sábado, 25 de dezembro de 2021

Subidas e Descidas

Círculos, quadrados,

Estradas, caminhos, pontes

Subidas, descidas

Por baixo ou por cima

Tudo é passar!

 

Vales, montanhas, lagos

Chuva, moscas, neve

Gente, gente, gente!

 

Por onde olhamos,

Por onde passamos,

Sempre haverá curvas, retas

Tropeços, caídas e levantadas.

 

Flexibilidade, força, técnica

Visão global, desapego

Entendimento, aceitação

São valores que ajudarão.

 

Caminhar e cantar

Cada um no seu chão

Com seu violão

E sua visão.

 

Kátia Bicalho – 22/10/2021

Fusão

Quilômetros e quilômetros

De lama, mal cheiro, constipação

Água suja, gases nobres, putrefação

Labirinto, caminho tenebroso

Antenas para locomoção.

Como em uma colmeia

Cada qual com sua função.

Em algum momento

Acontece alguma confusão

Gritos, roncos, contração

Liberação de excremento

Sem filtro, sem desinfecção

Só medo de ruir a construção

E viver raios e trovoadas

Sem mais sonho nem memórias do normal.


Chuva que lava mas,

Que carrega consigo um chão

Carregado de emoção.


Kátia Bicalho

14/09/2021

Porta-Retrato

 Loucos são poucos

Ou poucos são loucos

De todos um pouco.

De poucos quase todos

Tem quintal, fogão a lenha,

Fumaça e brasa,

Folha seca,

Árvore sem fruto,

Tem queda, tem passeio,

Tem estreia de chinelo de dedo,

Tem atropelamento no campo,

Armadura na gaveta,

Canto do sabiá,

Tem tiro de chumbinho,

Tem outro com barulho estridente,

Tipo chinelada na barata,

Tem isso, tem aquilo e aquilo outro.

Com as gavetinhas da memória,

Com a porta do tempo,

O que fazer?

Arrombar a porta

Sem medo do futuro?

Tirar uma foto que não cabe mais

No porta-retrato?

Esquecer e fazer de conta

Que não é com você?

Sei lá, não sei.

As minhas gavetas tranquei

E não mais abrirei,

Se estou certa não sei

E, se algum dia fui certa, também não sei.

Tranquei!

 Mas a chave guardei

Num lugar seguro,

Que nem pra mim mesma contei.

 

Kátia Bicalho

14/09/2021

Ponto Pontuado

Naquele ponto eu parei

Daquele ponto alguém partiu

Alguns perderam o ponto

Outros o desconheciam.

 

O ponto continuou estático e estável

Pontuado, pregado no seu próprio espaço,

Pequeno espaço,

Mas que sempre foi seu.

 

À noite o ponto também é pardo

Como todos os gatos

E, sonha com outros pontos.

Acorda assustado:

Será que saí do ponto

Ou sonhei com o ponto errado?

 

Kátia Bicalho - 22/10/2021

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Bicho Fora do Nicho

 

A Psico....

Pata

Nata

Fala que mata

Do nada

Sem lógica

E isso é "foda"!

Que lixo

Parece bicho

Fora do nicho

Só instinto

Só Id

E Ego

Sem superego.

Com se vive

Sem luz

Só distribuindo cruz

Para cristos

E seus discípulos

Pregando-os na cruz?

Na placa sobre o madeiro

Virá escrito:

Fui humano, não Jesus!

 

Kátia Bicalho

30/09/2021


Energia X Energia

  

Tá passando uma nuvem cinza sobre mim

Veio meio que um tsunami

Alagou, invadiu, destruiu

E, agora, vejo os rastros que ficaram.

 

É assustador ver tudo isso assim,

Mas, ao mesmo tempo, enxergo novas possibilidades:

Possibilidade de recomeço;

De trabalho pesado;

 De faxina bruta.

 

Deixou o lar interno sem energia,

Com baixa vibração.

O que está influenciando a energia externa,

Inter-relações, energias eletrizadas?

 

Viroses, leptospiroses,

Bichos fora dos nichos,

Lama no sofá e na cama.

Hora da limpeza, sanitização do espaço, transformação.

 

Se tudo está certo,

Se tudo tem lugar e hora certa,

Me resta então procurar nos escombros

Flores, documentos, lenços e mimos.

