu
O que é certo é certo
Não vou mais me calar
Se a pessoa insistir em enganar.

Pode ser que não seja tão radical
Mas pouco a pouco vou cobrar
Um comportamento mais correto
Para todo mundo vai sobrar.

Assim posso mudar o mundo
Como um beija-flor apagando um incêndio
Com certeza num futuro distante
Verei minha ação em algum compêndio.

Que isso sirva de exemplo
Para os que vierem depois
E assim na corrente do bem
Um mais um será sempre mais que dois.


Kátia Bicalho - 02/06/2015

Fumo

Se está ruim, agradeça
Porque pode piorar
Nessa altura do campeonato
Estou querendo voltar a fumar.

Voltar não é o termo correto
Porque nunca tive o vício de fumar
Mas na adolescência rebelde
Tentei umas guimbas tragar.

Agora que estou descendo a serra
Com a vida social a murchar
Deu vontade de pegar um cigarrinho
E numa cadeira de vime sentar.

Estou na contramão da moda
Com uma atitude politicamente incorreta
Mas minha vontade anda meio virada
Não quer saber se estou errada ou certa.


Kátia Bicalho - 02/06/2015

Futuro

Tudo que quero vou conseguir
Tudo que pensei eu conquistei
Mas não foi fácil como pensei
E nem sempre como esperei.

O tempo passou eu só não vivi
O amor que tanto em poemas escrevi
E agora que não tem como voltar no tempo
Terei outro tipo de amor a partir deste momento.

Os sonhos vividos e os não vividos
Os bailes de gala com vestido de festa
Foram poucos e hoje já não existem
O sonho da valsa ficou só no bombom.

Mas não se iludam ainda não morri
Vou à luta e ainda vou conseguir
Realizar os sonhos, pois eles não morrem
Só mudam de forma, de cor é só não desistir.

Vou à luta , vou atrás
De tudo que me apraz
De tudo que me faz feliz
E curtir como se fosse meu tempo.

Vou à luta vou atrás
De tudo que me apraz
Vou viver cada momento como quem nunca desiste
Com a intensidade que em mim ainda existe.


Kátia Bicalho - 06/06/2015

sábado, 30 de maio de 2015

Pacto Comigo Mesma

Vou fazer um pacto comigo mesma
Pode ser até de sangue
Porque é um pacto
De mim rubricado por mim.

Pacto de enfrentar todo medo
Pacto de aumentar minha coragem
Pacto de não sentir tristeza
Pacto de não acomodar frente a falta de ideais.

Vou deletar tudo que não faz bem
Tudo que me deixa para baixo
Tudo que me constrange
E tudo que felicidade não abrange.

Kátia Bicalho - 30/05/2015

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O Poder da Oração

Acredite sempre
E sempre reze.
O terço é indicado
Para quem está atribulado.

Esse som tipo mantra
Muita luz produz
Chega a viciar
Mas com esse, pode ficar.

Fortalece e dá coragem
Alegria e intensidade
Torna a vida com o irmão
Uma verdadeira missão.


Kátia Bicalho - 27/05/2015

Frases que ouvi e às vezes falo

Bobo pra criar custa mas, criado, vale dinheiro.
Antes zero do que nada.
Maior fosse o dia!
Panacas, porta é passagem.
Quem quer vai, quem não quer, manda.
Envenena nóis Tião!
Ah! Cuá!!
Quem herda não furta.
Antes só do que mal acompanhado,
Quem caça, acha.
Comer e coçar é só começar.
Cochilou o cachimbo cai.
Quem desdenha quer comprar.
O uso do cachimbo deixa a boca torta.
Case seu filho com a filha do seu vizinho.
Antes tarde do que nunca.
O apressado come cru.
Nada como um dia após o outro.
Creio em Deus pai!
Em boca fechada não entra mosquito.
Não tem volta: a pedra atirada, a palavra dita e o email enviado.
Quem não chora não mama.
O povo não sabe de nada.
Quem avisa amigo é!
Cachaça não é água não!
Enfim, meus amigos
Rapadura é doce mais não é mole não!