 

Kátia Bicalho

30/09/2021

Dormir, acordar

Dormir, acordar

Suspirar, levantar

Trabalhar, calar

Almoçar, cochilar

Suspirar, questionar

Lavar, passar, cozinhar

Sentar e apreciar

Jantar, banhar, deitar

Suspirar, rezar, jogar

Sonhar, virar, hidratar

Acordar, estranhar

Batalhar, impressionar

Suspirar, lamentar

Tentar meditar, intensificar

Dormir, acordar.

 

Kátia Bicalho - 08/08/21

 

 

Inconsciente

 Sempre em busca da felicidade

Sempre tentando se livrar das culpas. Que culpas?

Culpas que o inconsciente tenta plantar

E o consciente aceita e põe o dedo a nos apontar?

 

Mas quem é esse inconsciente,

Que culpas pode semear esse,

Que até em Deus quer mandar,

Comandar nossas vidas?

 

Não, não pode ser intocável

Tem que ser rasgado, quebrado,

Como um coco verde ser rachado ao meio

E retirar sem dó todo seu conteúdo destruidor.

 

Kátia Bicalho- 04/04/2021

Pula Pula

Gente, pulei agosto novamente

Será que sou supersticiosa,

Será que agosto passa a gosto,

Será que os ventos empurram os dias?

 

Quando abri os olhos

Era outubro, isso mesmo, outubro.

Pulei agosto e vi setembro em seu derradeiro dia

E, no outro dia, já era outubro.

 

Eu heim!

O tempo entrou na era digital

Está mais rápido

impaciente com qualquer minuto de espera

Virtualizou-se!

 

Até remédio da farmacinha caseira

Tá vencendo num pulo

Jogo fora caixas e caixas cheias,

Que parece que comprei ontem.

 

E aniversários?

Agora são de seis em seis meses?

Haja "money" para os presentes

Ainda bem que não estamos podendo aglomerar.

Desculpa meio fajuta!

 

O pior ainda não falei

Pulei também outubro.

I NA CRE DI TÁ VEL!!!!!

KA  KA KA KA KAKA KA KA  

Acordei em novembro!

 

Pois é! O tempo,

Ele passa e agora mais rápido.

Adaptemo-nos, ajoelhemo-nos,

Aproveitemo-lo, agradeçamo-lo!

 

Kátia Bicalho

02/11/2021

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A Força do Feminino

A terra é mãe

Elas são mães

As constelações, filhas

De uma grande mãe.

 

Generosidade e cuidado

Qualidades delas, da terra, da mãe

Se doam em energia, força, amor

Esbanjam beleza sem par, ímpar, sem esforço.

Generosidade, cuidado, beleza, amor

Coração puro a pulsar

Corrente de luz, mundo de almas

Constante cantiga de ninar.

 

Elas , a terra, as constelações

O infinito a nos mostrar

O ilimitado a nos ensinar

O amor e a vida para nos alimentar.

 

Kátia Bicalho 11/04/2021 

Entregar

Passar para o outro, tirar das suas mãos

Deixar com quem é de direito,

Não se apegar.

 

Entregar é desnudar-se de si

É confiar, interagir com sutilidades.

É vendar os olhos.

 

Entregar é ir sem voltar

É bater campainha e correr

Soltar balão de gás e ver desaparecer.

 

Entregar é definir o sim e o não, juntos:

Céu sem constelação, terra sem sal

Sol sem raio, lua sem estrela.

 

Entregar, é distribuir gratuitamente

É olhar vasto mar azul sem ter vertigem

É pular corda sem tirar pé do chão.

 

Entregar é  não olhar-se no espelho

É seguir à risca a direção dada por Ele:

Render-se.

 

É discernimento

É explosão, é decisão

É sair da dúvida: luz ou escuridão?

 

Kátia Bicalho - 17/03/2021

Verso e Reverso

Olho esse chão, ás vezes limpo, outras não

Me vejo de baixo para cima

Começando pelo dedo do pé

Passando por toda minha intimidade.

 

Se o sol brilha, mais nitidamente me enxergo:

Minhas entranhas, como aranhas, com teias de aranhas

Que se prendem a cheiros

Medos e vertigens.

 

O retorno está ligado ao que se desligou

Se ligou nem notou,

Pois sem volta o caminho ficou,

Se ligou mal ligado o caminho foi descontinuado.

 

Sujo o chão, não tem trilha limpa

Por isso, varre, cospe, despe, derrete e chora.

Desmama, sexo quente, inventa

Faz do fim sumidouro de emoção,

Da porta aberta, saída, ou outra opção.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020

O cão e o galo

Um ao lado do outro;

Um protegendo o outro;

Um desconfiado do outro;

Um bicando a pata do outro, que, revida.

 

O galo com seu olho vivo,

Postura ereta,

Como estátua, fincado,

Ostentando suas penas arrojadas.

.

O cão brilhante,

Colorindo, com sua graça,

Mesmo em sonolenta vigília,

Todo ambiente se sentindo protetor.

 

Bica o galo, late o cão.

Late o cão, cacareja o galo.

Rosna o cão, esporeia o galo.

Que conversa sem pé nem cabeça!

 

Kátia Bicalho- 07/11/2020

Cor da Voz

Toda voz tem som e cor

O som se destaca

Pelo timbre, sonoridade

A cor só alguns conseguem ver.

 

Precisa de sutilidade

Amorosidade e cristalidade.

Minha voz parece marrom

É forte e fraca, falante e calada.

 

Ouço muito pouco a minha voz

A pressinto mais no pensamento,

Onde,na verdade, não  fala com ninguém,

Pois, falar pensando quem com quem?

 

Cantarolar, sussurrar, monologar, berrar

Cada som tem uma tonalidade

Voz de povo, voz de mães, de pais,

Voz de avós que queremos ser.


Kátia Bicalho - 08/08/21

domingo, 18 de julho de 2021

Poema Repugnante

 

Poema Repugnante - PQP

Kátia Bicalho

 

Quantos PQP falarei ainda em 2021?

Não contei quantos pronunciei em 2020

Porque pensei: parou aqui!

 

Qual o quê!

Venho repetindo mais e mais o PQP

Como um vinil furado,

Em rotação errada,

Ora 75rpm, ora 25rpm.

 

Tem sido traulitada

Em cima de paulada.

Tipo: mal acabou

Lá vem outra!

 

O raciocínio já se foi,

O entendimento nem vem,

Restam incertezas, dúvidas,

Tédio e muito medo também.

 

Praia que o lixo invadiu,

Porta que não se abriu,

Porto seguro que não surgiu,

Puta que pariu!

Ponte que ruiu,

Vacina que sumiu,

Velório que não se viu,

Do parente que partiu.

 

Vou por aí, fazendo trocadilho,

Quem sabe assim, um dia,

Ela pare de parir mais filho!

 

Precipício que se abriu,

Pedra que em mim caiu

Puta que pariu,

Poema repugnante que me invadiu.


Publicado na antologia 21 Poemas Para 2021, volume 2, Páginas Editora. 

Musgo

 Musgo

Lodo verde

Terra úmida

Ramo verde

Seiva que escorre.

 

Escorre, escorre e seca.

Seca a boca, seca a roupa

Seca a seiva, seca a torneira

Terreno árido se torna.

 

E não tem cura

Não tem volta

Não tem santo

Nem viola.

 

O seco quebra

O que quebra não cola

E se não cola

Joga fora!

 

Kátia Bicalho - 05/05/2021

Somente Hoje

Somente hoje entendi

Um pouco de você em mim

Ou melhor, o que você

Não queria pra mim.

 

Não era por ciúme

Nem inveja

Era por cuidado

Pois previa esse resultado.

 

Liberdade não vivida

Liberdade não permitida

Futuro vivido

Futuro desconhecido.

 

Ser livre é absurdo

Para quem não foi livre

Ser exemplo novo

Para quem seguiu outro tempo.

 

Independência, coragem

Dependência, coragem

Aprovação, coragem

Desaprovação, coragem.

 

Livre arbítrio

Caminho espinhoso

Livre escolha

Resultado duvidoso.

 

Assim caminhamos

Assim crescemos

Assim entendemos

Que nunca, de nós, nos livraremos

 

Kátia Bicalho - 05/05/2021. 

Segredo

Do segredo só importa o tempo

Porque depois, continua o segredo

Mas perde o sentido, com o passar do tempo

Perde a importância tão relevante em determinado momento.

 

Já diziam: segredo é para 4 paredes

E acho que é melhor derrubá-las.

Para que revelar algo que já passou?

Não fará diferença.

 

Mas, só que não

O tempo cobra

A energia não deslancha

O objetivo não se alcança.

 

Opaco véu do segredo

Que um dia alguém fura como o dedo

Escapa o ar lá dentro retido

Se transforma em gênio ou coração partido.

 

 

Kátia Bicalho - 05/05/2021

Símbolo

Simbólico símbolo lembra

Sonora melodia

Sem maestro ou maestrina

A música da vida sozinha se entoa.