Kátia bicalho - 26/05/2015

O Perdão

Mais difícil que não perdoar
Mais difícil que prova de matemática
Mais fácil magoar e abandonar
Talvez mais fácil matar.

Perdoar é tão difícil
Que não é coisa para fracos
Só os fortalecidos na fé
São capazes desses atos.

Quando pede perdão
A alma fica lavada
O corpo fica leve
Sua consciência iluminada.


Kátia Bicalho - 25/05/2015

Reinado

O rei a rainha
O sapo e o urubu
O príncipe e a princesa
O jacaré e o bode.
                       
O jegue e o asno
A cobra e o corno
A aranha e o rato
A baratas e o asco.

A roda e o aro
A dama e o vagabundo
A saia e o bordado
O mundo e o fim do mundo.



Kátia Bicalho - 25/05/2015

Furo Furado

Asfalto emendado
Paralelepípedo trocado
Buraco tampado
Pneu consertado.

Tapa buraco, tapa furo
Topa tudo, tapa tudo
Quem passa sempre reclama
Quem faz nem sempre acompanha.


Kátia bicalho - 25/05/2015

De Verdade

De verdade adoro assistir novela
De verdade enquanto vejo também escrevo
Uma frase dita às vezes repetida
Serve de inspiração e cutuca meu nervo.

De verdade adoro estar em casa
E ver minha cria estudando on line
Ouvir sua risada nos vídeos que assiste
E quando me chama Mããããe! Quem resiste!

De verdade adoro rotina
Trabalho, casa, limpa e ensaboa
Às vezes reclamo da monotonia
Mas na boa, adoro o cheiro de alho e cebola.

De verdade adoro meu telefone mudo
Meu watzap sem notificação
Meu micro ligado sem utilidade
E aquela moleza típica da idade.

De verdade sei que tem coisa melhor
Tem um furacão soprando lá fora
Mas dentro do meu apartamento
É onde a paz reina e a idéia aflora.



Kátia Bicalho -25/05/2015

A Culpa é Minha

Eu me amava
Não conseguia viver sem mim
Mas hoje não sei mais se me amo
Ou se quero viver longe de mim.

Anos se passaram
Eu fui mudando
Não percebi e também não vi
Que eu já não cabia mais em mim.

Só que não tive como fugir
Tive que engolir a mim, a seco
Fiquei entalada de mim mesma
O grito não saiu e nem deu eco.

E agora sem ser dona do meu eu
Culpo a vida por não me dar o que é meu
O tempo vai rapidamente arrastando
O meu eu continua me engasgando.


Kátia Bicalho - 25/05/2015

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sexta Feira

Quanta espera por esse dia
Sonhos, promessas, crenças
Quanta espera nesse dia
Pelo amor, pelo bar, pela desavença.

Dia de faxina e de salão
Casa limpa, unha feita
No cardápio macarrão
Cozinha sem arrumação.

Tem gente que vai pra balada               
Tem gente que fica abandonada
Tem gente que vê televisão
Tem gente que não quer saber de nada.

Com tanto peso nas costas
A sexta se arrasta e se curva
Deixa que os acontecimentos
Sigam a estrutura de cada criatura.


Kátia Bicalho -24/05/2015

Amadurecimento

Aqueles olhos claros sentiram a dor
A dor que doeu muito
Mas por tras daquelas retinas
Houve uma grande transformação.

O que parecia fraco
Foi mais forte que um tufão
O lugar onde se escondia a timidez
Ficou vazio e encheu-se de emoção.
  
O mundo não acabou
O castelo não ruiu
O dia novamente nasceu
E o ar voltou tranquilo aos pulmões.

Alívio foi a maior sensação
Que venha tudo que a vida preparou
Mesmo que não seja um mar de rosas
A criança a natureza debutou.


Kátia Bicalho - 24/05/2015

Porta Trancada

Fechar a porta do coração
Trancar a porta da ilusão
Jogar a chave fora
Passar a corrente e o cordão.

Fechar porque quer a certeza
De que tudo dará certo
Como cigana adivinhar o futuro
E confiar somente nesse credo.

Poderá resgatar a chave
Tentar outra alternativa
Se o desejo aflorar a tempo
De sair do frio e do relento.