 

Momentos ébrios e outros sóbrios

Momentos sólidos outros etéreos

Sob o símbolo augusto da paz

Vida segue sem rumo , voraz.

 

Repica o sino que também soa

Canção de fé ou de saudade eterna

Entre marés baixas e ondas calmas

Cálidos gemidos em proas.

 

Kátia Bicalho- 19/12/2020

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Símbolo

Simbólico símbolo lembra

Sonora melodia

Sem maestro ou maestrina

A música da vida entoa sozinha.

 

Momentos sóbrios e outros ébrios

Momentos sólidos outros etéreos

Sem o símbalo augusto distoa

Música clássica ou gente à toa.

 

Repica o sino que também soa

Canção de fé ou de saudade eterna

Entre salinas calmas

Cálidos gemidos em proas.

 

Kátia Bicalho- 19/12/2020


Meio café

Só tinha pro café

Meios pães na lata

Meios cafés no copo

Meias caixas de leite

Meios sanduíches preparados

Meio bule coado

Meio estômago saciado

Meia fome amenizada

Meio momento de conversa

Meias palavras dispersas

Meio lá, meio cá

Mas, meio com meio dá inteiro?

Então meio virou passado, inteiro ficção

Parte utopia, parte nova filosofia

Existe isso?

Meio que sim, meio que não.

 

Kátia Bicalho

24/02/2021

Sossego em Casa

Casa, casinha, casa minha!

Doce lar, salgado lar, meu lar!

Lar de móveis que imóveis

Deixam o tempo passar

Deixam as pessoas passarem

E nem pensam em barrar

Onde posso melhor estar?

Nem imagino.

Talvez no mar, mas nesse não posso sossegar,

Talvez no ar, mas nesse não posso descansar,

Talvez na água doce, mas nessa não posso me secar,

Talvez em outros planetas, outros sistemas do mundo

Mas nesses não posso com você encontrar.

Sabe, onde me encontro hoje, agora,

É o lugar melhor e mais adequado

Para todo tormento, sofrimento, contentamento

É meu lugar, pelo menos nesse momento!

 

Kátia Bicalho

24/02/2021

Sons agudos

 Com os dedos calejados

De tanto apertar as cordas

Sempre em busca da perfeição

De um som limpo totalmente despojado.

 

Cítara, guitarra, harpa, flauta, gaita

Instrumento sozinho não se destaca

Toda sonoridade só lhe é tirada

Se dedos e bocas, doloridos, aguentam o tranco.

 

Autoridade se dá, se cria, se manifesta

A nota musical quieta não vira orquestra

O  fio eletrizado, como uma ave, agudamente pia

E dali a vida se desprende e se inicia.

 

Santa música , santo som, santa vida

Uma dádiva essa capacidade

Inertes instrumentos de aço e madeira

Emocionam coração mesmo aquele que cria teia.

 

Kátia Bicalho = 19/12/2020

Les mensonges - avantages et incovénients.

Jái fait une interview avec plusieurs personnes à propos de mentir dans la relation.

En général le mensonge n´est pas vu avec de bonns yeux.

Certains pensent que petitis mensonges sont nécessaires. Par exemple: si une personne coupe les cheveux ce n´est pas bon, il vaut mieux dire que c´ est bien pour ne contradir pas l´autre.

Beaucoup de femmes mentent pour leur mari sur le prix des produits qu´elles achettent.

La plupar pensent que les mensonges sérieux ne sont pas acceptables. Les mensonges brisent la confiance, la fidelité, la complicité e que les relations que commence avec des mensonges ont peu chances de survivre.

Dans le livre La Voyeuse, Mélina a aimé François mais elle a préféré mieux le connaître, parce que la relation a commencé avec des mensonges.

La reponse plus interessant vient de mon neveu que a dire: Un ne peut pas vivre sans l´autre.

 

Kátia Bicalho - 04/12/2020

domingo, 2 de maio de 2021

Monstros da Mente

 Temos tantos monstros na mente,

Vivemos juntos sempre

Por que me atormentam agora

que não posso lutar?

Quando junto a outros não posso estar?

Esses  monstros horrendos, insanos,

Sempre tristonhos e solitários,

Se quisessem, poderiam ser lindos, leves, amados.

Às vezes consigo até enxergar neles bom coração,

Embora seja raro.

Sinto vontade de ajudar e dizer:

Soltem-se, joguem-se de joelhos no chão,

Deixem-se sujar de pó e chorem.

Monstros da mente são tão humanos,

Mente que o contrário diz.

Somos feitos da mesma matéria.

Só temos formas e objetivos diferentes.

Quem sabe experimentando o  amor

Transformem-se em anjos da mente?

Milagre! Sim, por que não?

O amor fez milagre, faz e sempre fará.

É no que vou acreditar,

É o que vou fazer nas trombetas soar,

Até a esses monstros o som do amor conseguir chegar,

 

Para realizar a transformação,

Dar a eles a forma que quisermos:

Anjos em ação, santos em oração,

Almas em oblação,

Sonhos de amor em realização,

Luz em toda sua dimensão.


Kátia Bicalho - 24/02/2021

 


Raio de Sol

O sol me encanta

Levanto-me antes dele

E, quando ele nasce,

Me encontra caminhando na rua.

 

Aí ele me acompanha

As vezes de frente

Outras, sorrateiramente

Por entre as frondosas árvores.

 

Me pego conversando com ele

Agradecendo sua luz e calor

Sua doação ao planeta

E por me proteger no meu caminhar.

 

O dia passa e não nos vemos muito mais

Sei que está lá pela claridade da janela

Pela temperatura do ambiente

Por sentir que tudo está quente.

 

Vai entardecendo e vejo que ele se vai

Não tenho essa paisagem da janela

Mas ele dá um jeitinho

De despedir-se de mim.

 

Pela janela vejo um brilho

Do sol refletido em prédios ao longe

Sorrio, aprecio, silencio

E assim nos despedimos, eu dele, ele de mim.

 

Fico ali por minutos

Em sintonia solar e,

Não demora muito

Tenho a lua para apreciar.

 

Kátia Bicalho - 11/04/2021

Estão indo embora

Eis que a pandemia nos pegou de surpresa

A máxima do momento é: por essa ninguém esperava!

Frase dita muitas vezes e com razão

Realmente foi de supetão.

 

Tanto avanço, tantas descobertas

Como poderia isso acontecer?

Pois veio, veio com força

Tivemos que acreditar sem ver.

 

E, estão indo embora amigos,

Conhecidos, parentes, muita gente

Os que estão ficando sabem

Que não ficarão para sempre.

 

Estão indo embora:

Pais, filhos, tios, primos

Quem fica está com um bolo no estômago

Um aperto no peito.

 

Estão indo embora: médicos, dentistas, professores, crianças, artistas.

Pessoas com quem convivemos tanto tempo

Nem despedir podemos.

Ficamos mas não entendemos.

 

 Culpam uns, culpam outros

Culpam presidente, brasileiros, chineses

Culpam o carnaval, o feriado, o povo

Sempre dedo em riste diante de algum rosto.

 

Mas chego à conclusão

Que nesse palco da vida

Somos atores cumprindo papel

Não somos o senhor do anel.

 

 

Kátia Bicalho - 11/04/2021 

Sagrado Coração

A Ele sempre clamo

Fazei meu coração semelhante ao Vosso!

Coração em paz, na dor

Coração transbordando amor, na dor.

 

Coração traspassado por espinhos

Atravessado por espadas

Sangrando na cruz

Sangue de vida e luz.

 

Coração Sagrado !

Coração de doação!

Coração de amor incondicional

Coração de exemplo sem igual!

 

Coração Sagrado!

Tira do meu coração essa dor

Tira o amargo de fel da minha boca

Tira esse aperto no peito sofredor!

 

Alivia-me nesse momento

Para que eu possa ser instrumento da vossa paz

Me ensina ser luz na escuridão

Ser abraço na solidão.

 

Kátia Bicalho - 11/04/2021

Tronco e Raiz

Colo cheiroso, tenro, novinho

Embala com amor, bem devagarinho

Outro colo lindo, cheiroso, tristinho

Ao som da música que toca baixinho.

 

A posição de feto que acabara de nascer,

A tez transparente feito pele de gia,

O rosto coberto pela lama medicinal,

Afagou meu coração afogado em aflição.

 

Mãe e filha, filha e mãe

Não! Filha irmã, mãe irmã.

Meu desejo foi ser Deus, blasfêmia!

Mas, para curar todo mal.

 

Mas como não sou  digna

nem de limpar Seus sapatos,

Sigo instrumento, feliz, infeliz

Totalmente inapropriada!

 

Querendo ser tronco e raiz!

 

Kátia Bicalho

24/02/2021

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Escusas

 Drusas!