Kátia Bicalho-24/05/2015

Mamão com Mel

Saudade do tempo
Que tudo era mais fácil
Mamão com mel se dizia
Quando o problema se resolvia.

O dia tinha vinte e quatro horas
Dava tempo para tudo
As pessoas se ajudavam
As notícias devagar chegavam.

Ninguém tinha muita informação
Memória não falhava então
Coisas ruins ficavam longe
Na nossa casa só alegria e emoção.

Foi-se o tempo que tudo isso
Tinha gosto de fruta com mel
Hoje transborda a taça
De problema e gosto de fel.

Kátia Bicalho - 07/05/2015



Creme de Cacau

Aí vem o frio
Aí vai minha alegria
Aí vem minha alergia
Aí vai toda folia.

O chuveiro não aquece
Sobe a conta de energia
A noite fica mais comprida
O pé congela e o nariz esfria.

Ai a fome aumenta
Aí vem o quente mingau
Aí a boca queima e estoura
Aí vem o creme de cacau.

Aí é ver novela debaixo do cobertor
Aí vem o cochilo internitente
Aí tem que calçar a meia de lã
Aí até o frio fica quente.


Kátia Bicalho – 25/05/2015

Mantra

A Ave Maria diária
No cair da tardinha
Andando vagarosamente
Da sala para a cozinha.

O som constante e monótono
As contas de madeira passando pelos dedos
O pensamento concentrado
O tempo aproveitado.

A mente vai se tranquilizando
O coração fica em paz
As idéias vão surgindo
E o mundo assim se refaz.


Kátia Bicalho - 24/05/2015


Caminhãozinho

Agora tenho mais amiguinhos
Todos eles amontoados no caminhãozinho
São simples trabalhadores mundanos
Com sua vida e lida ali carregando.

Os homenzinhos de barro
São tão ingênuos e engraçados
E parecem dizer com o olhar
Que estão felizes e cansados.

A lida suada e sofrida
Não sobressai na escultura
Na fisionomia transparece
O orgulho de sua cultura.

O caminhãozinho mal engrenou
E logo se espatifou
Pela cortina içado
Ao chão foi atirado.

Emendado a cada pedaço
Com olhos chorosos, lacrimejados
Com ajuda de cola quente
Foi reconstruída a vida dos coitados.

Ficou até mais real
Foi colocado em lugar seguro
Parece que não perdeu energia
E nem seu futuro ficou obscuro.


Kátia Bicalho -29/04/2015

Amor do passado

Comer e coçar é só começar
Diz o dito popular.
Além de comer e coçar
Tem outra coisa que é batata:
Reencontrar no presente
Amor deixado para trás.

É só tocar no assunto
Que a emoção tende a fluir
O problema é que a gente
Conhece o final da história
E por isso vai devagar
E não canta antes a vitória.

Mesmo contra a corrente
Melhor pensar em encarar
E se o amor ressurgir
Valeu a pena recomeçar.



Kátia Bicalho - 04/05/2015

Projeto Novo

Quero um projeto novo
Que seja como uma mãe
Forte na missão de proteger
Invencível quando a vida fenecer.

Que se espatife pelo amor
Que não se quebre num toque de dor
Que não esmoreça diante de outra promessa
Que siga como um projétil por onde for.

Projeto feito o da fera para bela
Do Romeu para Julieta
Do Édipo para a mãe
Do vivo para o que vai falecer.

O projeto da nova criança
O projeto da nova mudança
O projeto de iniciar a andança
O projeto que remeta à infância.


Kátia Bicalho -24/05/2015

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Jogo

Jogo, não jogo
Me jogo, não jogo
Arrisco, ai, ai ai,
Se fico, me enrosco.

Se me enrosco e gosto
Se não gosto, acho sem sal
Se não gosto, desenrosco
Se saio, fico mal.

Se perder o tino
Se não tomar juízo
Se pisar nesse abismo
Se cair só o coração?

Raios, ventos e trovões
Tempestade de granizo
Parece o meu mundo
E nele agonizo.

Sopro novamente o vento
Enxugo a enxurrada da tempestade
Fico meio seca, meio molhada
E quase pela metade.


Kátia Bicalho - 04/05/2015