Deusas!

Musas!

Me acusas?

De quê mesmo?

Quero escusas.

Muitas!

Como plantas que crescem avulsas!

 

Kátia Bicalho - 24/02/2021

Amanhecimento

Às vezes preciso anoitecer dentro de mim

Para valorizar o amanhecer que está por vir.

Natureza em mim,

Eu dia e noite!

Eu anoitecer e amanhecer!

Eu, discernimento,

Eu pertencimento!

 

Kátia Bicalho - 24/02/2021

Sentimento e Perfume

 Cheiros bons remetem à memórias intensas

Cheiros bons, com sentido, remetem ao encontro de si mesmo.

Então cheiro flores, óleos essenciais, arroz refogado

Pipoca, churrasco do vizinho ao lado, no sábado,

Cafezinho no meio da tarde, de preferência

Com um pão de queijo assado na hora.

Cada qual com seu cheirinho que é meu.

 

 

Kátia Bicalho - 24/02/2021

Sou de Peixes

Peixe que nada.

Peixe, que nada!

Peixe que, nada, deixa pra lá!

 

Acho que sou peixe e não de peixes:

Gosto de nadar,

De água, de sol, de rio, de mar

De rocha quente, areia fina

Por do sol e lua para apreciar.

 

Sou peixe, mas às vezes

Sinto vontade de voar

Então sou peixe-ave

Peixe sonhador!

 

Peixe que sonha e quer tudo

Menos no anzol se fisgar,

Pois, seja no sonho, na água, no ar

A liberdade é quem vai me comandar.

 

Kátia Bicalho

24/02/2021

 

Vida Seguinte

 Vem um, vai outro, vai mais

Corrente, acorrentados, desequilibrados.

Vida segue, e  o cadeado

Só se fecha quando o caso é encerrado.

 

Amargo gosto de tempo,

Pena da saudade do amor não vivido.

Paixão desmedida, desperdiçada,

Feridas cicatrizadas e menosprezadas.

 

Torturante band-aid que sai do calcanhar

Expondo a ferida crônica, curtida

Da caminhada torta, descompassada, atribulada

Onde se enxerga a chegada só depois de ultrapassada.

 

Corrente que se parte pelo caminho

Da liberdade há muito abandonada.

Procura chaveiro, ferreiro, mecânico

 Para agora a corrente ser novamente amarrada.

 

Liberdade perdida, retirante, esquecida

Nem se lembra do doce sabor da partida

Acostuma-se com o gosto do fel sintético

Argumenta que o paladar também está de saída.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020

sábado, 6 de março de 2021

Sintética nada estética

 Sintética é a roupa que veste

Simbólica a taça que de vinho reveste

Sorridente como a praça onde o povo converge

Irreverente a dama pela qual o mundo diverge.

 

Foge pela sala que se mostrou pela janela

De creme enche a pele que se desidrata

De sentimento nada, além de distância ingrata

De valor e alegria vide bula do remédio, que rasga.

 

Tira o sapato para adentrar a casa

Mas leva consigo a lama pelo caminho da sala

Suja a roupa, a cama , a rama, a prancha

Mesmo esfregando ácido não tira a mancha.

 

Prende e açoita o que deveria proteger

Grita no trombone o grito rouco que ecoa no mundo

Boca vermelha de gente que come

Palavras imundas da lama que consome.

 

Livramento, sem ter como contar, lamento

O cisne negro em pleno despojamento

Dispensa a arte que timbre profunda

E ao vento entrega o brilho e o ofuscamento.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020

Águas derramadas

 Que águas derrama sobre mim?

São lágrimas, prantos sentidos

São lágrimas , emoção profunda

Quero saber para poder a toda essa água corresponder.

 

Rajadas de vento forte, às vezes presentes,

Clarões, barulhos, trovões, coração a zabumbar,

Torrentes de doação: limpeza, lavagem,

Retorno do quanto recebo em devoção.

 

Seres amados presenciam tal compaixão

Seres virtuais teclam sem comoção

Seres racionais medem tamanha distância

Seres irracionais não dizem gratidão.

 

Tanta água, seja choro, seja riso

Da mesma forma limpam o chão

Enchem a terra mãe de leite e seiva

Enchem sois, luas e estrelas.

 

Água no chão bate forte com entonação

Parece canto de tribos em oração

Ouço o universo nessa canção

Alento pra vida e pro coração.

 

Kátia Bicalho = 19/12/2020

Raça e Força

Raça, força, luta

Arrebenta, ignora, recruta.

Despretensiosas intimidades,

Verdes amores antes irradiantes.

 

Quanto crescimento, conhecimento

Pra nada, pra construir o quê?

Ninguém quer apreciar o sabor

Só quer todo vinho tinto beber.

 

Minha canção, venha a mim

Me ensine novamente a te entender

Me dar o mesmo prazer, sem demora

Que não tenho tempo a perder.

 

Kátia Bicalho - 19/12/2020 

Velho tempo novo

 O tempo passou

Mesmo no isolamento

Não importou com o momento

Correu e, se foi.

 

Alguns não puderam ver

Outros em casa ficaram e viram

Muitos saíram pouco, mas também perceberam

Poucos, saíram muito e, com o tempo correram.

 

O tempo parou onde quis:

Para ver uma flor ou um riso de criança,

Viu gente dormindo, acordando

Sonhando, amando, desesperando.

 

Seguiu seu caminho, um pouco diferente

Entendeu que morremos mas, também vivemos

Que quando temos sede água bebemos

E quando temos fome algo comemos.

 

Entendeu que ele passando,

Parando, andando ou correndo

Aqui estamos hoje e  amanhã também

Basta o sol nascer, se por e abraçar a lua com seu calor.

 

Kátia Bicalho - 03/08/2020

Nós, o amor, os doces

 

Fui criada ao aroma de doces

Família grande, interior das gerais

Mãe se desdobrando entre gamelas, panelas e tachos

Açucar, frutas, fumaça e cheiros de amor.

 

Especialidade? Deu até água na boca!

Amor em pedaços! Babei!

Sem igual, amor doce em pedacinhos

Para alimentar a todos daquele ninho.

 

Também o doce Sônia. Sônia por que?

Porque minha irmã Sônia ao sentir o gosto e o aroma pergunta:

Qual o nome desse doce? A resposta veio na hora

Doce Sônia em homenagem a você.

 

Figo, laranja da terra, cidra, mamão em tiras,

Alguns recebiam uma costura para fazer o formato.

Visitantes não saiam desse lar

Sem ter provado todas as variedades num só prato.

 

Tento fazer hoje em dia, repetir tal façanha

Pro meu rebento ter lembranças adocicadas

Mas, vamos e convenhamos, nada sai parecido

Mas, será o meu cheiro quando ele for crescido.

 

Kátia Bicalho - 07/11/2020

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Que golpe horrível!

Surpresa, estupefação, assombro

Queixo caído, susto, incompreensão

O inusitado sempre chega

E cai certeiro em nossa cabeça.

 

Custamos a nos dar conta

Do tsunami que nos atingiu

Por vezes até negamos

E dizemos que foi um cisco que caiu.

 

Durante algum tempo, vem a descrença

De que estamos mesmo numa encrenca

Mas, como sempre, o tempo passa e,

Com sabedoria apaga a trapaça.

 

O golpe foi dado.

É, foi um golpe horrível!

Seja no presente ou no passado

Ficará, como cicatriz, registrado.

 

Não quero nem imaginar

Que isso comigo acontecerá

Logo eu, esse poço de alegria

Como posso ser a próxima alegoria?

 

No caminho para a forca

Ao vislumbrar a guilhotina

Todo o passado vem a tona

E te condena e te mostra sua sina.

 

Caminhar até a própria morte

Parece coisa de filme

Mas na vida real, sem corte,

Terá que ir, sem ter quem a estrada ilumine.

 

Kátia Bicalho - 24/10/2020

Nós, a vida, os vaga-lumes

Gente, com que saudade me lembro

Da minha primeira infância

Rodeada de vaga-lumes ao anoitecer.

 

Na cabeça infantil

Fazia do bichinho de luz, minha lanterna e

Saíamos pelo quintal, em busca de aventuras

Numa relação de cumplicidade.

 

O céu descia ao chão

Pois estrelas piscavam dentro e fora do porão

E o céu se estendia pela rua

Polvilhado de pontinhos luminosos.

 

Já não os vejo mais, meus companheiros da infância

Nessa época de luz de led.

Vejam essa história:

Outro dia apareceram na casa da minha sobrinha

Quando o fogo devorava as matas pelas bandas de lá.

 

Ela desesperada enviou mensagem:

Seres extraterrestres invadem minha casa!

Ao ver a foto quanta graça achei e que alegria senti

Ao reconhecer meus amigos de infância .

 

Dos tempos de criança pra cá

A vida seguiu seu fluxo, seu trajeto,

Ora com eles, ora com elas, ora com lumes

Às vezes vaga, mas com gostosas lembranças de vaga-lumes.

 

Kátia Bicalho - 07/11/2020

Chuva que Chove

Chuva que chove

Molha dentro de mim

Encharca minha alma

Que se transforma em rio sem fim.

Um rio que segredos encerra

Corre naturalmente

Sem pensar no trajeto

No obstáculo à sua frente.

 

Tudo que nele existe

Foi criado ontem e hoje também.

Nesse sinuoso caminho, onde não navegam peixes,

Os sentimentos rumam bem para lá do além.

 

 

 

Kátia Bicalho – 03/03/2020

Santos e Santas

Somos todos santos e santas

Quando praticamos o bem

Mesmo sendo pecadores

Ao bem Ele sempre diz amém!

 

Santa Maria do Carmo,

Santa Celina Maria, Maria Márcia

Santa Dalva Maria, Dona Maria

Santas todas, não só as Marias!

 

São João, Santa Lourdes, Santa Lúcia,

Santos e santas que curam

Com trabalho, palavras e muito afeto

Santas que cuidam de pais, filhos e netos.

 

Homens e mulheres de bem,

Continuem fazendo sempre o melhor

Que a vida traz de volta

O que se semeia na rota.

 

Kátia Bicalho – 07/11/2016

Em Torno do Amor

Em torno do amor

Há um mundo conhecido

E um outro amplo, vasto

Totalmente desconhecido.

 

Há o que se apresenta a olhos vistos

O mundo que o coração vê e sente

Felicidade, alegria, desejos, compromisso

Um mundo com muita ideologia presente.

 

Há barulho em profusão

Portas que se abrem, portas que se fecham

Entre abraços apertados e beijos estalados

Entre ranger de leito de amados.

 

Há vibração, canto, música no porão

Chão de estrelas, paixão

Gozo, choro,  gemidos

Sussurros, urros  e gritos.

 

Desse lado que se vê

Onde o real se apresenta

Não é nem a sombra que há por detrás das cortinas

Onde outro tipo de amor entra em cena.

 

Lá há ilusão e desilusão

Confiança e desconfiança

Aliança, descompromisso

Pode haver festa e também comício.

 

Lá está o sutil e o incontido

O tremor, o esmorecido

A gota e o conta-gotas

Tudo nos bastidores, espremido.

 

Nesse entorno muitas vezes

Felicidade rima com efemeridade

Vício com cílios postiços

A alma com o início do precipício.

 

Há objetos quebrados

Cristal espatifado e espalhado

Espelhos trincados e embaçados

Jornais não lidos, amassados.

 

O tempo existente

Fica entre o presente e o ausente

O passado surge embutido

Cobrando o que foi escondido.

 

O torno da modelagem

Engata mais uma produção

O molde entretanto

Tem outra conformação.

 

No em torno, entornado

O amor vai sendo transformado

No visível, sempre em frequencia elevada

Mas, debaixo do tapete o nível é conturbado.

 

O em torno, descontrolado

Se enche de dúvida e marasmo

E quando olha em volta

Se assusta com tanto objeto quebrado.

 

O olhar por mais que tente

Não consegue decifrar

O enigma à sua frente

E até pensa que cego está.

 

Tenta então o entorno ressignificar

Algum diagnóstico encontrar

Mas o mal fadado torno

Gira, gira e nada consegue moldar.

 

O entorno do amor muitas vezes

Nem o amor consegue explicar

Imagina então quem poderia

Esse mistério investigar!

 

Em torno do amor tem cilada

Tem terreno seco, tem areia molhada

Tem vulcão em erupção

Larva quente escorrendo pelo chão.

 

Tem areia branca de mar sereno

De água quente, com peixinhos coloridos

Tem baleia fazendo show aquático

Tem estrela do mar brincando com o sol.

 

Tem planeta, tem satélite, tem muita luz

Tem Júpiter, Saturno, Mercúrio e Vênus

Tem sol nascendo, lua se pondo

Tem terra firme,  monte de descobrimento.

 

Tem  o gozo e seus algozes

Tem o jogo, o campeão e o vice

O fruto e o caroço

O caos e a salvação.

 

Nos trezentos e sessenta graus em torno do amor

De tudo pode se achar

E quem ali se encontrar, se quiser

Pode escolher uma nova vida começar.

 

Kátia Bicalho- 05/10/2020